Que a felicidade depende de muitos fatores a gente sabe, mas o que poucos sabem é que a sensualidade pode ser um fator determinante. Tarciana Chuvas é Educadora Sexual, Consultora de Artes Sensuais, Striptóloga e Sex Coach e para ela a sexualidade tem grande participação na plenitude do ser humano e é um milagroso remédio para os obstáculos da vida. Seus estudos começaram há 17 anos, como uma meta pessoal. Entre viagens e pesquisas, o aprendizado se tornou ensino e hoje, ela viaja o mundo fazendo eventos que buscam inspirar a sensualidade das mulheres.
Na última terça-feira, Tarciana esteve em Passo Fundo para um de seus eventos. Exclusivo para mulheres, o evento visava instigar e inspirar mulheres que buscam inovar em suas vidas. E o caderno Mix esteve lá e conversou com a educadora sobre autoestima, consciência corporal, sexualidade, medos e possibilidades.
Mix - Em seus eventos, quais são os maiores problemas em relação a sexualidade que as mulheres apresentam?
Tarciana Chuvas - O maior de todos é não conhecer o próprio corpo ainda. Em 2014 a gente está vivendo uma época em que a mulher até quer mudar, está mais exigente, mais consciente, mas ela não sabe por onde começar. Como a gente não teve orientação sexual, a gente não foi ensinada a tocar o próprio corpo e a gente não tem como amar o que não conhece. Então elas sentem muita dificuldade com a libido, você não vai sentir vontade se não tocar, se não mexer, não experimentar e não colocar o corpo para funcionar. A maior dificuldade é a questão da consciência corporal, depois, é a autoestima em relação ao próprio corpo, porque a mídia massacra com a cultura PP. Você pode ser uma GG de Gostosa, Gostosa. A sexualidade está na cabeça, não importa o corpo que você tem, importa o que você faz com ele. A gente trabalha muito com a confiança, a segurança. O pai e a mãe da sensualidade são a autoestima e o amor próprio, sem isso não adianta treinar um strip-tease ou uma massagem, porque não vai ser bacana e se fizer forçado é uma violência. A gente ensina a mulher a explorar esse potencial, a plantar fome no corpo, ela procurar mais o parceiro.
Mix - Por que a sensualidade é tão importante?
TC - Porque a sexualidade é o caminho para a felicidade. Como a gente acorda depois de uma noite fantástica de amor e paixão? O dia inteiro fica diferente. Então, você pode colocar isso como uma rotina maior. Com ou sem parceiro, nosso corpo pode funcionar, porque sexualidade é diferente de sexo. Primeiro, eu coloco a sexualidade para funcionar, depois eu estou preparada para receber um parceiro. A gente não pode esperar que o parceiro faça tudo. E ainda tem muita mulher que faz isso. E o parceiro conhece mais corpo dele. Para poder ensinar a gente tem que aprender.
Mix – Para as mulheres que querem melhorar sua vida sexual, quais são os primeiros passos?
TC - Primeira coisa ela tem que ter um olhar gentil em cima do corpo dela. A mulher se diminui muito. Você quer melhorar? Melhora. Quer mudar? Muda, mas que ela mude por ela, não por causa das outras pessoas. Quando você muda pelo outro, vem uma expectativa muito grande e junto com a expectativa vem a frustração. Então a mulher mutila o corpo e a alma dela por conta de uma aprovação. Primeiro ela tem que gosta do que ela vê. Se não gosta, pode mudar, mas por ela, pela saúde. A autoestima do homem é invejável. Pode ser um gordinho, pançudo que ele vai estar se sentindo o máximo. Depois que a mulher começa a se amar, ela vai se cuidar de verdade, vai aumentar a vaidade, vai começar a experimentar coisas novas, vai fazer um strip-tease não só para o parceiro, mas pelo prazer de se exibir. É delicioso receber o olhar do parceiro. E isso só ganha quem faz com vontade, se não fica robótico. A gente tem que parar de ver as coisas porque viu na revista, porque um filme está pedindo. A gente pode ter uma vida sexual fantástica pela nossa fome.
Mix- A procura das mulheres mais velhas por mudanças e novidades aumentou?
TC - Muito. Até uns 10 anos atrás o número de mulheres mais velhas procurando cursos como esse não chegava a 20% e hoje, tá quase em 60%. Até porque com a idade vem a maturidade, vem a segurança, você já não está mais preocupada com o julgamento alheio. Ela curte muito melhor a sexualidade dela.
Mix - As novas gerações estão sendo bem educadas sexualmente?
TC - Ainda não é o ideal, porque as meninas estão tendo essa informação depois de já crescidas e isso tem que acontecer desde pequenas. A relação da pessoa com a sexualidade começa no berço. A criança começa a tocar o próprio corpo e precisa saber que aquilo é natural. As pessoas não estão preparadas para lidar com sexualidade. Está melhorando? Sim, porque todo dia a gente está fazendo eventos e vê a aceitação, mas está bem longe ainda.
Mix – Quais são as dicas para a mulher que quer apimentar a relação com um strip-tease, por exemplo?
TC - Sobre o strip-tease se a mulher não fizer com o olhar generoso não adianta fazer. Se ela não fizer também com um pouquinho de humor, ela vai ficar tão tensa que não vai dar certo. Porque ela fica preocupada. Ele vai rir? É lógico! Então tem que estar preparada para isso, para rir antes dele. A mulher fica com medo do julgamento alheio, mas ela tem que se conhecer. Quando ela se conhece, se ama, passa uma segurança tão grande que fica magnética. E a mulher não pode esperar o amor dos outros, sem ter amor próprio. Tem muita mulher que diz que precisa de um amor para ser feliz. Isso é a contramão. O amor só acontece depois que você resolveu bem a sua vida. Primeiro você tem que ser feliz sozinha, depois as pessoas lhe enxergam. Tudo na nossa vida acontece quando estamos bem. Isso é fundamental para ter uma vida a dois com qualidade, porque senão você vai sufocar o outro, você não dá espaço.
Mix- Qual é o papel do homem nessa descoberta da mulher?
TC - O homem tem que acompanhar. Infelizmente, ainda têm casamentos em que o homem tem muita resistência às novidades. Tem que ter conversa. Os casais não têm comunicação sexual, conversam sobre tudo, contam problema, tudo, mas sobre o que os dois querem na cama eles não conversam. Isso não pode acontecer. Eu já trabalhei com casais em que os dois queriam a mesma coisa, mas eles não falavam um para o outro. A gente não tem que adivinhar o que o outro quer. Essa comunicação é fundamental. E ver até onde você está confortável na prática porque as fantasias são fantásticas, quando os dois querem.
Mix – E os acessórios, são bem-vindos?
TC - Sempre. Em comum acordo. A indústria erótica funciona assim: quase 90% dos acessórios são para aumentar o prazer da mulher porque o do homem já está garantido. Agora, a mulher ainda tem muito medo de falar sobre isso. Tem muita coisa desnecessária? Sim. Tem muita coisa que não cabe, não precisa. Mas eu acho válido sim, eu acho que tem que experimentar. Se não gostar, não repete. Mas você dizer que não gosta do que não conhece é meio estranho. A mulher tem que se permitir. Primeiro sozinha, depois que ela estiver bem, ela compartilha com o parceiro. Ela vai ficar mais confiante.