Doença incapacitante atinge cerca de 65 mil brasileiros

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A boa notícia é que o paciente tem acesso gratuito ao tratamento pelo Sistema Único de Saúde, assegurando a retomada de atividades do dia a dia e minimizando suas limitações. Muitas vezes, problema é confundido com “tique” nervoso

Contrações musculares involuntárias e que popularmente são confundidas com “tique” nervoso, podem mascarar os primeiros sinais de uma doença incapacitante. Trata-se da distonia, uma síndrome neurológica que afeta cerca 65 mil brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Ainda é frequente encontrar pacientes que pouco conhecem sobre o distúrbio ou o confundem com outras patologias.

O problema caracteriza-se por movimentos involuntários, que podem levar a movimentos de torção ou posturas anormais do indivíduo. De origem genética ou associada a outras comorbidades, como doença de Parkinson, infecções e traumas diversos, a distonia acomete qualquer faixa etária. Os espasmos provocados pela doença podem afetar uma única parte do corpo, como os olhos, o pescoço, os braços ou as pernas (distonias focais), duas partes, como o pescoço e tronco (distonias segmentares), um lado inteiro do corpo (hemidistonia) ou praticamente o corpo todo (distonia generalizada).

Segundo Péricles Tey Otani, médico fisiatra pela Universidade de São Paulo, a distonia ainda é alvo de preconceito por parte da sociedade. "Além de afetar a autoestima do paciente, ao impossibilitá-lo de realizar tarefas do seu dia a dia, muitas pessoas quando presenciam os movimentos involuntários podem ter conclusões equivocadas sobre o paciente e tratá-lo de forma discriminatória. Sem o tratamento correto, a doença pode evoluir para formas incapacitantes, levando a dificuldades para andar, escrever, comunicar-se e enxergar. Além da presença de dor crônica, a distonia afasta os pacientes do trabalho, do convívio social e até de executar atividades rotineiras”.

No mundo, a incidência da doença pode chegar a até 7 mil casos para cada milhão de habitantes. Um dos casos mais famosos é o do maestro João Carlos Martins, portador de distonia focal nas mãos - responsável por tirá-lo da função de pianista por alguns anos, passando a atuar como regente de um modo muito peculiar.

Tratamento gratuito no SUS
Apesar da gravidade e de não haver cura, a distonia tem tratamento e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Boa parte dos pacientes é direcionada para tratamentos como a aplicação de toxina botulínica A, feita diretamente no músculo e que consegue inibir a contração muscular involuntária. A aplicação, que pode ser refeita de 3 a 5 meses, relaxa o músculo afetado e melhora a dor associada, o que possibilita, em alguns casos, que o paciente possa realizar tarefas cotidianas antes limitadas.

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