Além de aumentar os riscos de câncer e de doenças crônicas, a obesidade pode prejudicar a fertilidade feminina. Por esse motivo, muitas mulheres têm recorrido à cirurgia bariátrica para serem mães.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Almino Ramos, em geral a obesidade provoca alterações hormonais e prejudica o desenvolvimento dos óvulos, o que pode gerar infertilidade ou dificuldade de engravidar. “Com a cirurgia, a perda de peso corrige essas irregularidades hormonais, aumentando as chances de gravidez”, disse ele.
Mas depois da cirurgia bariátrica é necessário que a mulher espere um perído de no mínimo um ano antes de engravidar, já que antes disso o organismo ainda está em fase de adaptação à nova rotina nutricional da pessoa. “O ideal seria que, antes da gravidez, fossem feitos todos os exames e avaliações, com liberação tanto do serviço de cirurgia bariátrica quanto do obstetra ou ginecologista”, aconselhou Ramos.
O excesso de peso na gravidez pode ocasionar diabetes gestacional, eclâmpsia, parto prematuro ou até mesmo aborto espontâneo. Além disso, engravidar com excesso de peso pode gerar os mesmos problemas para a criança, e ainda pode causar malformação fetal.
Segundo dados do Ministério da Saúde, pouco mais de 18% das brasileiras maiores de 18 anos são obesas, ou seja, tem o Índice de Massa Corpórea maior que 30.
Ramos ressalta que o objetivo principal da cirurgia bariátrica não é a perda de peso, e sim a melhora da saúde como um todo, com o controle de doenças como hipertensão, diabetes, colesterol e triglicérides altos, problemas ortopédicos e apneia do sono, entre outros.
“A cirurgia também melhora as condições para a gestação, mas não é uma solução mágica. As mulheres precisam se informar, falar com seu obstetra e estar cientes de que deverão seguir as recomendações médicas para que os benefícios da operação sejam reais. É necessário acompanhamento médico contínuo e uma mudança no estilo de vida, com dieta balanceada e uso de suplementos”, explicou.
Caso, depois da cirurgia, a mulher engravide antes do período recomendado, ele salientou que além de todos os exames de rotina de uma gestante, ela ainda deve ter acompanhamento nutricional durante a gestação e fazer exames de avaliação para checar se existe carência de algum nutriente, o que consequentemente prejudicaria a gestação.
”Por isso, é preciso redobrar os cuidados nas relações sexuais. Após a cirurgia, a mulher deve procurar uma avaliação ginecológica adequada para definir qual método anticoncepcional seria mais indicado. O parceiro deve sempre usar preservativo, que serve de segurança extra até que novas medidas anticoncepcionais sejam definidas”, aconselhou Ramos.