40% das crianças entre 5 a 9 anos estão obesas

Comissão alerta para o aumento dos casos de obesidade infantil, principalmente em países de baixa e média rendas

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Um estudo feito pela Comissão para o Fim da Obesidade (Commission on Ending Childhood Obesity - ECHO), durante dois anos, em mais de cem países, lançou um alerta mundial: a obesidade infantil pode causar dificuldades comportamentais e emocionais, além de reduzir o desempenho escolar das crianças.
O levantamento aponta que, pelo menos, 41 milhões de crianças menores de cinco anos estão com sobrepeso ou obesas no mundo, sendo a maioria residente em países de baixa ou média renda, como o Brasil. Um dos principais motivos para esse cenário seria o ambiente obesogênico ao qual os indivíduos estão expostos. Na análise da Amil, empresa de saúde que lidera campanha contra aobesidade infantil no país, o relatório da comissão será um norteador para as iniciativas de gestores públicos e privados.
O documento concentra uma série de recomendações e propostas de ações para as principais partes interessadas no assunto: a Organização Mundial da Saúde, organizações internacionais, estados signatários, organizações não governamentais, setor privado e instituições filantrópicas e acadêmicas. De acordo com as recomendações da comissão, cabe a essas entidades motivar a ingestão de alimentos saudáveis, a prática de atividades físicas e a gestão do peso corporal, com cuidados com a saúde desde a preconcepção, passando pela gestação, primeira infância e idade escolar.
No Brasil, o principal exemplo de iniciativa privada no combate à obesidade infantil vem da Amil, que iniciou, em 2014, um movimento de engajamento social a partir da conscientização sobre a epidemia da doença no país. A empresa estima que a campanha já tenha alcançado mais de 150 milhões de pessoas, por meio de uma série de ações que envolvem peças de comunicação, estímulo à prática de atividades físicas, orientação nutricional e instruções a pais e responsáveis. “É muito importante que todos esses atores sejam convidados para o enfrentamento à obesidade infantil, que é um problema complexo e multifatorial. Nesse sentido, a Comissão para o Fim da Obesidade traz um importante alerta: somente através de um esforço multissetorial poderemos alcançar os benefícios sociais, econômicos e de saúde necessários para reverter a epidemia mundial da doença”, aponta Odete Freitas, diretora de Sustentabilidade da Amil.
O ambiente obesogênico, ao qual se refere o relatório, diz respeito aos atuais modelos de alimentação, disponibilidade, acessibilidade e venda de alimentos, aliados ao declínio de atividades físicas, com mais tempo dedicado a práticas de lazer sedentárias. De acordo com o ECHO, as respostas comportamentais e biológicas de uma criança exposta a esse ambiente podem ser moldadas antes mesmo do seu nascimento, com impactos para o resto da vida, uma vez que uma criança obesa tem grande probabilidade de se tornar um adulto obeso.
O nutrólogo pediátrico Hélio Rocha destaca que a velocidade de novos casos de obesidade infantil no Brasil vem preocupando os especialistas. “Em 2004, o Brasil emergia com grande velocidade como um dos países onde a epidemia se instalava mais rapidamente na infância. Até 1998, tínhamos uma velocidade semelhante à dos Estados Unidos. Daí para a frente, tomamos a dianteira em termos de velocidade de ascensão da obesidade infantil, e isso é muito preocupante”, destaca o médico.

40% das crianças entre 5 a 9 anos estão obesas

Um dado recente da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) mostrou que só na região Sudeste 38,8% das crianças entre 5 a 9 anos estão acima do peso ideal. “Vivemos num ambiente obesogênico (responsável por contribuir no ganho de peso sem que o indivíduo tenha consciência de que está engordando) e isto se dá em grande parte porque o custo dos alimentos saudáveis é mais elevado, em geral, do que o dos menos saudáveis”, explica Elaine Gomes Fiore, professora do curso de Nutrição da Universidade UNG.
Acrescentou que o problema pode ir além da má alimentação, como também pode estar ligado às questões financeiras. “Várias medidas deverão ser implementadas para que tenhamos um panorama nutricional mais encorajador, que perpassam ainda pela questão econômica”.
Em 2013, houve duas propostas de emenda no Senado com o intuito de mudar este cenário. A primeira propõe a proibição de publicidade infantil com alimentos de baixo valor nutricional; a segunda visa a proibição e venda de refrigerante a menores de 18 anos.
Para comentar o assunto colocamos à disposição, Elaine Gomes Fiore, professora do curso de Nutrição da Universidade UNG.

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