Pesquisa mostra que 47% dos brasileiros desconhecem terapia que evita a cirurgia

A falta de acompanhamento médico e de informação está por trás deste crescimento

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O número de brasileiros com indicação de transplante de córnea teve um crescimento de 12,5% de janeiro a setembro de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, segundo o último relatório da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).
A falta de acompanhamento médico e de informação está por trás deste crescimento. Prova disso, é o resultado de uma pesquisa recentemente finalizada pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, com 315 portadores de ceratocone.
Isso porque, 47% dos participantes afirmaram que desconhecem o crosslink, única terapia capaz de estacionar a doença. Em muitos casos ressalta, a evolução é rápida e pode estar relacionada a alterações não tratadas na pálpebra e conjuntiva, desencadeadas pelo hábito de coçar os olhos. O oftalmologista afirma que o ceratocone responde por 7 em cada 10 transplantes no Brasil. É caracterizado pelo afinamento e deformação da córnea, tecido transparente que fica na frente dos olhos. O crosslink, explica, associa riboflavina (vitamina B2) com radiação ultravioleta para aumentar em até 3 vezes a resistência da córnea e evitar o transplante

Segurança

Além da falta de conhecimento, 12% dos participantes afirmaram que têm medo de passar pela terapia. Para Queiroz Neto isso acontece porque associam o procedimento à exposição ao sol que pode causar graves doenças oculares. Esta associação não faz sentido, observa, porque a riboflavina protege os olhos do efeito tóxico da radiação ultravioleta. A pesquisa também mostra que o ceratocone estacionou em 88% dos que passaram pelo procedimento e 45% tiveram melhora da visão. "Uma parte dos pacientes só descobrem a doença em estágio avançado". afirma. Os principais sinais de alerta são a troca frequente do grau dos óculos, visão de halos noturnos, aversão à luz do sol, maior fadiga visual e olhos irritados. A boa notícia, ressalta, é que o laser tornou o transplante mais preciso, diminuiu o número de pontos e o tempo de recuperação caiu de 18 para 6 meses.

Indicações e contraindicações

O oftalmologista afirma que nem todo portador de ceratocone pode passar pelo crosslink. As contraindicações são córnea com espessura de 400 micras ou menos, cicatrizes corneanas, herpes ocular e mulheres em período de gestação.
O procedimento é indicado quando a doença tem rápida evolução, reaparece após transplante, em casos de dilatação ou infecção na córnea.
Outra alternativa de tratamento que pode adiar o transplante, ressalta, é o implante de anel intracorneano. "O anel aplana a córnea, melhora a visão e a adaptação das lentes de contato, mas não estaciona a doença. O brasileiro precisa checar mais como está sua saúde ocular para manter os olhos íntegros", conclui.

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