Intervenção fonoaudiológica na gagueira

A qualidade de vida do indivíduo que gagueja pode ser prejudicada pela gravidade do distúrbio

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A gagueira é um distúrbio de fala que tem como principais manifestações as disfluências, ocasionando interrupções na fala e reduzindo o fluxo de informação. Além das disfluências, podem ocorrer manifestações físicas (piscar de olhos, movimentos involuntários de cabeça, lábios, etc). A gravidade da gagueira varia de um quadro leve a grave, de acordo com a frequência de rupturas na fala, o tempo gasto nas disfluências, bem como com a presença de manifestações físicas. A qualidade de vida do indivíduo que gagueja pode ser prejudicada pela gravidade do distúrbio e a aceitação da gagueira por parte deste, da família, da escola, etc.

Existem dois tipos de gagueira: a desenvolvimental e a adquirida. A gagueira adquirida é mais rara e pode estar associada a eventos psicológicos ou neurológicos, podendo ter início em qualquer fase da vida. A gagueira desenvolvimental, por sua vez, ocorre com maior prevalência e inicia-se na infância, podendo ter como causa fatores hereditários ou estar relacionada a outros eventos, como por exemplo, fatores estressantes físicos e/ou emocionais. Aproximadamente metade dos casos de gagueira desenvolvimental é familial ou hereditária.

É provável que em muitos casos uma predisposição orgânica para gagueira, junto com fatores ambientais, por exemplo, possa justificar o surgimento do distúrbio.  A prevalência da gagueira é maior na infância e reduz na fase adulta. Quanto ao gênero, este distúrbio tem maior predominância no sexo masculino. A intervenção fonoaudiológica varia de acordo com a idade do indivíduo gago e o grau de risco apresentado. Nos casos infantis é necessário realizar um diagnóstico cauteloso visando identificar o risco apresentado por esta criança para desenvolver uma gagueira crônica. Quando o risco for baixo, indica-se a realização do trabalho familiar, na qual o fonoaudiólogo deve orientar os familiares para promover um ambiente que favoreça a fluência da criança.

O trabalho com a criança visa promover uma fala fluente, e para tanto pode ser trabalhado com estratégias lúdicas e jogos, levando-se em conta a idade cronológica. É importante considerar a naturalidade da fala, que precisa ser mantida para que o paciente use o modelo de fala aprendido em terapia fora desta e consiga transferir e manter a fluência. Deve-se considerar as diversas possibilidades do resultado terapêutico: fluência espontânea, fluência controlada e gagueira aceitável. As variáveis que irão ajudar a clarear o prognóstico são a idade do paciente, o tempo de persistência do quadro, a presença ou não de fatores hereditários, a persistência ou não da gagueira nos familiares, entre outras. 

A tão falada gagueira “fisiológica” considerada por muitos profissionais como apenas um treino para a fala, merece a atenção e avaliação do fonoaudiólogo. Crianças a partir dos 2 anos de idade que apresentem repetições, bloqueios e prolongamentos de sons na sua fala devem ser avaliadas e tratadas precocemente. Quanto mais próximo do início da gagueira iniciar o tratamento, melhor o prognóstico. Se o seu filho está gaguejando, procure um fonoaudiólogo. Se você é adulto e gagueja, se dê a chance de falar melhor e ter uma comunicação efetiva buscando o auxílio do profissional habilitado para trabalhar os diferentes aspectos, estéticos e patológicos da fala, o fonoaudiólogo. 

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