Insulina inalada e a pesquisa clínica

Por Hugo R. Lisboa

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Foi aprovado no dia 27 de junho de 2014 pela agência reguladora americana, o Food and Drug Administration, FDA, uma nova insulina que foi projetada para ser inalada chamada comercialmente “Afrezza”.

As insulinas sofreram um longo processo de desenvolvimento desde seu uso pelos DrsBanting e Best, no Canadá em 1923. Naquela época este hormônio, fundamental no tratamento de pacientes com diabetes, era retirado de pâncreas de terneiros e , com seringas de vidro e agulhas longas, era injetado embaixo da pele.

Desde então, houve um enorme avanço na produção das insulinas que, neste momento, estão disponíveis como insulina humana, produzida por engenharia genética, e vários análogos que são modificações na molécula de insulina fazendo que ela aja ou mais rápida ou mais lentamente. Podem ser injetadas com seringas descartáveis e com agulhas minúsculas de até 4 milímetros que tornam a sua administração mais confortável.

Há 15 dias publicou-se um estudo usando uma bomba de infusão de insulina que ficava em contato com um sensor dos níveis de glicose no sangue e com um programa num iPhone. Desta maneira o paciente ficava até 5 dias sem precisar injetar insulina ou fazer testes para verificar a glicose na “ponta de dedo”. A infusão de insulina era quase independente precisando o paciente apenas apertar em três teclas informando o volume da refeição que faria.
A chegada da Afrezza veio acrescentar ainda mais novidade para o tratamento da diabetes. Nesta tecnologia, micro esferas feitas com uma matriz e moléculas de insulina aderidas por cargas elétricas, são aspiradas e se distribuem pelos alvéolos pulmonares, que tem uma superfície do tamanho de uma quadra de tênis. Ali elas são rapidamente absorvidas produzindo um rápido pico da insulina no sangue que deve coincidir com a elevação da glicose após uma refeição. Não podem usar pessoas com asma, enfisema, fumantes e ex fumantes recentes.

Toda esta evolução se deve a pesquisa clínica de novos medicamentos. Toda a nova droga deve ser usada em estudos que provem sua eficácia quando comparada com um placebo ou uma droga reconhecida no tratamento daquela doença em estudo.

Há alguns anos o Departamento de Pesquisa Clínica do Hospital São Vicente vem participando destes estudos internacionais para estudo de novas medicações. Junto com a coordenadora farmacêutica Keyla Deucher e uma equipe multidisciplinar, que se encontra em permanente crescimento, medicações aqui testadas já se encontram no mercado, proporcionando novos armamentos terapêuticos para o tratamento de várias doenças incluindo a diabetes. Pacientes que queiram participar desatas pesquisas podem entrar em contato pelo telefone(054) 2103-4064.

A Unidade de Pesquisa Clínica do HSVP participa hoje de 40 estudos clínicos, sendo todos aprovados por comitês de ética, nacionais e locais, em pesquisa em seres humanos e os paciente são muito bem protegidos quando participam destes estudos. Geralmente os participantes pedem para entrar em outros projetos quando a sua participação é finalizada, pois se sentem muito bem amparados por uma equipe multidisciplinar e por consultas e exames frequentes.

Desta forma, temos observado um desenvolvimento de drogas novas que tem proporcionado um aumento da expectativa e uma boa qualidade de vida. Paralelamente a cidade tem participado desta evolução através do seu envolvimento com a pesquisa clínica internacional.

Hugo R. Lisboa é Professor da Faculdade de Medicina da UPF e Coordenador Científico do Hospital São Vicente de Paulo

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