A fase vata da vida

Por Maria Elisabete Vieira

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A chamada "terceira idade" em nossa cultura é denominada no Ayurveda de "fase vata da vida". As "fases" da vida são em número de três (3) no Ayurveda. A primeira fase, chamada de fase kapha, tem início com o nascimento do bebê e vai, nas meninas, até a primeira menstruação (nos meninos até os 21 anos aproximadamente). Esta é uma fase em que ganhamos “estrutura física”. A fase seguinte é chamada de pitta, é um período da vida em que temos muita disposição física e mental. A fase vata inicia, na mulher, com a menopausa e no homem por volta dos 60 anos de idade.

A fase vata é uma fase em que deveríamos tomar nosso acento como “anciões” da sociedade em que vivemos, onde seríamos respeitados pela nossa trajetória de vida, a qual deveria ser compartilhada com os jovens inexperientes, mas ao mesmo tempo ansiosos por ouvi-la. Receberíamos amor e carinho pelos anos de dedicação na construção de um mundo melhor para todos; além, é claro, dos cuidados ayurvédicos para a manutenção da boa saúde nesta fase da vida (vata).
A fase vata é uma fase em que o dosha vata agrava-se "naturalmente", ou seja, há uma tendência que as "características" do dosha vata se acumule e se manifeste na forma de sintomas. Pode-se apontar como “sintoma” deste processo: menos sono à noite, cabelos mais finos, certa perda de memória, etc. Contudo, aplicando os princípios do Ayurveda de equilíbrio dos doshas a pessoa pode atenuar, e em alguns casos até mesmos eliminar, estes sintomas. Mas isto só é possível se a pessoa chegou nesta idade com os doshas em equilíbrio.

Os desequilíbrios de vata:
O dosha vata possui as seguintes qualidades: frio, leve, seco, instável, áspero e mutável; em nosso corpo ele está localizado primeiramente no cólon e secundariamente no intestino grosso. Por esta razão, os primeiros sintomas de que este dosha está entrando em desequilíbrio é a flatulência e a constipação. Após saturar seus locais de origem (cólon e intestino grosso), o dosha vata se manifestará em outras partes do corpo como ciático, aparelho reprodutivo, Sistema Nervoso Central, ossos, etc; manifestando sintomas como: dor no nervo ciático, infertilidade, ansiedade, Síndrome do Pânico, artrites, pressão alta, osteoporoses e afins. O Ayurveda entende que todo tipo de dor é um desequilíbrio do dosha vata.

Se o vata em desequilíbrio não for tratado assim que aparecem seus primeiros sintomas a tendência é que ele se agrave e “transborde” (terminologia do Ayurveda), manifestando doenças que o Ocidente define como: arritmia cardíaca, hipertensão arterial, problemas circulatórios graves, osteoporose, problemas articulares, Alzheimer, Parkson, etc.

Na mulher é mais fácil perceber o agravamento de vata, na fase vata, com os sintomas da menopausa: ressecamento da pele, cabelos ralos (queda de cabelo) e finos, unhas quebradiças, baixa lubrificação vaginal, desequilíbrio no sono e, em alguns casos, depressão acompanhada de ansiedade. Já no homem este processo sutil é pouco valorizado pelos mesmos, uma vez que a mulher é mais pressionada pela aparência física buscando tratamento rapidamente. Mas os sintomas nos homens são muito semelhantes aos das mulheres, apenas não são reconhecidos, a nomenclatura usada no Ocidente para os definir é: andropausa.
O Ayurveda trata o desequilíbrio dos doshas (os sintomas a cima apontados) usando o princípio das qualidades opostas como via para o equilíbrio dos mesmos, assim usa-se qualidades como calor, peso e estabilidade para equilibrar o dosha vata em desequilíbrio. O foco do tratamento é na regularização da evacuação e do sono; para alcançar este objetivo usa-se uma dieta anti-vata (com qualidades nutritivas), temperos aquecedores e muita oleação no corpo e na cabeça, bem como o aquecimento dos mesmos. Meditação e “posturas de equilíbrio” da Yoga também são recomendados no processo de desintoxicação de vata. A definição do tratamento é feita após a realização de uma consulta ayurvédica e a disposição do (da) cliente ao tratamento.

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