As diretrizes atuais em Cardiologia recomendam que pacientes com teste de esforço consideravelmente alterado, levantando a suspeita de doença arterial coronariana (DAC) grave (que, segundo o Datasus, são as principais causas de morte e invalidez no Brasil ) sejam encaminhados diretamente ao cateterismo cardíaco ou a angiografia coronariana. Mas, uma pesquisa publicada nos Estados Unidos e conduzida pelo Centro Diagnóstico de Cardiologia Nuclear Quanta Diagnóstico e Terapia e pela Universidade Federal do Paraná, tendo como base um registro de 18 mil pacientes em Curitiba, verificou que, em alguns casos, o cateterismo pode ser evitado, geralmente, em pacientes mais jovens e que não apresentam sintomas. “O risco pode estar sendo super valorizado pelo teste de esforço e, com o auxílio da imagem cardíaca não-invasiva, o cateterismo pode ser evitado. Nesses casos, a cintilografia de perfusão miocárdica com tomografia computadorizada por emissão de fóton único pode ser útil, quando os achados do teste de esforço levantam a suspeita de um falso positivo”, explica João Vítola, um dos pesquisadores envolvidos. Em alguns pacientes, esclarece o cardiologista nuclear, a cintilografia pode ainda definir quais irão se beneficiar de fato da revascularização do miocárdio e em que região do coração será necessário o implante do stent ou das pontes de mamárias e ou safena.
Estudos anteriores a esse demonstraram que as taxas anuais de mortalidade por DAC podem variar de menos de 1% em pacientes com resultado normal na cintilografia do miocárdio a mais de 5% naqueles avaliados como de alto risco pelo escore de Duke (método de pontuação usado em testes de esforço que classifica os pacientes como baixo, médio e alto risco de sofrer de DAC).
Com base no estudo atual, algumas informações de testes clínicos e de esforço dos pacientes podem ser usadas até para prever quais com escore de Duke de alto risco terão resultado normal na cintilografia do miocárdio. Ou seja, quando testes invasivos podem ser evitados. Entre esses pacientes, em geral, encontram-se aqueles que conseguem se exercitar mais tempo na esteira, que não têm diabetes ou DAC conhecida e não apresentam sinais de DAC ou apresentam sintomas menos comuns.
O grupo de pesquisadores concluiu, acompanhando de perto a mortalidade ao longo de quatro anos em um subgrupo de 310 pessoas que haviam sido diagnosticadas de alto risco pelo escore de Duke, que há pacientes cuja uma atitude mais conservadora é segura. “Esses resultados ocorreram com frequência, por exemplo, em pacientes mais jovens, hipertensos, com alta tolerância ao esforço e sem angina (dor no peito) durante o teste de esforço”, relata João Vítola. “É importante ressaltar que o cateterismo cardíaco é um exame decisivo em várias situações clínicas e ajuda a salvar vidas, principalmente em pacientes instáveis e no infarto agudo do miocárdio, entretanto, por ser invasivo, precisa ser muito bem indicado e administrado em pacientes estáveis e, principalmente, assintomáticos”, explica o cardiologista nuclear.