Uma reflexão sobre a saúde

Por Cadri Massuda

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Atualmente 51 milhões de brasileiros possuem um plano de assistência à saúde. São usuários que pagam um valor complementar de seu rendimento para que possam obter um atendimento médico de qualidade. Geralmente estes usuários estão insatisfeitos com o sistema público.

Só em 2014, as operadoras pagaram cerca de R$ 105 bilhões em despesas médicas e odontológicas, segundo levantamento feito pela Abramge – Associação Brasileira de Medicina de Grupo, em mais 1,1 bilhão de procedimentos (consultas e exames realizados). Em pesquisa recente realizada pela Agência Nacional de Saúde (ANS), 72% dos consumidores entrevistados afirmaram estar satisfeitos com seu plano de saúde, 84% recomendariam seu plano e, para 65%, os serviços superaram as expectativas. Ou seja, a saúde suplementar é um setor que merece atenção por estar oferecendo à população a assistência necessária e de maneira satisfatória.

Entretanto, o que o setor menos recebe é incentivo. Avaliando a carga tributária atual de diferentes segmentos, observamos que os planos de saúde pagam um imposto maior que bancos e construção civil. Além disso, esta carga subiu nos últimos anos, no caminho contrário da política que desonerou diversos setores. Hoje, de cada R$ 100 pagos por um beneficiário, R$ 26,70 são apenas para pagar tributos. Junto com os impostos, os custos administrativos e assistenciais acabam somando 98% do faturamento, deixando as operadoras com uma margem de lucro inferior a 2%. A tendência do mercado é que a inflação médica continue a ser duas vezes maior que a variação do custo de vida do brasileiro. Isto leva a uma espiral sem fim de aumentos sucessivos dos planos de saúde, achatando ainda mais o orçamento familiar.

Parece que, enfim, a ANS acordou para a necessidade de regular os outros players do mercado de saúde. Há uma proposta do Ministério da Saúde junto à ANS, a fim de controlar os custos assistenciais dos exames médicos – SADT (Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Terapia), executados por laboratórios e os custos hospitalares com supervisão do preço de diárias, taxas, medicamentos e fornecedores. Outro ponto que está sendo levantado é o abuso ostensivo no preço de próteses, órteses e medicamentos de alto custo; inclusive é tema de uma CPI na Câmara Federal a ser instalada brevemente.

Essa iniciativa do governo é um avanço para que todos os elos da cadeia passem a ser regulamentados. É um primeiro passo para garantir mais transparência, aumentar a viabilidade financeira do setor de saúde suplementar e permitir que as empresas pratiquem preços mais competitivos e atraentes ao consumidor final.

Cadri Massuda é presidente da Abramge PR/SC – Associação Brasileira de Medicina de Grupo Regional Paraná e Santa Catarina.

 

 

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