O câncer de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua e assoalho da boca). Cerca de 10% de todos os tumores malignos do organismo ocorrem na boca. O câncer de boca, sexto em incidência entre homens e sétimo entre as mulheres e que atinge mais 11.000 novos brasileiros todo ano, é a mais grave doença que afeta a boca. Porém, a maioria dos casos é diagnosticada tardiamente.
Os casos mais avançados da doença nos pacientes com câncer bucal são encaminhados por instituições públicas. A maioria dos que se concentram no estádio T4 evolui para o óbito. A taxa global de sobrevida em 5 anos é de 38,71%, e o tempo mediano de sobrevida é de 23 meses, sendo necessário uma maior atenção ao câncer bucal nessa população, com a intervenção dos profissionais de saúde e órgãos públicos para que se possa estabelecer o diagnóstico precoce dessas neoplasias para o tratamento. O câncer de boca tem cura, principalmente quando identificado e tratado no início.
O retardo de diagnóstico está relacionado, na maioria das vezes, com uma ou mais das seguintes situações: um paciente que não conhece e/ou não percebe a gravidade dos sintomas de sua doença; um profissional de saúde que não está capacitado para o diagnóstico precoce do câncer bucal ou das desordens potencialmente malignas e um sistema local de saúde que não está estruturado para atender pacientes com lesões bucais e possibilitar um diagnóstico rápido das mesmas. A maioria das pessoas não tem conhecimento adequado sobre a existência do câncer de boca, não sabem quais os principais fatores de risco e não realizam o autoexame. O câncer de boca não apresenta sintomatologia dolorosa no início, porém, alguns sintomas podem ser a presença de lesões que não cicatrizam, dificuldade em engolir alimentos e o emagrecimento acentuado.
O câncer é mais frequente no sexo masculino. Dados do Instituto nacional de Câncer (INCA), em 2012, estimou uma incidência nacional de 9.990 casos de câncer da cavidade bucal em homens, correspondendo a um risco estimado de 10 casos a cada 100.000 habitantes. Em mulheres, se configuraram, segundo a mesma estimativa, 4.180 novos casos e um risco estimado de 4 a cada 100.000 mulheres. A faixa etária mais prevalente para a ocorrência de câncer bucal é a faixa de 40 a 60 anos de idade e pode estar associado à exposição solar. Porém, os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de boca são o fumo e o álcool, principal quando associados. Alguns alimentos, como as frutas e os vegetais atuam como protetores, devendo sua ingestão ser estimulada.
O autoexame da boca, que consiste em uma técnica simples, onde o próprio indivíduo é capaz de visualizar lesões suspeitas, deve ser realizado periodicamente. Esses exames visuais reduzem significativamente a taxa de mortalidade por câncer bucal. O autoexame visual da boca para detecção precoce de lesões na boca é uma estratégia de prevenção importante e de fácil utilização, a partir da qual se espera detectar o diagnóstico da doença em seu estágio inicial. A prevenção e o diagnóstico precoce são as medidas mais eficazes para melhorar o prognóstico do câncer, pois, repercutem diretamente na qualidade de vida e sobrevida do indivíduo.
Lilian Rigo é Doutora em Saúde Coletiva, Coordenadora da Escola de Odontologia da IMED