Pela prevenção do câncer de próstata

movimento surgiu na Austrália, em 2003, durante o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, em 17 de novembro.

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A cada ano, 69 mil diagnósticos de câncer de próstata são feitos no Brasil. Para conscientizar homens sobre a importância da prevenção e diagnóstico desse tipo de câncer, entidades médicas em todo o mundo realizam neste mês campanha chamada Novembro Azul. No Brasil, a campanha foi lançada oficialmente no dia 1º de novembro, durante o 35º Congresso Brasileiro de Urologia, no Rio de Janeiro. O movimento surgiu na Austrália, em 2003, durante o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, em 17 de novembro.

Cada vez mais pesquisas comprovam que a saúde, mais do que genética, é consequência das escolhas e hábitos de vida, segundo relatos do Ministério da Saúde. Hábitos saudáveis e acompanhamento de saúde preventivo são o caminho para o envelhecimento com qualidade de vida. Porém os homens costumam dar menos atenção à saúde e realizam menos consultas médicas. 

Um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, por exemplo, mostra que 70% das pessoas do sexo masculino que procuram um consultório médico tiveram a influência da mulher ou de filhos. O estudo também revela que mais da metade desses pacientes adiaram a ida ao médico e já chegaram com doenças em estágio avançado. Os dados foram apresentados pelo Ministério da Saúde. Os homens brasileiros vivem, em média, 7,2 anos a menos que as mulheres. Entre as causas de morte prematura estão à violência e acidentes de trânsito, além de doenças cardiovasculares e infartos. Por isso o Ministério da Saúde implementou, em 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Um dos principais objetivos é promover ações de saúde que contribuam para a compreensão da realidade singular masculina e propiciar um melhor acolhimento no Sistema Único de Saúde (SUS).

Os homens com mais de 50 anos e com sintomas de problemas na próstata, como dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, devem ir ao médico para investigar o problema. É possível que outras doenças, como uma infecção urinária esteja causando os sintomas. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres.

Para aqueles com história familiar de câncer de próstata (pai ou irmão) antes dos 60 anos e assintomáticos, a recomendação também é consultar um médico, pois somente ele pode orientar quanto aos riscos e benefícios da realização dos exames. As evidências disponíveis demonstraram que a realização periódica do toque retal e dosagem de PSA em homens assintomáticos teve como resultado uma redução mínima da mortalidade por câncer de próstata, mas com um aumento importante dos danos  na população rastreada, o que leva a recomendação de que não se organizem programas de rastreamento para este tipo de câncer. Todos os procedimentos devem ser solicitados pelo profissional de saúde, respeitando os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Outros cuidados, como autoexame de testículos e pênis, são importantes.

Vale lembrar que o câncer de próstata é considerado de terceira idade, já que ¾ dos casos acontecem a partir dos 65 anos e o risco pode ser maior em quem tem histórico familiar da doença. Ainda não existem exames adequados para o rastreamento do câncer de próstata e a melhor alternativa hoje é manter uma alimentação saudável, não fumar, ser fisicamente ativo e visitar regularmente seu médico.

Fatores de risco:
  Idade (cerca de 62% dos casos são de homens a partir dos 65 anos)
  Histórico familiar
  Raça (maior incidência entre os negros)
  Alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas, verduras, legumes e grãos
  Sedentarismo
  Obesidade

Sintomas (só aparecem nos casos avançados):
  Vontade de urinar com urgência
  Dificuldade para urinar
  Levantar-se várias vezes à noite para ir ao banheiro
  Dor óssea
  Queda do estado geral
  Insuficiência renal
  Dores fortes no corpo
(Fonte: Sociedade Brasileira de Urologia - SBU)

Entrevista

Medicina & Saúde - O câncer de próstata é o mais prevalente entre os homens?
Rodrigo Villarroel- Se não considerarmos o câncer de pele, que tem um baixo impacto em mortalidade, o câncer de próstata ocupa o primeiro lugar em incidência e o segundo lugar em mortes por câncer na população masculina (perde apenas para o câncer de pulmão). Estima-se no Brasil para 2015 cerca de 70 mil novos casos.

Medicina & Saúde - A partir de qual idade devem ser feitos os exames de rotina? Quais são?
Rodrigo Villarroel - Não existe um consenso sobre essa questão, mas geralmente a recomendação é para que os exames visando o diagnóstico precoce do câncer de próstata sejam iniciados aos 50 anos de idade após uma conversa com seu médico sobre todas as questões envolvidas no rastreamento. No caso de homens de raça negra ou com histórico familiar de irmão ou pai com câncer de próstata, principalmente se antes dos 65 anos, essa avaliação pode ser feita a partir dos 45 anos em função do risco aumentado nessa população. Os exames indicados são o PSA e o toque retal. O antígeno prostático específico (PSA) é uma substância produzida pelas células da glândula prostática. O PSA é encontrado principalmente no sêmen, mas uma pequena quantidade é também encontrada no sangue. A maioria dos homens saudáveis têm níveis menores de 4 ng/ml de sangue. A chance de um homem desenvolver câncer de próstata aumenta proporcionalmente com o aumento do nível do PSA. Geralmente quando o câncer de próstata está presente o nível do PSA está acima de 4 ng/ml. Entretanto, um nível abaixo desse valor não significa que o câncer não esteja presente. Por outro lado, níveis elevados não necessariamente significam que o homem está com câncer de próstata. O diagnóstico definitivo sempre deve ser feito através de uma biópsia da próstata, que consiste na retirada de um pequeno fragmento geralmente através de um exame de ecografia. No exame de toque retal o médico introduz um dedo, com luva lubrificada no reto para sentir alterações na superfície posterior da próstata que possam ser suspeitas de câncer. O toque retal é menos eficaz que o PSA para um diagnóstico precoce, mas às vezes pode detectar o câncer em homens com níveis de PSA normais, razão pela qual é realizado em combinação com o exame de PSA para o rastreamento do câncer.

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