Pesquisadores das universidades de Heidelberg e de Tubingen, na Alemanha, publicaram recentemente, na revista científica Nature, um trabalho bastante promissor na busca por um imunizante – vacina capaz de retardar o crescimento do câncer cerebral.
O artigo foca na atuação da proteína IDH1, expressa em uma grande fração dos gliomas, especialmente nos astrocitomas — as neoplasias cerebrais primárias mais comuns — em grau II e III. Em ambos os quadros, existe uma mutação genética muito frequente (IDH1-R132H), percebida em mais de 60% dos gliomas que expressam a proteína estudada pelos alemães. Dessa forma, foi possível construir uma resposta imune específica contra a proteína mutante para desacelerar o crescimento do tumor.
A pesquisa foi realizada em camundongos portadores da mutação IDH1-R132H e vacinados pela equipe liderada por Michael Platten produziram anticorpos que atacaram as proteínas expressas pelas células mutantes. No trabalho da Alemanha, o conceito de vacina é aplicado quase à risca. Assim como no caso de uma infecção viral parte do vírus é injetada no organismo para aprimorar a resposta imune, foi criada uma vacina com base em um marcador do tumor que é inoculada no organismo do paciente para produzir anticorpos. “Nossa estratégia é diferente, estamos desenvolvendo uma vacina contra várias partes diferentes do tumor e que ative as células de defesa contra ele por inteiro, não só uma proteína específica”, diferencia Lepski.
As vacinas de Lepski precisam ser individualizadas. Ele explica que a imunoterapia é a ideia de fazer o paciente com um tumor ativar o sistema de defesa de forma personalizada. Para cada doente, é preciso coletar amostras do cancro, das células sanguíneas e do sistema de defesa.