Encarada por muitos como um problema simples e passageiro, a dor nas costas é uma das queixas físicas mais comuns entre as pessoas das mais variadas idades e com estilos de vida diferentes. Já atinge, ou irá acometer, ao menos, por uma vez, 80% da população, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o ortopedista Filippo Zozolotto, a dor nas costas pode estar relacionada a diversos problemas, como: traumatismos, excesso de carga, abaixar-se e levantar-se repetidas vezes, fadiga, mau jeito, sedentarismo, postura errada, estresses, carência de vitaminas e problemas metabólicos, como hipotireoidismo e excesso de ácido úrico. “Muitos pacientes sofrem, há muito tempo, com dores constantes e não procuram atendimento médico, por acreditarem que a dor é uma patologia simples. Porém, inúmeras doenças mais graves podem parecer ser lombalgia, como: aneurisma aórtico, endometriose, gravidez tubária, cálculo renal, pancreatite, úlcera péptica e câncer de colón. Isso ocorre devido à localização dos órgãos afetados. Portanto, se a dor na coluna persistir, é necessário procurar um médico”, alerta.
A gestora financeira Hellen Mendes, de 27 anos, sofre, há anos, com dores recorrentes nas costas e nunca procurou um médico. “Às vezes, faço o uso de relaxante muscular ou, mesmo, de massagem. A dor passa, mas, dias depois, retorna com a mesma intensidade”, relata. O uso indiscriminado da automedicação, explica o ortopedista, traz diversos riscos ao paciente, pois mascara os reais sintomas. “A pessoa pode estar com uma doença de maior gravidade, como um aneurisma aórtico ou tumor, que terá os sintomas mascarados com o uso da automedicação”, alertao médico.
Ainda de acordo com o ortopedista, a falta de um diagnóstico correto pode agravar a condição do paciente. “Quando o tratamento é insuficiente, a patologia pode evoluir para algo de maior gravidade, como tumores”.
O diagnóstico da lombalgia é realizado por meio da análise do histórico do paciente, em que ele relata a profissão, hábitos e tempo da patologia. Em seguida, é recomendada a realização de exames de imagem, para diagnosticar, por exemplo, traumatismos, doenças sistêmicas ou progressivas.
O tratamento deve incluir repouso por dois ou três dias, uso de analgésicos e anti-inflamatórios, que ajudam a suportar a realização das atividades físicas. Já, para as lombalgias crônicas, que persistem por mais de duas semanas, o tratamento baseia-se no alívio da intensidade da dor, redução da inflamação local, correção da fraqueza muscular, restabelecimento da mobilidade e função e correções cirúrgicas, nos casos mais graves.
Muitos pacientes fazem o uso de massagem ou estralam as costas para aliviar a dor. Porém, alerta o especialista, a massagem pode ser de grande valia, desde que associada a outros tratamentos e realizada por profissionais capacitados. “O ato de estralar as articulações, de modo geral, pode acarretar em fraturas ou luxações ósseas, podendo levar a lesões sérias”, ressalta o médico.
Prevenção
A prática de atividade física e a adoção de hábitos saudáveis, enfatiza o ortopedista, são extremante importantes para o alívio e a prevenção das lombalgias, pois promovem o fortalecimento muscular, ajudando o corpo a suportar o seu próprio peso e, também, evitar o ganho extra. A paciente Hellen começou a perceber uma leve diminuição da dor, quando começou fazer academia e emagreceu. “Hoje, depois que deixei o sedentarismo, percebi que a intensidade da dor diminuiu”, afirma.
Além da prática de atividades físicas, o médico lista algumas dicas, como:
- Evite dormir em uma mesma posição
- Observe a data de validade do colchão (mais de 10 anos)
- Mantenha a postura correta durante a leitura ou para assistir à televisão
- Evite longos períodos na mesma posição
- Cruze as pernas esporadicamente, pois auxilia no relaxamento da musculatura das coxas e da coluna lombar
- Realize movimento correto de agachamento, ao pegar algum objeto no chão ou em lugares baixos
- Evite carregar excesso de peso; se for necessário, peça ajuda
- Não guarde a carteira no bolso de trás da calça, devido ao fato de sentar sobre ela e causar um desequilíbrio na região lombar
- Evite o uso de bolsas ou mochilas pesadas. O peso das mochilas não deve passar de 5% a 10% o peso da criança ou do adulto, afim de não causar desconforto e, consequentemente, dor
Dor nas costas merece atenção
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