Quando o primeiro espirro dá início a uma série de novas dores, você já imagina que uma gripe ou um resfriado conseguiu ultrapassar o seu sistema imunológico e se instalar no seu corpo causando desconforto. Em tempos de surto de H1N1, você pode, por um momento, imaginar que contraiu a doença. O fato é que, apesar de os sintomas da gripe comum, do resfriado e da H1N1 serem semelhantes, as três doenças são diferentes, afetam o corpo de formas distintas e os tratamentos devem ser direcionados. Com a chegada do outono e a proximidade do inverno, ainda que as temperaturas ainda estejam altas, a tendência é que essas doenças se manifestem de forma mais intensa e, por isso, é preciso estar atento para saber como estancar a ação dos vírus: você sabe diferenciar a gripe comum, o resfriado e a H1N1?
Diferença central: agente causador
É preciso entender, primeiramente, que gripe comum, resfriado e H1N1 são causados por agentes diferentes. “O resfriado é causado por diferentes tipos de rinovírus (existem mais de 100), a gripe comum é causada pelas diferentes cepas dos vírus influenza A e pelo influenza B e a gripe do H1N1 é causada por um subtipo de influenza A, identificado como H1N1. A outra diferença é que o vírus H1N1 tem uma virulência maior, ou seja, é mais agressivo e causa mais complicações respiratórias. Isso não significa que os outros vírus não possam causar complicações”, explica a Doutora Janaína Pilau, médica pneumologista e coordenadora médica da UTI Adulto do Hospital da Cidade de Passo Fundo.
Semelhança: sintomas
Ainda que se trate de doenças causadas por diferentes tipos de vírus, os sintomas de cada uma delas são semelhantes. “Apresentam coriza, congestão nasal, dores pelo corpo e nas articulações, febre de diferentes intensidade, podendo ou não estar acompanhados de tosse”, elenca a doutora Janaína que também diferencia: “No resfriado, geralmente o paciente não apresenta febre, mas sim febrícula - entre 37,5 a 37,7 graus. Na gripe comum e no H1N1 os sintomas iniciais são iguais, com febre mais alta - acima de 38 graus associado aos demais sintomas. A diferença está na intensidade dos sintomas e na evolução da doença, que no caso do H1N1 são mais intensos e podem evoluir com febre alta persistente e dificuldade respiratória”. Essa evolução, segundo a doutora, pode ser rápida. “O paciente com sintomas gripais deve ficar atento a essa evolução, e, quando perceber que há uma piora do quadro gripal inicial, deve procurar atendimento médico”, explica.
Tratamento: de olho na evolução da doença
É, justamente, essa evolução da doença que vai direcionar o tratamento empregado. “O tratamento na maioria das vezes, nos três casos, é com sintomáticos e repouso”, declara. Além da medicação sintomática e do repouso, o tratamento envolve, também, hidratação, antitérmico e alimentação leve. Janaína acrescenta, ainda, a necessidade de estar atento ao desenvolvimento da doença. “Geralmente a evolução da doença é autolimitada: a cura acontece em 5 a 7 dias, sem necessidade de tratamento específico”, explica. Nos casos com complicações graves, são necessárias medidas de suporte intensivo. É válido ressaltar que uma das principais complicações da influenza são as infecções bacterianas secundárias - principalmente as pneumonias. Nesse caso, o tratamento é específico. “No caso de piora do quadro inicial, deve-se usar oseltamivir (Tamiflu ®)”, continua a doutora. O Ministério da Saúde alerta que é fundamental procurar atendimento nas unidades de saúde, para que haja identificação precoce de risco para agravamento da doença.
Como prevenir?
Em função de o grupo de risco das três doenças ser o mesmo, as indicações de prevenção também são as mesmas: “As pessoas que fazem parte do grupo de risco devem fazer a vacinação na época adequada, adotar o hábito de lavar as mãos diversas vezes ao dia, usar o braço para proteger ao tossir ou espirrar e não as mãos, usar lenços de papel no lugar dos de pano, fazer higiene nasal com soro fisiológico”, elenca a doutora. Ainda, ela enfatiza que é importante fazer a diferenciação das doenças para saber como proceder em cada caso. “O paciente pode diferenciá-las baseado nos sintomas descritos acima. Se ficar em dúvida, procurar as unidades básicas de saúde onde haverá um profissional para orientá-lo. Em caso de dificuldade respiratória, esse paciente deverá procurar os setores de emergência”, conclui.
E sobre a sinusite?
A sinusite geralmente é uma infecção respiratória bacteriana secundária ao quadro viral. Nesse caso o paciente pode evoluir com tosse, geralmente produtiva e expectoração purulenta associada ou não a cefaléia. O tratamento da sinusite é com antibióticos. Uma maneira de tentar prevenir a infecção bacteriana secundária, sinusite, é intensificar a higienização do nariz com soro fisiológico, que pode ser usados diversas vezes ao dia.
Entenda as doenças:
Resfriado:
Causado principalmente pelos rinovírus e outros cinco grupos de vírus, o resfriado atinge as vias aéreas superiores do corpo: nariz, faringe e laringe. As manifestações mais características são a coriza, a sensação de narinas congestionadas e incômodos leves no corpo. Na maioria dos casos não há febre. Se houver, é baixa. Em resumo, os sintomas são mais brandos e duram, em média, de dois a quatro dias.
Gripe comum:
As gripes que atingem a maior parte população, geralmente no inverno, são causadas pelos vírus influenza. Eles são classificados em três tipos: A, B ou C. A gripe H1N1 é causada pelo tipo A e, por isso, qualquer outra manifestação está relacionada com os vírus das categorias B e C. Os sintomas, porém, são muito semelhantes: febre alta, dores musculares e de cabeça, tosse, espirro, dor nos olhos, congestão nasal, fadiga e calafrios são algumas das principais manifestações das gripes sazonais.
Gripe H1N1:
O vírus influenza do tipo A, causador da gripe suína, recebe esse nome justamente porque pode atingir humanos e porcos. Os sintomas da infecção são muito semelhantes aos de qualquer outra gripe, mas podem se manifestar de uma forma mais intensa: a pessoa sente muitos calafrios, tem tosse seca e contínua, náuseas, diarreia e até rouquidão.
Check list da prevenção
São três doenças diferentes, mas a prevenção é a mesma!
- frequente lavagem e higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;
- utilizar lenço descartável para higiene nasal;
- cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
- evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
- higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
- não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
- manter os ambientes bem ventilados;
- evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe.
Colaborou Doutora Janaína Pilau, médica pneumologista e coordenadora médica da UTI Adulto do Hospital da Cidade de Passo Fundo.