Pesquisas recentes indicam que a incidência da epilepsia é quatro vezes maior em países em desenvolvimento em comparação com nações mais desenvolvidas. No Brasil, por exemplo, há mais de três milhões de pessoas com esse diagnóstico, sendo considerável a presença da doença em crianças, principalmente pela suscetibilidade do seu sistema nervoso cerebral. A neuropediatra Laura Maria Guilhoto explica que o tratamento adequado a essas crianças engloba diferentes profissionais, além do envolvimento dos pais, professores e outros agentes do dia a dia desses pequenos pacientes.
“Há, ainda, dificuldades para diagnóstico correto em unidades de atendimento básico, especialmente em áreas mais distantes dos grandes centros urbanos. Com as crianças, vale atenção redobrada, pois dependendo das características das crises, os pais podem levar um tempo maior para detectar os sintomas. Geralmente, quando elas já estão na fase escolar, as alterações de comportamento, a falta de atenção e consequente baixo rendimento escolar trazem um sinal de alerta para a detecção da doença. As que apresentam tipos mais graves de crise, principalmente pela dificuldade para ingressar nos serviços de reabilitação, têm atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, tornando mais difícil a remissão da doença”, destaca a especialista.
Estudos apontam que o déficit de atenção prevalece em até 77% das crianças que tem a epilepsia, sendo que na população geral esse índice é em torno de 5%. Outro problema recorrente da epilepsia na infância e, mais ainda, durante a adolescência, é a depressão, que continua subdiagnosticada e consequentemente sem tratamento definido. Esses transtornos psiquiátricos, que englobam ainda ansiedade, foram alvos de pesquisas nas últimas décadas, apontando esse tipo de alteração em 60% das crianças e adolescentes com epilepsia, avaliados.