A descoberta de uma doença gera um processo de mudança da rotina tanto da família quanto do paciente, como é o caso do câncer, que exige uma rede de apoio especializada, que garanta o bem-estar e os cuidados terapêuticos necessários ao paciente. Pensando nisso, o Hospital da Cidade deu início em novembro do ano passado ao Núcleo de Apoio ao Paciente Onco-Hematológico do Hospital da Cidade (Napon) cujo objetivo corresponde a essa necessidade de familiares e pacientes diagnosticados com câncer.
As atividades desenvolvidas pelo Napon, iniciativa inédita na região, incluem informações acerca de formas de tratamento e intervenções, direitos e deveres de pacientes oncológicos, possíveis reações adversas aos tratamentos, cuidados pessoais, suporte emocional a pacientes em tratamento oncológico. Os pacientes e familiares que integram o grupo contam agota com acompanhamento profissional do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção ao Câncer (enfermagem, farmácia, fisioterapia e psicologia), preceptores, profissionais do hospital, instituições de ensino e voluntários. As atividades serão desenvolvidas duas vezes por semana, nas segundas e quintas-feiras.
Entrevista
Medicina & Saúde – Como funciona o Napon? Quais são os objetivos?
Elsa Tallamini – A ideia do Napon foi a criação de um grupo onde pudéssemos atender tanto pacientes da oncologia, como seus familiares, no sentido de acolhe-los. Sabemos que as pessoas quando recebem um diagnóstico oncológico, se balançam com tudo isso. Então nossa ideia foi criar um espaço para que pudéssemos dar uma atenção qualificada a esta questão, uma estrutura de apoio que pudesse ser construída junto com as famílias dos pacientes nesse sentido de ser acolhedora.
Medicina & Saúde – Esse Núcleo vem desde o ano passado?
Elsa Tallamini – Tivemos anteriormente uma outra ação dentro do hospital, que era um grupo que se reunida e nossa ideia foi poder ampliar esse atendimento. Então, no ano passado, durante o ano, através do contato com algumas instituições de ensino, fizemos esta estrutura prévia, mas as atividades iniciaram realmente em novembro do ano passado.
Medicina & Saúde – Como funciona este atendimento? Quem participa do Napon?
Elsa Tallamini – Temos dois formatos de atividades. Nas terças-feiras existem grupos fechados, que são de estrutura psicoterapeuta, que começou neste ano. E nas quintas-feiras é uma atividade aberta, com a participação tanto dos pacientes como dos seus familiares e a cada semana um serviço do hospital propõe a ação. Dentro das vivências que fomos experimentando neste período, percebemos que o que os pacientes mais buscavam era um momento de contato. Então, passamos a oferecer atividades mais leves. Normalmente é proposto um tema pela grupo que está realizando a ação, do qual participam todas as áreas do suporte oncológico. São oferecidas então ações de envolvem música, arte, com propósito até lúdico, para que seja um momento de descontração.
Medicina & Saúde – Existe algum momento em que os pacientes e familiares possam expressar o que sentem, os medos, as expectativas?
Elsa Tallanini – No grupo terapêutico, sim. No outro grupo, das quintas-feiras, até existe um espaço para isso. Mas, na verdade, é um momento de troca. Como eles expressam vivências, fica muito focado na vida. Durante todo o tempo da hospitalização, eles se veem muito voltados para a questão da doença. Então, sempre a proposta do grupo acaba sendo para o contexto de vida. Um dos últimos que foi feito, se começou a 'construir' uma colcha de retalhos e essa colcha veio onde cada um trazia uma história significativa. Tínhamos a ideia, primeiramente, que o Napon seria um espaço onde eles falariam das angústias, dois medos, mas não, é um espaço onde eles costumam falar de coisas prazerosas.