Nos últimos dois anos a oncologia apresentou ao mundo um novo caminho inovador no combate ao câncer. Foi possível entender com mais clareza como funciona o complexo e amplo sistema imunológico do paciente com um tumor maligno e como este sistema pode ser peça fundamental no combate a doença. A maior arma contra o câncer pode estar no próprio paciente, só precisa ser estimulado de forma certa.
Habituados a avanços lentos e promessas grandiosas que acabam por não se confirmar, médicos e pesquisadores da área da oncologia costumam ser cautelosos diante de novos tratamentos. Por isso mesmo, é significativo o entusiasmo que muitos deles demonstram quando o assunto é a imunoterapia “nessa estratégia de tratamento, o fundamento não é buscar moléculas capazes de destruir ou quebrar os tumores como a quimioterapia, mas tentar ajudar o sistema natural de defesa do nosso organismo a atacar as células doentes - malignas. Transformamos o sistema imunológico em nosso aliado, no mais novo e promissor remédio anticâncer. Conseguimos com esta ideia de tratamento resultados extremamente empolgantes, com respostas inclusive em doenças refratárias em que praticamente nenhum outro tratamento estava funcionando” destaca o médico oncologista do CITO, Luis Alberto Schlittler.
Utilizando este conceito vários laboratórios do mundo começaram a testar e fabricar medicamentos – proteínas que tentam atrapalhar os planos do câncer. As medicações são capazes de retirar esta camuflagem do tumor e fazer com que os linfócitos de defesa encontrem as células cancerígenas e controlem a doença “quando surge um tumor, uma célula cancerígena, a defesa do nosso organismo deveria reconhecê-lo e começar a matar esta célula. Isso é o que o nosso corpo faz contra bactérias, vírus e outras infecções por exemplo. O sistema imunológico deveria estar ativo contra a doença. No entanto, hoje entendemos que o câncer percebe que vai ser atacado e cria disfarces, maneiras de enganar o sistema de defesa do nosso corpo, ficando praticamente invisível a ele e podendo assim crescer e proliferar sem que a nosso organismo perceba” explica o oncologista.
Tecnicamente é um mecanismo bastante complexo, uma estratégia chamada de inibição da proteína PD-L1 que está expressa nos tumores e esta proteína é responsável pela camuflagem da doença.
Novos estudos usando Imunoterapia para Câncer de Pulmão em Passo Fundo
Nos dias 6, 7 e 8 de abril uma equipe de médicos de Passo Fundo esteve no Rio de Janeiro discutindo os detalhes de dois novos protocolos de pesquisa a serem desenvolvidos pelo Centro de Pesquisa em Oncologia CITO/HC.
O Instituto de Patologia foi representado pela Dra. Daniela Schwingel e o Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica (CITO) representado pelo médico oncologista, Dr. Luis Alberto Schlittler e pela coordenadora de pesquisa clínica, Laura Zielke Feyh.
Vários centros do mundo trabalham de forma conjunta em um novo protocolo de pesquisa, planejando oferecer o tratamento a 400 pacientes com câncer de pulmão. Nos próximos meses pacientes com câncer de pulmão do tipo não pequenas células (escamoso ou adenocarcinoma) que não podem fazer cirurgia por apresentar metástases podem ser candidatos a esta pesquisa.
Várias pesquisas têm apontado que o efeito da imunoterapia pode ser mais duradouro que os outros tratamentos convencionais. Isso porque, uma vez que o sistema imune aprende a combater o câncer, novas células de defesa com essa habilidade são geradas. O combate a doença faz com que ela seja controlada por muito mais tempo que a quimioterapia convencional “esta noticia é extremamente fascinante, mas devemos entender que a luta contra o câncer ainda é complexa. Muitas questões precisam ser respondidas, muitos testes e detalhes estão abertos. Precisamos reconhecer que muito trabalho está por vir e mais pesquisas devem ser estimuladas mas com certeza esta estratégia atualmente é uma das armas mais poderosas no arsenal de luta contra o câncer” finaliza.