A existência de simples relatos de cura ou de melhora da doença entre pacientes que recorreram à fosfoetanolamina não comprova a eficácia da substância contra o câncer. Estudos com seres humanos são essenciais para que uma substância seja considerada um medicamento, chamados testes clínicos, têm planejamento e controle rigorosos, além de um acompanhamento contínuo dos pacientes. Distribuída pela USP de São Carlos por causa de decisões judiciais, a fosfoetanolamina, alardeada como cura para diversos tipos de câncer, não passou por esses testes em humanos, por isso não é considerada um remédio.
Os testes clínicos necessários para o lançamento de uma droga são feitos em três etapas. A fase 1 testa a substância em um número pequeno de voluntários saudáveis para avaliar seus efeitos colaterais . Na fase 2, a substância é testada em pacientes que têm a doença que se pretende tratar para verificar se ela é capaz de controlar a enfermidade, qual o percentual que o remédio poderia funcionar.Na fase 3 o produto é administrado a um número maior de pessoas e seu efeito é comparado com o de outras drogas já existentes , para verificar se a nova droga representa um avanço no tratamento da doença.
Também são avaliadas questões como indicação e contraindicação, dosagem e efeitos colaterais.Sem estes passos, não existe registro de nenhuma substância como medicamento em qualquer parte do Brasil e do mundo! Sem os testes clínicos controlados, portanto, não é possível saber se relatos de cura associados à fosfoetanolamina podem ser realmente atribuídos à substância ou se foram resultados do tratamento convencional mantido pelo paciente, por exemplo.
A divulgação sobre a fosfoetanolamina tem impactado o cotidiano dos consultórios. Muitos pacientes estão ansiosos com a sua doença e questionam sobre a droga, perguntando se podemos prescrever.
Nenhum oncologista/nenhum médico pode prescrevê-la por questões éticas. Boa parte dos pacientes entende que não é seguro tomar um medicamento como esse. Mas existe ainda a situação de desespero em que, por meio de advogados, pacientes conseguem a droga na Justiça. Muitos pacientes têm deixado de fazer os tratamentos convencionais para aderir à fosfoetanolamina. Isso pode impactar de forma muito grave no tratamento ideal atual, tratamento que já foi testado em estudos clínicos.
Muitos pacientes e familiares inclusive acreditam que exista um complô da indústria farmacêutica para encobertar a descoberta da cura do câncer. Esta é uma teoria da conspiração para pegar pessoas desavisadas e desesperadas e justificar que tomem uma medicação que foi testada em ratos, e não em pessoas.
O medico oncologista realiza biópsias, varias analises de laboratório, tomografias, endoscopias, etc. em busca de achar a doença e classificar a doença em tipo, estagio clinico e verificar qual o melhor tratamento naquela situação. E agora surge um remédio que não foi testado em humanos e que promete curar todos os tipos de câncer!!!
O câncer jamais será tratado por um remédio único. O tratamento é complexo e cada tumor tem sua maneira de tratamento mais adequada.
Devemos entender a angustia dos pacientes e familiares nesta doença tão complexa que é o câncer. Mas não devemos estimular estes tratamentos milagrosos que surgem tentam aproveitar desta situação peculiar e delicada.