Considerado um dos tipos mais agressivos para a pele, o melanoma é o câncer de pele mais frequente no Brasil e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no país. Apesar de o diagnóstico da doença ser, normalmente, motivo de medo e apreensão dos pacientes, as chances de cura chegam a 90% quando há detecção precoce. Buscando, justamente, alertar a população sobre os riscos e disseminar conhecimento sobre o tema, a ONG Melanoma Brasil lançou, no início de maio - Mês Internacional de Combate ao Melanoma -, a campanha “Eu senti na pele”: com depoimentos reais de pessoas que estão lutando contra a doença, a proposta nasce com o objetivo de chamar a atenção para a importância de se observar os sinais que podem indicar o desenvolvimento da doença.
De olho na pele
Para identificar o melanoma é preciso ficar atento à pele: a doença surge quando as células que são responsáveis pela produção da pigmentação da pele se tornam, por algum motivo, cancerígenas. A partir disso, novas pintas ou alterações em uma pinta existente são os primeiros sinais de que o melanoma, que pode ocorrer em qualquer parte do corpo, pode estar se desenvolvendo e, por isso, examinar as pintas e manchas que surgem é fundamental para a prevenção e tratamento precoce da doença. O coordenador médico do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital da Cidade, Rodrigo Ughini Villarroel explica que, além da visualização de novas pintas ou manchas, outro sinal que indica o desenvolvimento do melanoma pode ser uma lesão ou protuberância na pele e, ainda, manchas escuras sob as unhas de mãos ou pés. “O melanoma pode surgir de diferentes maneiras e em qualquer parte do corpo, inclusive em áreas não expostas ao sol. Muitas vezes, o primeiro sinal de melanoma é uma mudança no tamanho, forma ou cor de uma mancha já existente. A regra "ABCDE” pode ser usada para lembrar o que deve ser procurado”, explica o doutor que acrescenta, ainda, que alguns melanomas não se enquadram nas regras conhecidas e, por isso, qualquer alteração em lesões na pele ou novas lesões de aparência diferente do restante das pintas existentes devem ser informadas ao médico.
Entenda a regra ABCDE
Assimetria - A forma de metade da mancha não coincide com a outra metade.
Borda - As bordas são irregulares, entalhadas ou dentadas.
Cor - É muitas vezes desigual. Tons de preto, marrom e canela podem estar presentes. Áreas brancas, cinza, vermelha ou azul também podem ser vistas.
Diâmetro - O diâmetro maior que 6 mm.
Evolução - A pinta vem mudando de tamanho, forma, cor, aparência, ou se desenvolve em uma área de pele previamente normal.
Sinais que indicam o melanoma:
- Uma nova mancha, de forma irregular, marrom escura com áreas mais escuras ou pretas.
- Um sinal de nascença simples que muda de cor (escurecendo), tamanho (crescendo), ou textura (tornando-se endurecida), e descasca ou sangra.
- Uma lesão com borda irregular com área ou pontos vermelhos, brancos, azuis, cinzas ou preto-azulado.
- Uma nova protuberância brilhante, firme, em qualquer parte do corpo.
- Manchas escuras sob as unhas de mãos ou pés, nas palmas das mãos, plantas dos pés, ou nas membranas mucosas.
- Uma ferida que não cicatriza.
- Expansão do pigmento de uma mancha na pele.
- Vermelhidão ou inchaço.
- Coceira, sensibilidade ou dor.
- Mudança na superfície da pinta.
Principal aliado: diagnóstico precoce
Ainda que se possa apostar na prevenção da doença através do uso de protetor solar e evitando a exposição ao sol em horários onde os raios tem maior intensidade, quando a doença surge, o diagnóstico precoce é, de fato, o maior aliado do paciente. “Quanto mais cedo o diagnóstico, menores as chances de as células do melanoma terem atingido uma maior profundidade na pele, o que acarretaria uma maior risco de disseminação da doença. A precocidade do diagnóstico está claramente relacionada com uma maior curabilidade”, explica Vilarroel que acrescenta, ainda, que o número de pessoas que desenvolvem a doença tem aumentado nos últimos anos. “Pessoas com pele mais pigmentada têm um risco menor de melanoma nos locais mais comuns, mas qualquer pessoa pode desenvolver esse tipo de câncer nas palmas das mãos, plantas dos pés, e sob as unhas. Os melanomas nessas áreas respondem por mais da metade de todos os casos de melanomas em pessoas de raça negra, e em menos de 1% em pessoas de raça branca. Sua incidência é pequena se comparada a outros cânceres de pele, contudo, vem aumentando muito nas últimas décadas: estima-se um aumento de 3% a 7% a cada ano, com a incidência dobrando a cada 10 a 20 anos. Apesar de uma incidência menor que a dos outros cânceres de pele é o que causa maior número de óbitos, sendo que 75% das mortes causadas por câncer de pele se devem ao melanoma”, destaca.
Incidência
Ainda, Vilarroel comenta que o melanoma é um tumor de pessoas jovens: 50% dos casos ocorrem em pacientes com menos de 55 anos e 30% em pessoas abaixo de 45 anos. “Os casos na infância são raros, ocorrendo em geral associados a nevos melanocíticos congênitos gigantes. Melanoma ocorre em todos os grupos raciais, sendo mais comum nos indivíduos de pele clara. A incidência do melanoma varia com a região geográfica e a cor de pele da população estudada”, complementa e coloca, ainda, que os principais fatores de risco podem ser divididos em 2 grupos: constitucionais e ambientais de acordo com a explicação abaixo:
Fatores constitucionais
-Pele clara: Melanoma é extremamente mais comum em pessoas brancas. Em populações de pele negra a incidência é menor que 1 caso em 100.000, chegando a 50 casos em 100.000 em população de pele clara, em locais como a Austrália.
- Nevos melanocíticos (pintas): Nevos melanocíticos são potenciais precursores de melanoma, ou seja, podem se transforma em melanoma. Contudo, nevos melanocíticos múltiplos são marcadores de risco para melanoma. Pessoas com muitas pintas têm um risco maior de desenvolver melanoma. De forma prática, 50 ou mais pintas já indicam um risco maior. Se você tem muitas pintas, procure regularmente um especialista.
- História familiar: Aproximadamente 10% dos pacientes diagnosticados com melanoma têm uma pessoa na família que já teve melanoma. História familiar de melanoma é o fator de risco isolado mais importante para o desenvolvimento de um melanoma. Logo, se na sua família alguém já teve melanoma: Proteja-se do sol e procure regularmente um especialista.
Fator ambiental
O principal é exposição a radiação ultravioleta. A exposição solar intensa intermitente (expor-se ao sol poucas vezes ao ano, mas em grande quantidade em cada exposição), e não a exposição crônica está mais relacionada ao aparecimento de melanomas. Acredita-se que a infância é o principal período de risco à exposição solar no que diz respeito à gênese do melanoma. História de queimaduras solares na infância e adolescência, levando a bolhas, é um fator de risco importante no aparecimento de melanomas na vida adulta.