Há quem defenda, há quem condene. Quando o assunto é café, pesquisadores e médicos divergem bastante, mas é raro encontrar por aí quem consiga passar pelo menos um dia sem a famosa bebida. Mas afinal, café é bom ou ruim para a saúde?
De acordo com a nutricionista clínica do Hospital São Vicente de Paulo, Tatiane Basso, é difícil consensuar essa questão, pois ele pode ser tanto benéfico quanto maléfico e isso vai depender de inúmeros fatores, entre eles genéticos, patologias específicas e até mesmo quantidade e frequência de consumo. Mas, se modo geral, e para indivíduos saudáveis, a nutricionista garante que o café pode apresentar diversos efeitos positivos, desde que consumido em quantidades adequadas.
O que tem no seu cafezinho
O café que você ingere todos os dias é composto principalmente por cafeína, cafestol, caveol (kahweol) e ácidos clorogênicos. “Segundo alguns estudos científicos, o cafestol e caveol possuem efeitos positivos relacionados a reduça??o dos riscos cardiovasculares por diminuir LDL (conhecido popularmente como o colesterol ruim) em indivíduos com fatores genéticos específicos e proteça??o de carcinomas de fígado quando associado a fatores genéticos e hábitos de vida saudáveis”, explica Tatiane.
O ácido cloroge?,nico é conhecido pela capacidade de diminuiça??o dos agravos de neoplasias pela sua capacidade antioxidante. Já a cafeína, é a substância presente no café mais popular e a que tem seus benefícios mais amplamente estudados. Segundo a nutricionista, embora nem todos os itens sejam consenso e lembrando que cada caso é único, de forma geral é possível dizer que a cafeína pode sim trazer efeitos positivos para a saúde, entre eles a melhora da enxaqueca pela vasoconstriça??o cerebral e o controle da hiperatividade e déficit de atença??o pelo aumento nas sinapses nervosas.
Os benefícios da cafeína
- Melhora da enxaqueca pela vasoconstriça??o cerebral;
- Auxílio no controle da hiperglicemia (aumento dos triglicerídeos sanguíneos) e diminuiça??o dos agravos oxidativos cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2;
- Melhora do quadro de depressa??o respiratória pela dilataça??o bro?,nquica;
- Controle da hiperatividade e déficit de atença??o pelo aumento nas sinapses nervosas;
- Auxílio no rendimento físico, auxiliando a lipólise (quebra de gordura) de gorduras músculo esquelética;
- Termogenicidade e estimulaça??o cardíaca e do sistema nervoso central;
- Preservaça??o da memória senescente e auxílio positivo no curso da doença de Alzheimer e Parkinson;
Cautela é essencial
Apesar das notícias animadoras, vale o ditado “A diferença entre veneno e remédio é a dose”. Como já dito por Tatiane, para pessoas saudáveis a cafeína pode promover grandes benefícios. Porém ainda existem aqueles que devem ter atenção redobrada ao incluir produtos e alimentos à base de cafeína à dieta: gestantes, nutrizes, pessoas com problemas crônicos devem sempre procurar orientação de profissionais antes de incluir este tipo de produto a dieta, pois muitas vezes não é recomendado.
Além disso, o controle das porções ingeridas deve ser sempre observada para não levar a efeitos colaterais, que por mais brandos que pareçam podem incomodar, como insônia, dor de cabeça e irritações gástricas. “O café possui um altíssimo potencial antioxidante, porém se consumido em excesso pode gerar um aumento na produção de radicais livres no organismo. Os ácidos clorogêncicos presentes nesta bebida podem aumentar a liberação de gastrina, um hormônico que responde pela secreção gástrica, causando diversos desconforntos no estômago como gastrite, azia por exemplo”, explica a nutricionista.
Se consumidos em excesso, o cafestol e caveol podem aumentar os riscos cardiovasculares por elevar o colesterol em indivíduos genéticamente pré dispostos. O mesmo vale para a cafeína. Abusar do cafezinho pode trazer vários efeitos negativos como aumento dos riscos cardiovasculares: riscos de arritmias; aumento súbito da pressão arterial em ingesto??es agudas, na??o habituais e em indivíduos com baixo metabolismo para cafeína, podendo aumentar o risco de infarto agudo do miocardio e parada cardíaca; elevaça??o de hormônios que contribuem para gastrites e desconfortos gastrintestinais; agravos da incontine?,ncia urinária; leve grau de depende?,ncia e perda do apetite.
Por isso, mesmo com todos os benefícios, é preciso moderar o consumo. Para saber a quantidade certa que você pode ingerir Tatiane lembra que é preciso conhecimento clínico e dietético sobre a sua saúde, algo que só um médico poderá dizer. Entretanto, existem algumas recomendações gerais como, por exemplo, o consumo de 2 a 3 doses de 60 ml ao dia, porém, existem variações em relação a presença ou não de doenças, sexo, idade, entre outros. “A melhor opção é sempre consultar um profissional médico ou nutricionista para avaliar a sua necessidade. Na dúvida, moderação é sempre uma boa pedida”, finaliza.
Café emagrace?
Entre as inúmeras questões já levantadas a respeito do café, uma delas sempre acaba chamando mais atenção, principalmente das mulheres. Afinal, é verdade que o café emagrece? Segundo Tatiane, apesar de a cafeína promover termogenicidade e quebra de gordura, na??o é comprovado seu benefício como substa?,ncia emagrecedora. “Atletas e/ou praticantes de exercícios físicos, são atraídos pela cafeína também por seu efeito de estimulaça??o cardiovascular em exercícios aeróbicos e o aumento da sensibilidade do centro respiratório, melhorando a contraça??o da musculatura esquelética”, comenta. Já quanto ao emagrecimento, a nutricionista lembra que é preciso estar atento à quantidade de açúcar que é colocao no café. O ideal, de acordo com ela, é consumir a bebida de forma natural. “Uma dica para quem é acostumado a utilizar açúcar em excesso, é reduzir aos poucos, variando a cada mês a quantidade aplicada, até aprender a saborear o café na sua forma natural”, ensina.
Entrevista:
A cafeína é realmente estimulante?
“Sim, já é comprovada a sua ação como estimulante do sistema nervoso central, causando vasoconstrição e aumento da concentracão de adrenalina nas sinapses nervosas”.
Há estudos que dizem que o café é muito benéfico para as mulheres. Isso é verdade? Por que?
“Sim, alguns estudos sugerem que no sexo feminino, o uso crônico de café em associação com outros fatores, pode contribuir na concentração plasmatica de lipídeos de forma positiva, aumentando a concentração de HDL, conhecido como o bom colesterol”
É possível se tornar dependente de café?
“O café pode gerar uma leve dependência, sendo que fatores como aumento da sonolência, e dificuldade de atenção podem fazer com que o indivíduo perceba sua falta”.
Colaborou:
Tatiane Basso - Nutricionista Clínica do Hospital São Vicente de Paulo, Nutricionista da Clínica LIFE. Especialista em Nutrição Clínica, Metabolismo e Estética.