O termo bruxismo é utilizado para designar o ato parafuncional, involuntário, rítmico ou espasmódico, de ranger ou apertar os dentes. Segundo o professor da Escola de Odontologia da IMED, Ataís Bacchi, estes episódios são mais comuns durante o sono, mas também podem ocorrer no período diurno. “Termos específicos para cada período foram criados pela Academia Americana de Desordens do Sono designando-os como bruxismo do sono ou da vigília. A origem do processo tem sido apontada como multifatorial, com grande influência de fatores psicológicos e genéticos. Algumas dessas condições desencadeantes sugeridas tem sido a agressão reprimida, tensão emocional, medo, raiva e frustração. Ainda, demais fatores têm sido apontados como de alto risco para o desencadeamento de episódios de bruxismo, tal qual o uso de tabaco, álcool, cafeína, certos medicamentos e drogas ilícitas”.
O diagnóstico do bruxismo noturno tem base no exame clínico onde desgastes dentários acentuados são observados, dor muscular relatada pelo paciente pela manhã, e pelo padrão ouro de avaliação que é a polissonografia. “Recentemente, exames de eletromiografia também tem sido aplicado com resultados promissores para o diagnóstico. Para o bruxismo da vigília, muitas vezes o paciente é capaz de identificá-lo após ter sido informado e instruído a prestar a atenção no hábito”, destaca Ataís.
Os principais efeitos relacionados ao bruxismo têm sido o desgaste dentário e como um possível fator etiológico da disfunção temporomandibular, junto com trauma, estresse emocional, estímulos de dor profunda e fatores oclusais. Entretanto, a literatura é altamente controversa a respeito da influência direta do bruxismo sobre a articulação temporomandibular e até que ponto este processo de microtraumas seria capaz de causar danos articulares.
Não há um tratamento específico que promova a eliminação do bruxismo, principalmente noturno. O docente explica que a eliminação dos fatores predisponentes relacionados acima bem como técnicas de relaxamento e psicoterapia podem ser utilizadas. “Existem tratamentos com base na modificação de comportamento como terapias de reversão de hábito e alguns métodos de feedback, como a utilização de adesivos ou mesmo de aplicativos de celulares para a redução do bruxismo diurno. A ausência de um tratamento definitivo para a eliminação do bruxismo levou ao desenvolvimento de estratégias para reduzir seus efeitos deletérios”.
O método mais comum para prevenir efeitos prejudiciais do bruxismo é o uso de aparelhos interoclusais. Os mesmos previnem o desgaste das estruturas dentais. Apesar disso, sua eficácia em reduzir a atividade muscular noturna e a dor orofacial é ainda indefinida. Como efeitos positivos, o aparelho é responsável ainda por aumentar o espaço intra-articular reduzindo a pressão interna na articulação, estabilização da mordida e por promover maior relaxamento de alguns grupos musculares. Atualmente a aplicação de toxina butolínica, principalmente nos músculos masseteres e temporais, também está sendo sugerida para terapia de bruxismo, porém este método ainda levanta algumas duvidas e questões no meio científico quanto ao tratamento da doença.