O que a circunferência abdominal pode dizer sobre sua saúde

Até então, a referência utilizada era o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), mas agora há um motivo além do estético para que as gorduras localizadas sejam eliminadas

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De acordo com novos parâmetros da Medicina, a circunferência abdominal passa a ser o indicativo mais preciso para a avaliação dos riscos de doenças cardiovasculares e metabólicas, segundo vem divulgando a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH). Até então, a referência utilizada era o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), mas agora há um motivo além do estético para que as gorduras localizadas sejam eliminadas

Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), as medidas ideais da circunferência abdominal indicadas por especialistas são 80 centímetros para mulheres e 94 para os homens. Um estudo realizado pela Federação Mundial de Cardiologia revelou que 66% dos brasileiros se cuidam com base no peso, 6% calculam o IMC e apenas 1% dá mais importância à saliência exacerbada da barriga. Segundo a Federação, 58% dos médicos não reconhecem a importância da medida na prevenção de doenças cardíacas, enquanto 45% afirmaram jamais terem medido a circunferência da cintura dos pacientes, e 59% disseram que nunca foram informados sobre a relação entre a barriga e o coração. O índice de obesidade está estável no país, mas o número de brasileiros acima do peso é cada vez maior. Pesquisa do Ministério da Saúde, Vigitel 2014, alerta que o excesso de peso já atinge 52,5% da população adulta do país. Essa taxa, nove anos atrás, era de 43% - o que representa um crescimento de 23% no período. Na região Sul, o índice de pessoas com sobrepeso está acima da média nacional, 54%. Os quilos a mais na balança são fatores de risco para doenças crônicas, como as do coração, hipertensão e diabetes, que respondem por 72% dos óbitos no Brasil.

Também preocupa a proporção de pessoas com mais de 18 anos com obesidade, 17,9%, embora este percentual não tenha sofrido alteração nos últimos anos. Considerando somente a população da região Sul, a proporção sobe para 19,1%. O índice de obesidade do Brasil está abaixo, por exemplo, da Argentina (20,5%), Paraguai (22,8%) e Chile (25,1%). Entre os homens e as mulheres brasileiros, são eles que registram os maiores percentuais. O índice de excesso de peso na população masculina chega a 56,5% contra 49,1% entre elas, embora não exista uma diferença significativa entre os dois sexos quando o assunto é obesidade. Em relação à idade, os jovens (18 a 24 anos) são os que registram as melhores taxas, com 38% pesando acima do ideal, enquanto as pessoas de 45 a 64 anos ultrapassam 61%.

A pesquisa demonstra ainda que as pessoas com menor escolaridade, 0 a 8 anos de estudo, registram a maior índice, 58,9%, enquanto 45% do grupo que estudou 12 anos ou mais está acima do peso. O impacto da escolaridade é ainda maior entre as mulheres, em que o índice entre os mais escolarizados é ainda menor, 36,1%. As mesmas diferenças se repetem com os dados de obesidade. O índice é maior entre os que estudaram por até 8 anos (22,7%) e menor entre os que estudaram 12 anos ou mais (12,3%).

Além do avanço do excesso de peso e da obesidade, outros indicadores levantados pelo Vigitel também apontam para o maior risco de doenças crônicas entre os brasileiros. Do total de entrevistados em todo o país, 20% disseram ter diagnóstico médico de colesterol alto. Nesse caso, são as mulheres que registram percentual acima da média nacional, de 22,2%, contra 17,6% entre os homens. Em ambos os sexos, a doença se torna mais comum com o avanço da idade e entre as pessoas de menor escolaridade. Entre os que têm mais de 55 anos o índice ultrapassa 35%. O percentual de colesterol alto no Sul do país é 20,6%.

Entrevista

Medicina & Saúde - Qual a relação entre a circunferência abdominal e problemas cardíacos?
Gustavo Hoppen - Sabe-se que quanto maior a circunferência abdominal maiores as probabilidades de doenças. O acúmulo de gordura no abdome e principalmente a gordura intra-abdominal (aquela que se deposita entre as vísceras) causa a liberação de fatores inflamatórios, o que leva a várias alterações metabólicas:
- Aumento do colesterol ruim (LDL);
- Diminuição do colesterol bom (HDL);
- Aumento dos triglicerídeos;
- Resistência à insulina;
- Hiperglicemia;
- Surgimento de Diabete Mellitus tipo 2;
- Hipertensão arterial;
- Síndrome Metabólica;
- Trombose.

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