Luis Alberto Schlittler é oncologista do Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica (CITO); Membro da American Society of Clinical Oncology (ASCO); Membro da European Society for Medical Oncology (ESMO); Membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)
Há muito tempo suspeita-se que a poluição do ar ambiente cause câncer de pulmão.Neste contexto países da Europa tentaram avaliar a associação entre a exposição de longo prazo à poluição do ar ambiente e a incidência de câncer de pulmão.
Para tentar provar esta associação foi realizado um estudo prospectivo em nove países europeus. Os endereços iniciais foram geocodificados e a poluição do ar avaliada por uma variante chamada material particulado (MP) com diâmetro inferior a MP 10 μm, inferior a MP 2,5 μm e entre MP 2,5 e 10 μm. A fuligem e os óxidos de nitrogênio forram tambem dois indicadores analisados, de tráfego de automóveis.
Durante o acompanhamento de mais de 10 anos, 2.095 casos incidentes de câncer de pulmão foram diagnosticados. Ocorreu uma associação estatisticamente significativa entre o risco de câncer de pulmão e as partículas denominadas 10 e 2,5 μm, principalmente aos casos de câncer chamados de adenocarcinomas, muitos diagnosticados em fases avançadas.
Um aumento de tráfego rodoviário de 4000 veículos-km por dia, a cerca de 100 m da residência, foi associado a um risco mais elevado de câncer. Se o trafego for menor o risco foi proporcionalmente estatisticamente inferior. A conclusão é que realmente a poluição do ar por partículas pode contribuir para a incidência de câncer de pulmão. Vale lembrar que possivelmente essa ainda é uma causa menor da doença, já que 90% dos casos tem relação intima com o tabagismo, ativo e passivo.