Geralmente, o maior problema de quem trabalha fora de casa o dia todo chega na hora do almoço. O tempo é curto, as vezes o dinheiro também, e comer fora todo o dia pode ser um problema, afinal, nem sempre as opções são tão saudáveis. Fazer a própria comida e levar a famosa marmita parece uma opção melhor, mas o tempo, muitas vezes, é inimigo. Foi nessa onda de praticidade, simplicidade e, principalmente, alimentação saudável, que duas empresas surgiram em Passo Fundo nos últimos meses: a Gourmeteria e a Happy Fit. Com vários pontos em comum, elas têm suprido a falta de opção e deixado muito gente bem satisfeita, preparando refeições caseiras, que são entregues onde o cliente estiver e com a maior qualidade.
Chimarrão, pipoca e ideias
Foi numa tarde comum de domingo na praça, regada a chimarrão e pipocas, que as primas Márcia Arend Mendes e Zenaide Arend, resolveram investir em algum negócio que pudesse unir prazer e algum rendimento. Depois de muita conversa e várias ideias, as duas encontraram um ponto em comum: o gosto por cozinhar e atual tentativa de investir em uma alimentação mais saudável, sem sódio, sem fritura e gordura. Foi aí que, em março, nasceu a Gourmeteria. O primeiro passo foi buscar as informações necessárias para montar a empresa, pesquisar o mercado e buscar opções de embalagens que estivessem de acordo com o que elas queriam.
De acordo com Marcia, a primeira decisão foi que as duas, como já sabiam cozinhar, iriam preparar as refeições. Veio então a dúvida: como balancear o cardápio? Buscaram ajuda, então, da nutricionista Marina Pereira da Silva, que todo mês monta os cardápios – diferentes todos os dias - e manda para as sócias aprovarem. “A gente aprova, faz os ajustes, a gente já percebe o que as pessoas querem ou não. Por exemplo: uma vez por semana a gente queria fazer peixe, mas não teve aceitação. No dia que tem peixe, a procura cai bastante. Então desde a semana passada a gente tirou o peixe e está fazendo outra coisa. As opções vegetarianas estão tendo bastante saída. As pessoas estão gostando bastante”, comenta Marcia.
Zenaide comenta que os elogios estão indo, principalmente, para o tempero que preza pelo pouco sal e evita o uso de caldos e extratos prontos. “A nossa proposta era uma comida caseira, que trouxesse de volta essa coisa saborosa e saudável. Nossos pais tiveram restaurante, nossos avós tiveram restaurante, então já vem de família isso. Nós nos afastamos por um período, mas agora voltamos”explica. Elas mesmas compram os produtos, fazem feira e pesquisam os melhores preços. “ Até a gente se diverte fazendo, porque nunca a gente faz a mesma comida, todo dia é uma coisa diferente”, lembra Zenaide. Marcia concorda: “É um aprendizado, porque nem tudo a gente conhece, nós estamos aprendendo, a gente se diverte fazendo o que gosta. As coisas retornam”.
O reflexo disso é que a procura vem crescendo a cada dia. O que começou com cerca de cinco refeições diárias, hoje já chega a uma média entre 15 e 20, em apenas dois meses. E a ideia das primas é que não passe muito disso: “Temos planos de abrir uma loja, porque a minha cozinha já está ficando pequena. A gente quer abrir um bistrô para atender poucas pessoas, se a gente fizer em grande quantidade vai virar uma coisa industrial e perde o sabor caseiro, não queremos muita demanda”, lembra Marcia, Para Zenaide, é mais viável e mais saudável e a meta é no máximo 50 almoços diários.
De veterinária a cozinheira
Assim como Marcia e Zenaide, foi uma mudança na alimentação que trouxe à Tanise Cassiano o gosto pelas panelas. “No ano passado eu precisei emagrecer, fiz acompanhamento com uma nutricionista em Santo Ângelo, onde eu morava e aí eu me forcei a cozinhar, porque aqui em Passo Fundo não tinha opção. Eu fazia faculdade de Medicina Veterinária e as aulas são em período integral, eu ia de manhã e voltava só de noite. Morávamos eu e meu irmão, aí nós dois começamos: nós preparávamos a comida de manhã, eu ia para a Universidade com a marmita. Aí eu postava fotos nas redes sociais e o pessoal achava bacana e pedia pra eu fazer pra vender, mas nunca surgiu a ideia”. A ideia só veio mesmo quando o noivo, Tiago Possebon, resolveu se mudar para Passo Fundo e os dois viram na necessidade de opções saudáveis, uma oportunidade.
A Happy Fit também é uma empresa familiar. Tanise e o noivo cozinham e preparam tudo. “No início eu comecei trabalhando sozinha, sem o auxílio de uma nutricionista, porque eu estudei bastante, fiz vários cursos, meu noivo está fazendo curso de chef de cozinha também. Então a gente está investindo mesmo. Eu montava os pratos, tentava seguir o padrão nutricional, agora, eu tenho uma nutricionista que dá essa consultoria para nós. Toda semana a gente monta um cardápio”, explica.
Deu tão certo que, para desespero do pai, Tanise largou o curso de Medicina Veterinária no oitava semestre para se dedicar as panelas. O resultado é uma média de 35 a 40 pratos entregues todos os dias, em menos de quatro meses de empresa. Para a jovem, o fato de as pessoas estarem mais preocupadas com a saúde e até mesmo com a beleza, fez com o negócio desse certo. “E acho que todo mundo quer ficar bonito, quer se cuidar, aí eu acho que está todo mundo quer ter saúde. Está cheio de academia por aí, porque não encher de empresas de alimentação saudável?”brinca. E para não cair na rotina, ela está sempre em busca de algo novo, para a próxima semana, já pretende entrar com uma linha de saladas e outras que devem vir com o tempo. “A gente tenta chamar o cliente, tanto que cada dia estamos lançando alguma coisa. Eu lancei a linha de sobremesas, até não invisto muito no congelado porque ele perde um pouco das propriedades, mas tenho algumas coisas”, lembra.
Tanto para Tanise, quanto para Marcia e Zenaide, as redes sociais têm contribuído muito.”As redes sociais são fundamentais, a gente aceita pedidos por mensagem, eu acho que dá mais flexibilidade”, comenta Tanise. Para Marcia, o boca a boca também é fundamental nesse caso, já que muitos clientes acabam indicando para amigos, conhecidos ou familiares.
O que importa para todas é que cada vez mais a procura por uma alimentação mais saudável, simples e prática não para de crescer e quem melhor resumiu o trabalho de Tanise, Tiago, Zenaide e Marcia, é a Sofia, filha da Marcia, que ajuda a mãe e a tia: “Não fazemos só pelo dinheiro, mas pelo amor às panelas e pela tradição de cozinhar”.