Em países latinos, pesquisas não avançam na mesma proporção do câncer

Especialistas alertam que estudos clínicos são fundamentais para diminuir as taxas de mortalidade

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Aproveitando o mês passado, o Outubro Rosa, pesquisadores do Brest International Group (BIG) se reuniram com investigadores de grupos latino-americanos em Porto Alegre, ao longo dos últimos dias, para discutir uma preocupante situação que a América Latina tem enfrentado: ao passo que aumentam os casos de câncer nos países latinos, as pesquisas clínicas - estudos elaborados para investigar os efeitos clínicos e farmacológicos de uma droga _ não conseguem avançar na mesma proporção.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 60% dos novos casos de câncer no mundo ocorrem na África, na Ásia, na América do Sul e na América Central. São nessas regiões, também, que as taxas de mortalidade estão aumentando em decorrência da doença. No ano passado, um alerta vindo de uma publicação da revista científica The Lancet Oncology já indicava que a América Latina está prestes a enfrentar uma epidemia de câncer.

Conforme Martine Piccart-Gebhart, co-fundadora do BIG, pesquisas clínicas são fundamentais para o desenvolvimento de novos tratamentos e para diminuir as taxas de mortalidade em pacientes oncológicos. Elas têm encontrado, entretanto, barreiras burocráticas que, além de atrasar o início das investigações, fazem com que muitos nem saiam do papel. No Brasil, o caso é ainda mais grave que em outros países latinos:

A pesquisa clínica no Brasil está morrendo. Somente em 2013, cerca de cem delas deixaram de ser feitas. Mais de 3 mil pessoas poderiam ter se beneficiado desses estudos  alertou Carlos Barrios, diretor-executivo da American Cooperative Oncology Group Latin (Lacog).

Entre os fatores responsáveis por esse atraso, o especialista apontou a demora nas liberações que devem ser concedidas pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): enquanto nos Estados Unidos a média de espera para a aprovação de um novo estudo é de dois a três meses, no Brasil pode levar mais de um ano, explicou Barrios.

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