"O Brasil está envelhecendo em um ritmo muito acelerado"

Afirmação é de Fausto Amaro, professor da Universidade de Lisboa na abertura do III Congresso Internacional de Estudos do Envelhecimento Humano da UPF

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Projeções demográficas apontam para um crescimento elevado do contingente de idosos e manter a mente e corpo ativos é o desafio dos homens, que ainda, precisam pesquisar mais sobre como envelhecer com qualidade de vida. É nesta perspectiva que o Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano da Universidade de Passo Fundo (UPF), promoveu o III Congresso Internacional de Estudos do Envelhecimento Humano. Realizado pela quinta vez pela Instituição – dois deles nacionais e três internacionais – o congresso objetiva estimular discussões sobre os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e políticos sobre o envelhecimento humano, pressupondo os desafios que este processo coloca na agenda das políticas públicas brasileiras e ainda uma posição permanente e autocrítica sobre a inserção multidisciplinar.

A conferência de abertura aconteceu na noite de quarta-feira, 27 de agosto, com a palestra “Envelhecer no Mundo Contemporâneo: Oportunidades e incertezas”, que foi proferida pelo Dr. Fausto José Robalo Amaro da Universidade de Lisboa, de Portugal. Conforme Amaro há grandes desafios ao envelhecimento na contemporaneidade, entre eles, garantir qualidade de vida através da perspectiva da saúde e do envelhecimento ativo, resolver o problema das aposentadorias e pensões de modo a garantir que as pessoas, que já não podem trabalhar tenham nível de vida digno, investir mais em pesquisa e, dentre todos, o maior desafio relaciona-se com a mudança de mentalidade e atitudes relativos ao envelhecimento. “Hoje ainda continuamos a ver o envelhecimento como a parte final da vida. Temos que ter a noção de que o paradigma do passado tem que ser substituído por um novo paradigma que consiste em termos uma juventude que aprenda, uma idade adulta que coloque em prática os conhecimentos adquiridos e uma educação a longo da vida para que esse processo não se interrompa e possamos ter um bom final de vida”, avalia.

Confira a entrevista com o Dr. Fausto José Robalo Amaro, concedida à assessoria de imprensa da Universidade de Passo Fundo

Pergunta - A população mundial está cada vez mais envelhecida. Estamos preparados para lidar com essa realidade?
Fausto José Robalo Amaro – É verdade que o Brasil está envelhecendo em um ritmo muito acelerado, mas muitas pessoas ainda não se deram conta de que isso está acontecendo. É preciso tomar consciência e anteciparmos o futuro. A região mais envelhecida do mundo, neste momento, é o Japão e a Europa, sendo que dos países europeus, Portugal é um país muito envelhecido, temos índices de envelhecimento superiores à média europeia, temos 19% da população com mais de 65 anos, atualmente, e as projeções demográficas apontam para 32% no ano de 2050. O Ano de 2050 é amanhã, estamos quase lá. Qual o interesse de sabermos o que se passa nessas regiões envelhecidas? Por exemplo, o Brasil é um país jovem ainda, mas está envelhecendo rapidamente, sobretudo no Rio Grande do Sul, a região que tem o maior índice de envelhecimento do país. Temos que avaliar os problemas que estamos tendo na Europa e em outras zonas, para tentar antecipar esses mesmos problemas nas regiões onde ainda há juventude. Existe uma relação entre envelhecimento e urbanização: os países, à medida que se tornam mais urbanizados, vão mudando sua mentalidade e isso conduz a menos crianças; como a Medicina vai desenvolvendo e as condições de vida são melhores, há mais velhos. O Brasil já tem 87% da população vivendo em áreas urbanas, Portugal tem quase toda a população em áreas urbanas e, portanto, este é outro indicador que temos que ter consciência.

Pergunta - O que é o envelhecimento ativo?
Fausto José Robalo Amaro – O envelhecimento ativo é, para mim, a suposta ou uma das soluções ao envelhecimento. Portugal tem a população semelhante a do Rio Grande do Sul e já temos mais de duas mil pessoas que ultrapassaram os 100 anos e esse número tende a aumentar. Me pergunto: vale a pena viver tantos anos, se não os vivermos bem? Acredito que não vale. Não queria viver muitos anos mal, quero viver muitos anos bem e para isso, tenho que ter em primeiro lugar saúde e saúde também se consegue com envelhecimento ativo. Ele exige atividade física e intelectual.

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