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Livros para colorir para adultos viram moda e conquistam mais fãs a cada dia

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Livros de colorir e lápis de cor deixaram de ser itens exclusivos para crianças. A responsável por isso foi a ilustradora inglesa Johanna Basford, que criou o livro Jardim Secreto - Livro de Colorir e Caça Ao Tesouro Antiestresse, lançado no Brasil pela editora Sextante. A proposta não é nova, a primeira edição de Jardim Secreto é de 1988, mas foi só em 2015 que os livros começaram a fazer sucesso e conquistaram uma legião de fãs. Para se ter uma ideia, só em uma livraria de Passo Fundo foram vendidos cerca de 2 mil livros nos meses de abril e maio.

Mas nem só de Jardim Secreto vivem os apaixonados por colorir. Aproveitando o momento, outras editoras investiram na ideia e lançaram livros para colorir com as mais diversas temáticas. De acordo com Diones Lima, gerente da livraira Nobel, o sucesso dos livros foi tanto que acabou impulsionando também a venda de lápis de cor, tanto que a Faber Castell – a maior fabricante de lápis do mundo – está com seus estoques esgotados. E não é só no papel que ficam os desenhos, parte do sucesso se deve justamente ao fato de muitas pessoas compartilharem suas pinturas nas redes sociais, aproveitando para trocar ideiar e experiências com outros usuários.

Terapia ou não?

Mas a grande questão dos livros é se eles são realmente uma forma de arte-terapia ou apenas uma atividade normal que ajuda a relaxar. Para a professora do curso de Artes Visuais da Universidade de Passo Fundo e mestre em Educação, Cilene Maria Potrich, antes de mais nada é preciso ressaltar que os livros não são uma atividade para crianças. “Há pouco criança e a crianças precisar criar”, explica. Cilene ainda destaca duas questões bem claras a respeito dos livros. A primeira delas, é questão comercial, já que as vendas foram bem expressivas, mas também considera uma atividade benéfica em que a pessoa fica em silência, se reportando a ela mesma, sem precisar de grandes esforços. Apesar disso, a professora lembra que não se trata de uma terapia e sim de um passatempo. “É um momento em que a pessoa fica com ela mesma, é muito comercial, não é criatividade, mas auxilia as pessoas a sair do turbilhão”, comenta.

Assim como Cilene, a também professora da UPF e especialista em Arte-educação, Luciane Campana Tomasini, diz que não vizualida a atividade como arte, nem como terapia e acredita que seja algo que pode ser prazeroso para alguns e odioso para outros. “Pintar com lápis de cor exige paciência, o que pode irritar algumas pessoas”, lembra. Como professora, ela acredita que pode ser um bom exercício de composição de cores e um início de um desafio maior, em descobrir um novo interesse em apliar a atividade para outras áreas criativas. “Acho que terapia envolve outros meios que não esse e arte é parte de uma profissão e não passa tempo então está tudo certo, cada um ocupa seu tempo o que lhe for melhor, colorindo ou lendo livros”, destaca.

Um momento só seu

A publicitária Janaína de Castro Tasca Mendes, é uma das pessoas que apostou na atividade. Janaína conheceu os livros a partir de uma reportagem na televisão e como sempre gostou de pintar, mas não sabe desenhar, viu nos livros uma oportunidade de fazer algo que gosta. “Confesso que adorava pintar com meu filho os Almanaques de Férias da Mônica. Então vi no livro a oportunidade de pintar algo para mim”, conta.

A proposta dos livros é ser uma atividade para aliviar o estresse, mas para a publicitária não é algo necessariamente relaxante, mesmo assim, considera uma forma de fazer algo por si e desligar da correria do dia a dia. “Se eu não estive pintando, estaria com o iPad na mão, olhando as redes sociais, lendo reportagens e até jogando...Ainda faço isso, mas deixo um tempo tambem para pintar”, brinca. Apesar de ser moda e poder logo ser substituída por outra iniciativa, Janaína acredita que ainda vai pintar por muito tempo. “Como é demorado para terminar a pintura de cada página pode ser que fique por um tempo essa prática. Eu não pretende parar, gostei muito, espero terminar e encontrar outro bem legal para continuar pintando”, comenta.

Ao contrário de Janaína, a professora Elisena Battistella Maidana ainda não começou a pintar, mas já está com o livro na mão. “Eu vi um livro desses numa livraria e lembrei de uma matéria que falava sobre pintura de mandalas com uma atividade de meditação, aí fiquei curiosa e resolvi comprar um livro para pintar, mas procurei um específico de mandalas. Como não havia nas livrarias da cidade, comprei pela internet”, conta. Para ela, assim como outras atividades manuais, onde você tem a possibilidade de abstrair o pensamento, os livros podem ser eficazes para o relaxamento, mas não vê como uma forma de voltar ao “mundo analógico”. “Atividades que envolvam outras habilidades (manuais, canto, literatura, etc...) podem nos ajudar a desenvolver outros olhares, mais sensíveis, perante a realidade. E também nos dão outra percepção de tempo, diferente do mundo digital, onde tudo acontece muito rápido”, encerra. 

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