Muita gente já ouviu dizer que atividade física previne câncer. Mas o que pode ter a ver uma coisa com a outra? Como o exercício físico regular (no mínimo três vezes por semana com duração mínima de trinta minutos) faz com que diminua o risco de um tumor surgir em nosso organismo?
De forma geral, a atividade física diária reduz o estresse oxidativo, isto é, a produção de radicais livres, agentes que podem prejudicar o metabolismo intracelular e ocasionar danos ao DNA, RNA, lipídios e proteínas. Radicais livres também promovem o mau funcionamento do sistema de reparo do DNA, contribuindo para a proliferação de células com mutações, ou seja, o desenvolvimento do câncer.
Com o gasto energético maior, há diminuição do peso corpóreo, do colesterol, o diabetes fica controlado, o sistema imunológico se fortalece e consequentemente há uma melhora de todas as funções orgânicas vitais. Quando você está fragilizado, com o imunológico debilitado, tudo é prejudicado. Então, o exercício físico tem essa relação indireta de prevenção.
E quanto à intensidade dos exercícios? Para evitar a formação de radicais livres, a dica é praticar mantendo de 65 a 80% de sua frequência cardíaca máxima (FCM). Para descobrir sua FCM, basta fazer uma conta simples: 220 menos a sua idade. Por exemplo, para uma pessoa de 25 anos, a frequência cardíaca máxima será de 220 menos a sua idade. Por exemplo, para uma pessoa de 25 anos, a frequência cardíaca máxima será de 220 – 25 = 195 batimentos por minuto (bpm).
Estudos apontam que a atividade física influencia o surgimento do câncer em diversos outros níveis: na indução da carcinogênese (nome dado ao processo de formação e progressão tumoral), na supressão da angiogênese (formação de novos vasos que alimentam o tumor), nos níveis hormonais, na redução de processos inflamatórios e da gordura abdominal. Essa gordura acumulada apresenta atividade metabólica e influencia os níveis de hormônios circulantes que são associados à carcinogênese de alguns tumores, como câncer de mama, endométrio, cólon e próstata.
Atividade física é fundamental não só para prevenção, mas também para quem está em tratamento ou passou por um tumor maligno.
Luis Alberto Schlittler - oncologista do Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica (CITO). Responsável Tumores Gastrointestinais, Sistema Nervoso Central e Pulmão.