A rotina é a mesma: preparar a comida, arrumar a mesa e antes da primeira garfada, uma foto. O processo inicia no café da manhã e se repete a cada nova refeição. A técnica é uma estratégia encontrada por nutricionistas para incentivar o paciente na busca pelo emagrecimento e que é derivada dos tradicionais diários alimentares que desafiam as pessoas a anotarem cada alimento ingerido. A mudança está na técnica: de uma lista escrita para uma foto, os chamados “Diários Alimentares Visuais” colaboram, de forma mais efetiva, com a perda de peso porque aliam a praticidade e objetividade: não dá pra esconder um ou outro ingrediente, a foto mostra tudo.
Já utilizados há algum tempo, os diários alimentares são produzidos a partir das anotações do paciente de tudo o que consome durante o dia: lista de bebidas, lista de comidas e cada novo lanche com suas respectivas quantidades são anotados em um pedaço de papel e levados ao nutricionista. O diário alimentar funciona ao fazer as pessoas refletirem sobre seus hábitos alimentares. Eu penso que a parte mais eficaz é a responsabilidade e a outra parte mais eficaz é a consciência aumentada sobre de onde estão vindo aquelas calorias extra”, inicia a nutricionista Patricia Folle. Ela comenta, também, que o diário é uma forma de perceber onde é preciso melhorar. “Diários alimentares também ajudam direcionar áreas que precisam de melhorias. Por exemplo, pode fazer com que alguém se dê conta de que está comendo mil calorias no almoço e a determinar o objetivo de diminuí-lo”, acrescenta.
O problema inicia quando fazer o diário alimentar e anotar cada item se torna um sacrifício. “Preencher o diário pode parecer uma tarefa que custa tempo. Muitas pessoas que fazem dieta esperam muitas horas, depois de comerem, para anotar e requer uma boa memória para não esquecer o que tenha ocorrido no dia”, explica. Diante disso, a estratégia utilizada por Patrícia e outros nutricionista é transformar os diários alimentares em um Diário Alimentar Visual. “Fotografar o que está comendo ou bebendo ajuda as pessoas a evitar comer besteiras e as encoraja a pensar sobre o que eles consumindo. Os diários também facilitam que os registros das calorias diárias sejam precisos”, avalia a nutricionista.
De fato, o Diário Alimentar Visual dá certo porque alia duas artes: a da cozinha e a da fotografia. “Com a moda das fotos e agora com as de comida os registros podem ficar mais completos e esta é uma maneira mais detalhada e prática para montar o cardápio ou plano alimentar. Além de gravarem o que comeu, as fotos servem para uma comparação diária, fazendo com que sejam estabelecidas as diferenças que precisam ser vistas na rotina, como maior consumo de saladas e menor ingestão de gorduras, por exemplo”, acrescenta Patrícia. Estudos feitos por pesquisadores comprovam que testando as lembranças dos voluntários sobre o que haviam comido, os diários alimentares em fotos se mostraram registros muito mais eficientes e precisos para somar as calorias diárias. Quem faz, recomenda.
Jéssica Sachet tem 23 anos e há pouco mais de dois meses frequenta, semanalmente, uma nutricionista. Veio da profissional a sugestão de elaborar um Diário Alimentar Visual. “A ideia de fotografar tudo aquilo que eu como surgiu da minha nutricionista que justificou que, dessa forma, eu consigo perceber mais aquilo que eu consumo. Muitas vezes, pela correria, isso passa um tanto despercebido, especialmente nos finais de semana que é mais fácil sair da dieta proposta”, inicia. Ela acrescenta que com as fotos é possível perceber onde estão os erros na busca por uma alimentação saudável. “Eu consigo perceber onde estou errando e ela consegue perceber o quanto eu estou seguindo o que ela propôs. As fotos ajudam no nível de comprometimento. Às vezes é inconsciente fugir da dieta, mas quando existe o registro e tu vê ele depois é diferente porque tu toma consciência do erro. Isso ajuda bastante”, avalia. Para ela, o essencial é que o registro não fique apenas no momento. “Esse diário é importante porque ele não é só o momento porque, depois, com a minha nutricionista converso sobre as coisas que comi, sobre o que funciona o que não funciona e sobre o que se pode mudar”, conclui.
Patrícia concorda e acredita que fotografar a rotina alimentar é importante para estimular a mudança no dia-a-dia. “Além das fotos desencorajarem poderosamente a ingestão de besteiras elas também estimularam a parar e pensar sobre o que estavam comendo no momento certo: logo antes de comê-la.”, encerra.