Quando falamos em desfiles de moda é normal pensarmos logos em grandes produções, semanas de moda, modelos e estilistas famosos, mas uma produção bem mais simples, mas com o mesmo esforço e qualidade, acontece aqui, em Passo Fundo. Todo ano, os alunos formandos do curso de Design de Moda da Universidade de Passo Fundo, são desafiados a, no trabalho de conclusão de curso, criar uma coleção própria e desenvolvê-la. Tudo isso termina, claro, na passarela. A oitava edição do UPFFashion aconteceu na última semana, no Centro de Convivência da UPF, e apresentou mais de 70 look criados pelos acadêmicos. Coordenados pela professora Vânia Bergonsi, os alunos desenvolveram coleções baseados no tema Novos Rumos. “Este tema abordou os novos rumos tecnológicos, novos rumos em tecidos, novos rumos que a moda está tomando, que novos direcionamentos a gente pode ter em formas, em cores, enfim”, comenta Vânia.
Para a professora, nesse projeto cada aluno desenvolve várias habilidades de disciplinas de forma que se se torne um projeto completo: “Cada aluno, através desse tema buscou um subtema e elaborou uma coleção e, dessa coleção, foram escolhidos cinco looks que eles confeccionaram e passaram por uma banca de avaliação e pelo desfile. Para ele é um projeto completo, em que ele produz, vai atrás de tecido, vê modelagens, passa por todas as etapas” explica. Além disso, a professora acredita que o desfile é uma ótima forma de mostrar o trabalho dos alunos para o mercado. “Nós fazemos convites para todos os empreendedores da região para que vejam esse trabalho. Já houve, inclusive, oportunidades de prêmios para alguns alunos e assim eles também podem ver o potencial dos nossos alunos”, comemora.
A coleção de Rafae Vogel, um dos alunos que participou do desfile, teve o tema “O Simbolismo da renovação através da figura do pavão”, que, segundo ele, se baseia na troca anual da plumagem do pavão, um fenômeno que ocorre pela necessidade de se manterem sempre com uma plumagem impecável para atrair as fêmeas, originando a teoria “The peacocking effect”, que defende que pessoas que se cuidam e se arrumam mais tendem a ter mais sucesso na vida amorosa. “Por isso o nome da coleção se chama “Le changement” que significa “a mudança” em francês e define muito bem o público alvo deste projeto, que são mulheres preocupadas com a aparência e gostam de peças do vestuário que as diferenciem das demais”, explica. Falando até parece fácil, mas o estudante garante que foram apenas quatro meses entre o desenvolvimento de um artigo de pré-projeto, pesquisa e desenvolvimento de projeto, confecção, apresentação do TCC em banca e entrega de dossiê final. “Foi bastante corrido e o investimento foi alto, porém ouvir os comentários positivos e receber a merecida nota dez no final do semestre é muito gratificante. Além de o projeto ter me impulsionado a criar a marca e desenvolver a primeira coleção sob os olhos de minhas queridas mestras”, comenta. Para ele, o desfile marca o final do curso e acaba sendo um evento muito importante que dá, além da gratificação, visibilidade no mercado. Prova disso é que todas as peças desenvolvidas por ele foram etiquetadas com a marca Rafael Vogel e estarão disponíveis em uma boutique de luxo em Balneário Camboriú.
Uma prévia do que está por vir
Nesse ano, além dos formandos, os alunos de um semestre anterior também tiveram a oportunidade de criar e desfilar seus trabalhos. A professora Vânia explica que, ao contrário dos formandos que desenvolvem uma coleção para si, os alunos do nível III desenvolvem uma coleção para uma marca brasileira, dessa forma, eles analisam a marca, as coleções passadas, o público e fazem uma coleção. No caso deles, apenas um look foi desfilado com o tema “Que país é esse?”.
O estudante Rubens Baseggio desenvolveu sua coleção para a marca Alexandre Herchcovitch a partir da temática “Opressão às Minorias”. Segundo ele, sua intenção foi alertar como os direitos de quem está em minoria estão sendo esquecidos e se tornando imparciais. “Minha crítica nesse projeto é a forma como estes sofrem na sociedade, por serem “invisíveis” de certa forma. Eu busquei expressar nos looks a imagem de alguém que mesmo em desvantagem, luta para que sua voz tenha um reconhecimento maior”, explica. Para Rubens, foi bem trabalhoso desenvolver a coleção, já que foram apenas três meses de trabalho, mas no fim, tornou-se uma boa experiência. “A intenção do projeto era nos proporcionar a experiência de ser o diretor criativo de uma determinada marca brasileira, o que foi bem bacana no aprendizado. Em minha opinião o desfile é muito importante, porque além da produção fotográfica, possibilita uma maior visibilidade ao aluno”, conclui.