O Hospital da Cidade realizou neste mês evento relacionado aos cuidados paliativos e a importância da abordagem interdisciplinar. A atividade é alusiva ao Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, lembrado no dia 10 de outubro.
O médico oncologista, Luis Alberto Schllitler e a psicóloga Amanda Valério Espíndola abordaram ações que incluem medidas terapêuticas para o controle dos sintomas físicos, intervenções psicoterapêuticas e apoio ao paciente do diagnóstico ao óbito – Falar sobre a morte e a terminalidade da pessoa vai um pouco contra nossa formação, a gente tenta sempre dar saúde aos pacientes e isso é o outro lado da história. Existe no Brasil a estimativa de mais de 1 milhão de mortes por ano, destas, cerca de 800 mil são mortes pré-anunciadas – explicou o oncologista Luis Alberto Schllitler. Idealizado pela médica inglesa Cicely Saunders na década de 1960, o tratamento paliativo ainda engatinha no Brasil. Segundo relatório divulgado pela Economist Intelligence Unit (EIU), o país está em 42° lugar em um levantamento que avaliou os cuidados paliativos disponibilizados aos pacientes terminais em 80 países.
Cuidados Paliativos em Oncologia: uma abordagem necessária
*Amanda Valério Espíndola, psicóloga do Programa de Residência Multiprofissional Integrada em Saúde - Atenção ao Câncer HC/UPF/SMS.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu, em 1990, cuidados paliativos como uma modalidade de assistência e definiu, em 2002, cuidados paliativos como uma abordagem que busca a melhora na qualidade de vida de pacientes (e de seus familiares) cujos diagnósticos correspondam aos de doenças potencialmente ameaçadoras à vida – como as neoplasias malignas –, por meio da prevenção e do alívio de sofrimentos como a dor e outras questões de ordem física, psicossocial e espiritual. Segundo a OMS, os cuidados paliativos não aceleram e não postergam a morte, consideram a vida e a morte como processos naturais – compreendendo, dessa forma, que nenhuma deve se sobrepor à outra.
Os cuidados paliativos surgiram a partir da urgência de tratamentos para lidar com os agravos causados pelas neoplasias no fim de vida. Entretanto, entende-se, hoje, que, contrariamente ao imaginário social, esses cuidados devem ser iniciados a partir do diagnóstico de doenças potencialmente fatais. Devem ocorrer, portanto, paralelamente aos tratamentos ativos (como a cirurgia, quimioterapia ou radioterapia) e, à medida que a doença avança e os tratamentos ativos não oferecem mais possibilidades curativas, os cuidados paliativos ganham espaço no tratamento, devendo, ao final da vida, ser a principal terapêutica a ser oferecida a esses pacientes e seus familiares.
Identifica-se que os cuidados paliativos – enquanto abordagem total e integral – implicam na atuação de equipes multiprofissionais, as quais podem ser compostas por enfermeiro, psicólogo, médico, assistente social, farmacêutico, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, odontólogo, assistente espiritual e outros trabalhadores e profissionais da saúde. Busca-se promover um cuidado desse sujeito adoecido e não de sua doença, como eventualmente incorrem os tratamentos curativos.
A instituição do Dia Mundial de Cuidados Paliativos (10 de outubro) trata-se de uma iniciativa que busca a desmistificação e o reconhecimento dessa área do cuidado, a fim de que se consagre, assim como as demais áreas do cuidado, como uma importante forma de tratamento.