Arquitetura envolve os sonhos das pessoas

Na profissão há mais de 40 anos, Atílio Tramontini acredita que ainda é preciso criar uma cultura sobre arquitetura e urbanismo nas pessoas

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Quem não sonha em ter a própria casa? Arquiteto e urbanista há mais de 40 anos, Atílio Tramontini acredita que essa é uma das missões mais importantes da profissão: realizar o sonho das pessoas de terem seu lar.
Formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1973, Atílio escolheu Passo Fundo para viver e, de certa forma, ajudou a construir a cidade. Ao lado de outros arquitetos e engenheiros, em 1979, ajudou a formar consciência no então prefeito da cidade, Wolmar Salton, para transformar Passo Fundo em uma cidade planejada e assim, deu-se início o projeto de planejamento urbano que tem norteado a nossa cidade. “Foi um passo importante para a cidade, mas é um processo lento e contínuo. A cultura da arquitetura, do urbanismo e do planejamento caminha lentamente”, destaca.
Hoje, muito tempo depois, a cidade cresceu, mas os desafios seguem muito parecidos com os daquela época. Para Tramontini, ainda é pouco difundida a cultura sobre arquitetura nas pessoas e muitas delas acabam não sabendo do que se trata. Mesmo assim, sempre que pode chama atenção para o fato de que a arquitetura é, na verdade, um investimento. “Temos prédios aqui com mais de 50 anos e que vão durar muito mais. O investimento inicial é alto, mas é um bem permanente”, comenta. Em Passo Fundo, Tramontini e o sócio, Henrique Buskühl Neto, assumiram para si a responsabilidade por essa difusão.
Entre as diversas obras que assumiu, estão prédios industriais, supermercados, shoppings industriais, edifícios comerciais, hotelaria, interiores, mas uma ganha destaque: Tramontini foi um dos responsáveis por dar vida ao Bella Cittá Shopping e se orgulha do trabalho que fez. “A gente fez uma obra que é imponente e que quebrou os paradigmas na época. É uma arquitetura característica de shopping, é uma cultura importada, principalmente americana. Uma obra que apesar da imponência, é alegre, é leve, não é austera. É um prédio que convida as pessoas a entrar”, lembra o profissional que garante ser arquiteto 24 horas por dia: “Estamos sempre acompanhando, observando, fotografando. E aqui, mais do que tudo, a gente pesquisa, estuda, aprende”.

Arquitetura ao longo dos anos
Para Tramontini, houve na arquitetura, uma evolução lenta, que engloba tanto os novos materiais que surgem a cada período, como os novos modos de vida da população. Entre os exemplos de mudança, o arquiteto cita o fim das dependências de empregadas, muito comuns em apartamentos antigos. Outra mudança importante foi a diminuição no número de pessoas nas famílias, que fez com que o número de quartos necessários em um apartamento, ficasse ainda menor, por exemplo. O conforto também ganhou uma aliada: a tecnologia que hoje ajuda muito e anda lado a lado com a arquitetura.

Mercado em evolução
Apesar das muitas mudanças, o arquiteto acredita que ainda há muito para se crescer. Mesmo definindo o mercado atual como bom, Tramontini diz que muitas construções pararam no tempo. “Para cada habitante são necessários pelo menos 50 metros quadrados de espaço construído para todas as suas necessidades que incluem moradia, escola, trabalho, lazer, entre outros. A gente vê que as estruturas da cidade são acanhadas”, frisa. Para ele, mesmo se mantendo com a utilidade inicial, estas obras não acompanharam as mudanças da sociedade e hoje não estão mais tão de acordo com o que necessitamos e por isso há muito a se fazer. “Eu sempre digo que arquitetura não vem sozinha, ela precisa de um desenvolvimento cultural para ser aceita, para que seja investido nela. Só existe arquitetura de qualidade quando o conjunto da sociedade evolui, socialmente, politicamente, economicamente e culturalmente. Assim você consegue um bom resultado”, finaliza.

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