Câncer de mama: quimioterapia para todas as pacientes?

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Recentemente foi apresentado no Congresso Europeu em Viena (ESMO 2015) e posteriormente publicado no períodico médico New England Journal of Medicine a primeira parte dos dados de um grande estudo conhecido como TAILOR X, muito aguardado no meio oncológico. Esse estudo avaliou o papel do uso de um exame conhecido como OncotypeDx, que analisa 21 genes do câncer de mama de cada paciente individualmente para estimar o risco de recidiva da doença após 5 ou 10 anos e tentar definir de maneira mais precisa quais as pacientes que realmente tem algum benefício de receber tratamento com quimioterapia após a cirurgia naqueles casos em que os linfonodos da axila estão livres de doença. Esse teste é restrito para as pacientes cujo tumor expressa receptores hormonais (estrógeno ou progesterona), mas esse perfil de mulheres corresponde a maior parte dos casos diagnosticados atualmente. Nesse estudo, todas as mulheres cujo resultado do Oncotype indicava uma nota de RS (risco de recorrência) abaixo de 11, eram tratadas exclusivamente com medicações orais de terapia anti-hormonal, portanto, sem quimioterapia. O que se observou após um longo tempo de acompanhamento é que após 5 anos cerca de 99% dessas pacientes seguiam livres de metástases (lesões do câncer em outros órgãos), mostrando que foi válida e segura a estratégia de poupar de quimioterapia as mulheres com câncer de mama sem envolvimento axilar e com perfil de doença negativa para a proteína HER2 e positiva para receptores do tipo RE e/ou RP. Embora o alto custo do Oncotype ainda seja um fator que dificulta o acesso ao teste em larga escala, esse estudo representa um grande passo na busca de uma maior precisão na individualização dos tratamentos oncológicos.

Rodrigo Ughini Villarroel é oncologista do Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica (CITO)

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