Nos últimos tempos, a tecnologia modificou muitas coisas no nosso dia-a-dia. Trouxe-nos mais praticidade em casa, por exemplo, intensificou a forma como nos comunicamos uns com os outros. Mas um movimento recente, e que vem ganhando força, são as mudanças na forma como fazemos compras. De um movimento mecânico em que o consumidor entra na loja, escolhe o que quer e compra, para a interatividade, em que consumidor e comprador estabelecem uma relação muito mais próxima.
Um dos exemplos dessa interação acontece fora da internet, mas ganha um empurrãozinho do meio. A Renata e o Antônio Fraporti moravam em Novo Hamburgo e de lá, há três anos, trouxeram um conceito novo de compra e venda, a Bazaria. O nome pode parecer estranho, mas a explicação é bem simples: um bazar itinerante. A terceira edição há cerca de 15 dias e a divulgação é feita principalmente pela internet. Segundo Renata, tudo começou como uma experimentação, para saber o que as pessoas iam achar. O resultado foi a aprovação da mulherada. A segunda edição ganhou a parceria da amiga Jucelena Trindade e foi um grande sucesso.
De acordo com Renata, uma Bazaria, normalmente, é uma junção de dois ou três representantes comerciais, lojistas, fabricantes, cada um expondo alguma coisa. Todas as mercadorias têm nota fiscal, tudo acontece como se fosse em uma loja normal. A diferença é que na Bazaria tudo é em maior quantidade. “Eu levo para lá em torno de 80 bolsas, na loja, a mulher vai encontrar seis, dez opções de bolsa. Ela se diferencia da loja por isso, a quantidade e o desconto. Tem peças que chegam até 50% de desconto”, explica Renata.
Para Antônio, o grande diferencial de um projeto como a Bazaria é a interação social que acontece. “Na loja só há o vendedor e o comprador. Na Bazaria existe esse fator importante, tem quem vende e quem compra, mas o que mais acontece é um reunião de pessoas, esse é o objetivo maior, tornar o ambiente social, onde as pessoas se conhecem, onde têm mais liberdade. Em que ela não vai somente com o objetivo de comprar, vai para encontrar as amigas”, comenta. Para o casal, a aceitação foi muito boa. Tanto que dos dois projetos que eles têm, o que mais está ganhando atenção é a Bazaria. “É um retorno mais rápido, você vê o contentamento da cliente na hora, ela experimenta, normalmente é no fim de semana, um horário em que elas não trabalham, então tem mais disponibilidade,” lembra Antônio.
Os dois acreditam que a Bazaria não é uma forma de concorrer com o comércio normal, de rua. Para eles, trata-se apenas de uma ideia diferente. “A Bazaria é um meio de você trazer algo diferente, é algo inovador para chegar ao consumidor final. A rede social ajuda muito. É uma ferramenta gratuita em que você consegue fazer a sua propaganda, conhece muita gente. Todo mundo adora, até porque é uma coisa diferente.”, explica Renata.
Uma marca na internet
Enquanto a Renata e o Antônio ainda apostam em algo físico, a Bruna Michel, dona da marca de roupas Maria Benta, foi mais além. Apostou na internet não só como um meio de divulgar seu trabalho, mas também de aproveitar o embalo e vender. O primeiro passo foi criar um grupo para que as pessoas conhecessem a marca. Segundo a Bruna, foi a necessidade de divulgar a Maria Benta que a levou ao Facebook que é uma ferramenta de baixo custo e com bastante visibilidade.
Com o tempo, o grupo virou uma página patrocinada e as curtidas só aumentaram. Para a dona, o segredo é manter a página atualizada com lançamentos, novidades, tendências, dicas de como usar as peças. “Isso traz bastantes clientes até a loja procurando justamente as peças que viram no Face. O segredo é sempre alimentar a página não deixar sem novidades, mas nunca em excesso para não saturar a marca”, ensina.
Bruna, que também a designer de moda da marca, acredita que investir em novas formas de chegar até o cliente é muito importante. “A loja online, por exemplo, é um meio de venda que tem crescido muito no Brasil, muitas marcas estão aderindo a esse método, eu diria que é uma tendência para o futuro, é bom sempre olhar à frente”, comenta. Além disso, ela acredita que o site reflete muito na loja física, já que muitos clientes olham as novidades no site e já chegam na loja sabendo o que querem, facilitando a venda.
Apesar de todo o investimento, Bruna ainda acredita que é difícil inovar nessas novas formas de consumo. Para ela, as pessoas compram facilmente CDs, livros e eletrônicos pela internet, mas comprar roupas ainda exige um pouco mais de confiança, principalmente pela necessidade de provar, olhar, tocas. “Acredito que com o tempo isso vai mudar, as pessoas têm cada vez menos tempo de sair às lojas e assim procuram a internet para ir às compras, isso já acontece nas grandes cidades, e aos poucos vai chegar aqui também”, conclui.