O ceratocone é uma doença hereditária que pode causar a perda quase total da visão. As pessoas que sofrem do problema tem um afinamento da córnea que acaba ficando com a forma semelhante a um cone. Com o tempo e a progressão da doença, a visão é bastante prejudicada e, em muitos casos, o único tratamento acaba sendo o transplante de córnea.
De acordo com o oftalmologista e diretor Técnico do Banco de Córneas do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), o médico Eduardo Ventura, “o ceratocone é uma distrofia contínua e progressiva da córnea, onde ocorre um afinamento resultando em um abaulamento anterior da córnea, em forma de cone. Geralmente é assimétrica e bilateral. É uma condição de herança familiar, ou seja, geneticamente herdada. Aparece geralmente na puberdade e tem caráter progressivo por aproximadamente 10 anos, onde após tende a estabilizar”, explica.
Conforme o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CB) trata-se de condição rara, encontrada em todas as raças, nas diferentes partes do mundo, com prevalência que varia de 4 a 600 casos por 100.000 indivíduos. História familiar está presente de 6 a 8% dos casos, segundo o Conselhor, sugerindo herança familiar. Seu aparecimento mais comum ocorre na puberdade, geralmente entre os 13 e os 18 anos de idade, progride por aproximadamente 6 a 8 anos e, após, tende a permanecer estável.
O CBO ressalta ainda que o ceratocone pode estar associado a doenças sistêmicas como as síndromes de Down, Turner, Ehlers-Danlos, Marfan, além de atopias, osteogênese imperfeita e prolapso da válvula mitral. Condições oculares às quais pode estar relacionado são a ceratoconjuntivite vernal, aniridia, amaurose congênita de Leber e retinose pigmentar. O paciente pode relatar mudanças frequentes na prescrição de óculos ou diminuição na tolerância ao uso de lentes de contato.
Os sinais observados pelo oftalmologista incluem:
- reflexo em “gota de óleo” quando realizada a oftalmoscopia direta;
- reflexo irregular “em tesoura” à retinoscopia;
- linhas de Vogt (estrias estromais, verticais, finas e profundas);
- anel de Fleischer (depósitos epiteliais de ferro ao redor da base do cone);
- espessura estromal reduzida;
- sinal de Munson (abaulamento da pálpebra inferior quando paciente olha para baixo);
- sinal de Rizutti (reflexo cônico visto precocemente na córnea nasal, quando se ilumina diretamente a córnea temporalmente).
(Fonte: Conselho Brasileiro de Oftalmologia)