Para preparar aquele suco de laranja caprichado você segue o roteiro: descasca as frutas, mistura com água e açúcar e bate no liquidificador ou utiliza o espremedor e pronto. Pensa estar diante de uma bebida natural, altamente saudável. Tudo isso é verdade, mas no processo de produção do suco, um detalhe importante passa despercebido: a polpa da fruta acaba indo parar no lixo. Aquela sobra que ficou no coador e foi desprezada sem hesitação possui muitos nutrientes. "Coando o suco perdemos as fibras da fruta e aumentamos a velocidade de absorção do açúcar no organismo", explica o nutrólogo, André Veinert. O desperdício, no entanto, não ocorre somente com a laranja.
Um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado a cada ano, segundo a ONU. O Brasil está entre os dez primeiros países que mais cometem esse tipo de desperdício. Além da importância no consumo mundial alimentar, o aproveitamento integral pode melhorar - e muito - a saúde das pessoas. "Muitas vezes as pessoas subestimam o valor nutricional de parte de alguns alimentos que não são consumidos, como cascas, talos e sementes. Elas normalmente possuem um valor nutricional igual ou maior que a polpa", explica o nutrólogo. Por exemplo, a casca da banana é rica em vitamina C e potássio, a do abacaxi é rica em vitamina C. A semente da abóbora possui grande quantidade de fibras.
"A melancia possui na entrecasca e na casca uma quantidade de nutrientes interessante. É rica em citrulina, substância precursora de arginina, que promove dilatação dos vasos sanguíneos, melhorando a circulação e desempenho sexual", detalha. Segundo o especialista, as sementes da fruta têm ômega 3 e 6, ação anti-inflamatória e podem ajudar no fortalecimento do sistema imunológico. "Elas possuem mais fibra do que a própria polpa da melancia". Porém a pergunta que fica é: como consumir cascas, sementes e talos, sem perder o sabor dos alimentos? "Estas partes podem ser aproveitadas em diferentes receitas em forma de farelo, triturados, geleias, entre outros. O segredo é variar e aprender a utilizar o alimento de forma integral, quando possível", ensina Veinert.