Ortoqueratologia trata miopia enquanto paciente dorme

Terapia corretiva consiste na adaptação de lentes de contato de curva reversa, com a finalidade de alterar o formato da córnea do paciente

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Com o aumento da incidência de casos de miopia em todo mundo, cresce também a preocupação em relação ao controle da doença, por conta dos inúmeros impactos socioeconômicos gerados por ela. Fatores como um maior uso de computadores e smartphones, atividades que demando um uso mais continuado da visão, podem ter relação com a evolução dos números da doença. Além disso, vários são os fatores de risco dos portadores de miopia, incluindo patologias correlacionadas, tais como alterações retinianas e do segmento anterior, como catarata e glaucoma.

Nos consultórios oftalmológicos as correções comumente indicadas para tratar a miopia são o uso de óculos, lentes de contato e cirurgias refrativas. Mas um tratamento que permite a correção visual enquanto o paciente dorme começa a ganhar espaço no Brasil. É a Ortoqueratologia, uma terapia corretiva de miopia transitória que consiste na adaptação de lentes de contato de curva reversa, com a finalidade de alterar o formato da córnea do paciente. Estudos demonstram que o tratamento contribui para um retardo no crescimento axial do olho, resultado em uma correção temporária da miopia.

Segundo a médica oftalmologista Tania Schaefer, de Curitiba, esse tipo de terapia corretiva existe há décadas nos Estados Unidos e na Europa, mas foi a partir da evolução dos materiais das lentes de contato que a Ortoqueratologia passou a ser considerada uma opção viável, para trazer mais qualidade de vida a milhares de pacientes portadores de miopia. "Para reduzir esses erros de refração são utilizadas lentes de contato rígidas, cujo formato é concebido com o intuito de remodelar a córnea, através de um processo de aplanação da mesma", explica a médica.

Usadas enquanto o paciente dorme, as lentes ortoqueratológicas agem moldando o epitélio, camada mais superficial da córnea, que possui propriedades elásticas. Se aplicado pelo médico oftalmologista treinado e certificado, o método é totalmente seguro e confortável, conseguindo promover uma redução de até 6 dioptrias de miopia. Quando cessa o uso da terapia refrativa por meio da Ortoqueratologia a miopia e também o astigmatismo retornam a sua graduação original.

Indicação
Estudos clínicos revelam que boa parte dos pacientes com indicação para este tipo de tratamento têm resultados expressivos em poucas semanas, mas também é comum perceber uma melhora da visão depois de poucos dias do uso das lentes. "No entanto, pela rápida evolução no controle da miopia e astigmatismo, é necessário um acompanhamento muito próximo do médico oftalmologista, com visitas periódicas para avaliação", explica Tania Schaefer.

Antes de iniciar a adaptação das lentes é realizada uma minuciosa avaliação do paciente pelo especialista, para determinar a curvatura corneal por meio de topógrafo ou por queratoscopia computadorizada. O videoceratoscopio ou topógrafo verificam se o paciente tem ou não a indicação para o tratamento. Estes equipamentos também são essenciais no acompanhamento da evolução do paciente. "Entre as vantagens da Ortoqueratologia estão a rápida recuperação visual e o fato de não haver limite de idade para aplicação da terapia", diz a médica.

Tratamento
A rotina dos pacientes em tratamento inclui colocar as lentes durante a noite e tirar ao levantar. O resultado é uma visão nítida durante o dia sem ajuda de óculos ou lentes de contato. Mas se o paciente deixar de usar a lente à noite, a visão volta a ficar como antes da terapia. As lentes devem ser trocadas uma vez por ano e estudos não registraram quaisquer complicações no uso, sendo completamente seguras e eficazes, desde que aplicadas por profissional habilitado. A Ortoqueratologia praticada nos novos moldes precisa ser entendida como uma terapia de correção transitória da miopia. Ela também pode ser aplicada no controle do astigmatismo, mas dentro de certos limites de grau e de indicação clínica. "Nem todos os míopes e nem todos astigmatas têm indicação para uso deste tratamento", finaliza Tania Schaefer.

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