O câncer é a segunda maior causa de morte no Brasil, com 190 mil óbitos por ano. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de que 596 mil novos casos da doença surjam este ano. Destes, 34.280 casos serão somente de câncer de cólon e reto, cuja proporção será maior na região Sul, onde a doença é a segunda e a terceira mais frequente entre homens e mulheres, respectivamente.
A maior incidência do câncer de cólon e reto na região Sul se deve ao fato de o modo de vida nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ser mais semelhante ao de países desenvolvidos, em que há uma elevada prevalência de excesso de peso e obesidade, inatividade física e consumo de carnes processadas (salsicha, presunto, linguiça, carne seca etc.).
Os sintomas do câncer colorretal só aparecem quando o tumor já está mais desenvolvido. Sangramento nas fezes, alteração do hábito intestinal (diarreia e constipação alternados), necessidade frequente de ir ao banheiro, com sensação de evacuação incompleta, dor ou desconforto abdominal ou anal, fraqueza, anemia, sensação de gases ou distensão e perda de peso sem causa aparente são sinais de alerta.
Alimentação e hábitos de vida saudáveis ajudam na prevenção da doença. Dieta rica em fibras, frutas e vegetais frescos parecem ter efeito protetor sobre a doença enquanto que o consumo de gordura animal e de álcool são fatores de risco reconhecidos. A obesidade, o sedentarismo e o tabagismo, também estão ligados ao aparecimento do câncer de intestino. Pessoas com antecedentes familiares de pólipos benignos, câncer do intestino, retocolite ulcerativa, câncer de mama, ovário ou útero devem procurar um médico.
A prevenção é realizada com a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia, exame que ajuda no diagnóstico e em alguns casos permite a remoção de pólipos, precursores do câncer do intestino.
Tratamento
Apesar de ser uma das neoplasias malignas mais passíveis de cura, chegando a 90% para pacientes no estágio inicial, grande parte é diagnosticada em estágio avançado, por se tratar de uma doença silenciosa e sem incentivo à prevenção. Pacientes com este tipo de câncer, cujos tumores são de reto baixo, ou seja, estão localizados mais próximo da região anal, costumavam ter como tratamento a realização de cirurgia aberta para retirada do reto e ânus, tendo como consequência a colostomia definitiva, que consiste na exteriorização do intestino na parede abdominal, formando um novo trajeto e local para a evacuação. "A presença da bolsa de colostomia definitiva tem um importante impacto físico e emocional, com mudança significativa na vida do paciente e, muitas vezes, causa sintomas depressivos e dificuldade de aceitação", considera o médico coloproctologista, Gustavo Becker Pereira.
Ele lembra que é possível tratar o câncer de cólon e reto por cirurgia minimamente invasiva, especialmente no tumor de reto baixo, de forma adequada e com boas margens cirúrgicas. Em muitos casos, é possível preservar os músculos do canal anal, evitando que o paciente fique com a colostomia definitiva. "A cirurgia de Retossigmoidectomia Transanal por Cirurgia Minimamente Invasiva é um procedimento muito especial para os pacientes com câncer de reto, pois possibilita fazer a cirurgia de forma combinada (através do abdômen e do ânus), retirando o intestino acometido e contribuindo para preservar o ânus em casos em que o tumor está mais baixo", explica.
A cirurgia é feita por videolaparoscopia com pequenos cortes, com o auxílio de monitores, câmeras de alta definição e pinças especiais que possibilitam uma cirurgia delicada e controle rigoroso do sangramento. Os principais benefícios são a diminuição das complicações cardíacas e pulmonares, redução significativa da dor pós-operatória, menor tempo de internação, retorno mais precoce às atividades laborais e melhor resultado estético.
A cirurgia é realizada em poucos centros do país e nos principais hospitais a nível mundial: Hospital Clínic de Barcelona (Espanha), Cleveland Clinic e Mayo Clinic (EUA). O Hospital Clínic de Barcelona, é a instituição com maior experiência nesta cirurgia.
Colonoscopia: exame pode reduzir taxa de mortalidade do câncer colorretal
Predisposição genética, histórico familiar, sedentarismo, obesidade, tabagismo, dieta rica em carnes vermelhas e pobre em fibras estão entre os fatores de risco mais conhecidos para o câncer colorretal. Até bem pouco tempo atrás, a eficácia da colonoscopia em pacientes de médio risco para esse tipo de câncer era desconhecida. Hoje já se sabe que esse exame – que pode ser explicado como uma ‘endoscopia do intestino’ – vem substituindo rapidamente a sigmoidoscopia, exame pouco invasivo que permite identificar anormalidades no ânus, reto, cólon sigmoide e porção distal do cólon descendente.
De acordo com o médico endoscopista Edson Ide, do Centro de Diagnósticos Brasil (CDB), em São Paulo, a colonoscopia permite a visibilidade de todo o intestino grosso, enquanto a sigmoidoscopia (rígida ou flexível) observa uma região menor, de cerca de 60cm – ou seja, menos da metade do órgão. “Estudos confirmam e avalizam a colonoscopia como método de escolha para o diagnóstico e a prevenção do câncer colorretal avançado, reduzindo drasticamente a taxa de mortalidade nos pacientes selecionados”.
O especialista explica que a colonoscopia também permite o diagnóstico de pólipos, tumores benignos, focos de sangramento, câncer na fase inicial, além de uma série de doenças benignas (mas não menos importantes) como, por exemplo, a doença inflamatória intestinal. “Esse exame é um meio muito eficaz de detectar e tratar, porque permite a remoção de tumores benignos com potencial maligno ou mesmo o câncer em sua fase mais precoce”.
Ainda de acordo com o INCA, o prognóstico do tratamento é ainda melhor quando é realizada a remoção dos pólipos antes que se tornem malignos ou ainda quando o diagnóstico de câncer colorretal é realizado bem no início da doença. Por isso, na presença de alguns sintomas, como diarreia, cólicas ou gases persistentes, presença de sangue ou pus nas fezes, mudança na coloração e textura das fezes, ou perda de peso sem razão aparente – principalmente seguida de cansaço, náuseas e vômitos –, é importante procurar orientação médica sem demora.
Perguntas e respostas
Quais são os sintomas que indicam a presença de pólipo no intestino?
A maioria dos casos, em estágio inicial, de câncer colorretal não apresenta quaisquer sinais e sintomas. Por isso, é importante ficar atento a qualquer sinal ou sintoma diferente. Converse com seu médico ou consulte um coloproctologista caso perceber sintomas, como:
Diarreia ou constipação.
Sensação de que o intestino não é completamente esvaziado.
Presença de sangue nas fezes.
Dor abdominal tipo cólica, sensação de inchaço abdominal.
Perda de peso sem um motivo específico.
Cansaço e fadiga constante.
Náuseas e vômitos.
Por que os pólipos são formados?
Evidências sugerem que a maioria dos tumores do intestino grosso se desenvolve a partir de pólipos benignos. Não se sabe exatamente o que causa os pólipos, no entanto algumas pessoas possuem uma tendência genética a desenvolvê-los. Condições hereditárias como a Polipose Adenomatosa Familiar e a Síndrome de Gardner podem levar ao crescimento de centenas de pólipos no cólon e no reto.
Todo pólipo se transforma em câncer?
Existem vários tipos de pólipos. A maioria deles é benigno, mas um tipo, o Pólipo Adenomatoso, está associado a mudanças no DNA das células do intestino grosso. Estas mutações podem provocar o câncer colorretal. Os pólipos planos são mais prováveis de se tornar cancerosos que os pólipos em forma de cogumelo, por outro lado quanto maior o pólipo, maior a chance de conter células cancerosas. Por esse motivo, os pólipos de intestino do tipo adenoma são considerados lesões pré-cancerosas e daí a importância de seu diagnóstico e tratamento precoces para evitar a evolução para um tumor maligno. Os demais tipos de pólipos do intestino têm menos importância clínica por não apresentarem potencial de malignização.
O câncer colorretal é hereditário?
A maioria dos cânceres colorretais ocorre em pessoas sem histórico familiar de câncer de Intestino. Ainda assim, 20% das pessoas que desenvolvem a doença têm outros membros da família que foram afetados pela enfermidade. Pessoas com história de câncer colorretal ou pólipos adenomatosos em um ou mais parentes de primeiro grau têm o risco aumentado. O risco é dobrado em pacientes com apenas um parente de primeiro grau afetado. Este risco é ainda maior se este parente foi diagnosticado com menos de 45 anos, ou se mais de um parente de primeiro grau é acometido.
Quando se deve consultar um coloproctologista?
O coloproctologista deve ser consultado na presença de um dos seguintes sintomas:
Presença de sangue nas fezes.
Sangramento anal seja em pequena ou grande quantidade.
Dificuldade ao evacuar.
Dor ou cólica abdominal sem motivo específico.
Ardência ou coceira anal.
Diarreia de longa data.
Histórico de câncer colorretal na família.
Fonte Instituto Oncoguia