A equipe multiprofissional que atua no Ambulatório dos Primeiros Passos do Prematuro do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, participou nos dias 9, 10 e 11 de abril, do IV Encontro Internacional de Neonatologia e II Simpósio Interdisciplinar de Atenção ao Prematuro, realizados em Porto Alegre. O evento oportunizou a apresentação de trabalhos científicos, área em que a equipe do HSVP foi premiada com o trabalho Perfil Nutricional e Práticas Alimentares de Prematuros Egressos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) acompanhados no 1º ano de vida, tendo como autoras a nutricionista Fabiana Salvatori Guedes e a pediatra Wania Eloisa Ebert Cechin. A pesquisa vencedora caracterizou o estado nutricional e alimentação dos recém-nascidos egressos da UTIN no momento da alta da unidade, no 6º e 12º mês de idade gestacional corrigida.
Além desse estudo, a equipe do HSVP apresentou os seguintes trabalhos na modalidade de pôster: Relação entre Indicadores de Risco e Alteração na Triagem Auditiva em Prematuros, realizado pelas acadêmicas Kênia Regina Bissoto, Jéssica dos Santos Pereira, orientadora Lenita da Silva Quevedo, co-orientadora Lisiane Lieberknecht Siqueira e fonoaudióloga Laura Cristine Giacometti; Perfil Epidemiológico da Displasia Pulmonar em Prematuros Menores de 1500 gramas em uma UTI Neonatal no Sul do Brasil, de autoria do fisioterapeutra Vinicius Winckler Wojahn; e Sobre (viver): A dor de perder um filho prematuro, de autoria da psicóloga Débora Marchetti. Segundo a nutricionista Fabiana, autora do estudo premiado, o que motivou a desenvolver a pesquisa foi o questionamento e a preocupação quanto ao crescimento e desenvolvimento dos bebês prematuros, a qualidade de vida futura, bem como os cuidados pós-alta hospitalar aos recém-nascidos. "Sabendo da importância do acompanhamento ambulatorial de seguimento, o que nos motivou a desenvolver o estudo foi a necessidade de identificar o prognóstico de crescimento e práticas alimentares desses prematuros acompanhados pela equipe multiprofissional no Ambulatório dos Primeiros Passos do Prematuro do HSVP".
A pesquisa
Quanto ao perfil dos bebês pesquisados, a autora pontua que as crianças acompanhadas no ambulatório de seguimento são recém-nascidos prematuros com idade gestacional menor que 37 semanas, de extremo baixo peso (menor 1000 gramas), muito baixo peso (menor 1500g) e de baixo peso ao nascer (entre 1500 gramas e 2500 gramas). "Quando avaliamos a classificação de peso ao nascimento, encontramos 62% da amostra, como recém-nascidos de muito baixo peso e 16% de recém-nascidos de extremo baixo peso. Ao classificar o estado nutricional dos 45 pacientes avaliados no estudo, considerando indicador de peso para estatura, foi prevalente o estado nutricional de eutrofia (peso adequado para estatura), representado por 80% e 78% da amostra aos 6 e 12 meses de idade gestacional corrigida, respectivamente".
A nutricionista ainda observou uma redução nos indicadores de magreza acentuada e risco para sobrepeso, demostrando uma melhora na condição do estado nutricional dos pacientes. Quando avaliou o indicador de estatura para idade, nessas duas fases, também constatou uma prevalência da altura adequada para idade, e uma redução nas taxas de baixa estatura para idade com o crescimento das crianças. A realização do estudo durante a alta da UTIN, no 6º mês e 12º mês de idade gestacional corrigida, conforme a pesquisadora são os três momentos pontuais que propiciam avaliação para o aleitamento materno, bem como, a evolução de crescimento e desenvolvimento desses pacientes prematuros.
Impacto da nutrição para os prematuros
Para Fabiana, o acompanhamento nutricional é de fundamental importância na promoção de uma melhor assistência aos neonatos, incentivando o aleitamento materno e as práticas alimentares adequadas, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento dessas crianças. "Nesse sentido, temos que considerar os diferentes aspectos envolvidos no seguimento em longo prazo, bem como, identificar precocemente distúrbios nutricionais, como desnutrição ou risco para sobrepeso, obesidade e alterações de crescimento, promovendo a intervenção precoce e tornando o prognóstico mais promissor".
Estado nutricional
Em relação ao estado nutricional, a pesquisadora afirmou que foi prevaleceu o peso e a estatura adequados para a idade, em ambos os períodos de avaliação, demostrando uma melhora e manutenção da adequação do estado nutricional com o crescimento das crianças. Quanto às práticas alimentares, na alta da unidade de tratamento intensivo neonatal (UTIN), aos 6 e 12 meses de idade gestacional corrigida, respectivamente, 82%; 38%; 9%, estavam em aleitamento materno associado ao uso de fórmula infantil e 18%; 11%; 7% em aleitamento materno. Dessa forma, observou-se uma redução nas taxas de aleitamento materno com a progressão da idade, e consequentemente, aumento do consumo de fórmula infantil. Referente às práticas alimentares, Fabiana considerou oportuno o período inicial da alimentação complementar, quando houve a introdução de alimentos sólidos e semi-sólidos, a partir do 6º mês de idade gestacional corrigida. Sendo assim, 58% dos avaliados inciaram a alimentação complementar no período adequado.