A radioterapia em linfonodos pode beneficiar mulheres com câncer de mama precoce

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Atualmente já é padrão no tratamento do câncer de mama a indicação de radiação para o próprio seio comprometido depois de ter o tumor8 removido cirurgicamente. Além disso, a maioria das mulheres recebe tratamento pós-operatório na forma de quimioterapia9 e muitas vezes bloqueio hormonal. Ainda não está claro, no entanto, se os linfonodos5 precisam ser irradiados. Ou seja, os benefícios de fazê-lo devem superar os riscos. A radiação dos linfonodos5 pode ter efeitos secundários, tais como a pneumonite10 por radiação e edema11 crônico12 no peito13, braços e mãos14 (o chamado linfedema). Mas as novas descobertas sugerem que os benefícios podem valer a pena.

Recentemente, dois estudos relatados no famoso periódico médico New England Journal of Medicine tiveram o objetivo de responder a uma pergunta importante no tratamento do câncer1 de mama2: quando as mulheres têm tumores removidos na fase inicial e as células15 cancerosas são encontradas em apenas alguns nódulos linfáticos, próximos ao tumor8, estes nódulos devem ser tratados por radiação?

Um dos estudos envolveu 1.832 pacientes com câncer1 de mama2 que receberam terapia padrão para o estágio precoce do câncer1 de mama2, incluindo a radiação de mama2. Metade das pacientes foi aleatoriamente designada a receber irradiação também nos linfonodos5. A maioria tinha um a três linfonodos5 afetados. Ao longo dos próximos 10 anos, 82% dos pacientes que receberam radiação no linfonodo17 permaneceram livres de recorrência3 versus 77% daquelas no grupo de comparação.
As taxas de efeitos colaterais18 foram relativamente baixas. Cerca de 8% do grupo com radiação no linfonodo17 desenvolveu linfedema e pouco mais de 1% pneumonite10 por radiação. O efeito colateral19 mais comum - erupção20 cutânea21 - afetou metade das mulheres. Para alguns especialistas, os estudos não justificam oferecer radiação para todas as mulheres com um a três gânglios linfáticos16 envolvidos, pois a diferença de recorrência3 do câncer1 não foi tão óbvia, nem se traduziu em uma diferença na sobrevida global.

O segundo estudo, com 4.000 mulheres europeias, mostrou um padrão semelhante. Aquelas que receberam radiação nos linfonodos5 tiveram um risco um pouco menor de recorrência3 ao longo de 10 anos; 72% permaneceram livres de câncer1 de mama2 em comparação com 69% do grupo de comparação. Mas não houve clara vantagem na sobrevida global.Os cientistas alertam que ainda são necessários novos estudos, com maior número de pacientes e com um seguimento mais prolongado para que conclusões definitivas levem a alterações nas terapias atuais.


Rodrigo Ughini Villarroel é oncologista do Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica (CITO), coordenador médico do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital da Cidade de Passo Fundo.

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