Quando a ansiedade se torna um transtorno

Grande mal-estar físico ou psíquico pode afetar diretamente a execução de atividades do dia a dia

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Durante a correria do dia a dia, é comum nos depararmos com situações em que ficamos ansiosos ou nervosos de tempos em tempos. Seja por causa de algum problema pessoal ou financeiro, pressão no trabalho, ou simplesmente por ter que falar em público.
Geralmente, esses momentos são pontuais e não causam grande dano para nossa vida. Porém, em alguns casos, os indivíduos podem ser acometidos frequentemente por ansiedade, o que interfere tão fortemente na rotina de suas vidas, que isso acaba se tornando um grande problema.
Essa ansiedade ultrapassa todos os limites e acaba prejudicando as pessoas em tarefas que antes eram simples, mas agora passam a ser um desafio. Segundo dados da OMS, 33% da população mundial sofre de ansiedade. No Brasil, até 12% da população em geral é acometida por algum transtorno ou fobia social, sendo que o país é o segundo na lista dos que mais consomem medicamentos para a ansiedade.
O professor do Curso de Psicologia da IMED, Dr. Vinícius Renato Thomé Ferreira, que tem experiência nas áreas de avaliação terapêutica, atuando principalmente em sintomas depressivos, avaliação psicológica e psicopatologia explica quais são os principais pontos para diferenciar a ansiedade “normal” de um transtorno psicológico.

Medicina&Saúde: O que é ansiedade?
Vinícius Ferreira: A ansiedade é uma reação que temos quando, por alguma razão, nos sentimos ameaçados. Esta ameaça pode ser devido a uma situação real, como por exemplo, quando temos medo de andar por uma rua mal iluminada à noite, ou pode ser antecipando alguma situação que é considerada ameaçadora por alguma razão, como falar em público para desconhecidos.

Medicina&Saúde: Como ela se manifesta no indivíduo? Quais são os principais sintomas da ansiedade?
VF: A ansiedade se manifesta através de sintomas físicos principalmente, que são os tremores, aumento dos batimentos cardíacos, suor excessivo, tonturas, sentimento de que a pessoa vai perder o controle, aumento da respiração, pode ter sensação de formigamento em mãos e braços, pode sentir calafrios, sensação de boca seca e pode ocorrer também medo de morrer devido à força destes sintomas.

Medicina&Saúde: De que maneira ela interfere na vida das pessoas acometidas por essa patologia?
VF: Existe uma diferença entre a ansiedade e os transtornos de ansiedade. A ansiedade é uma reação normal a eventos que são ameaçadores, e por isso ela é muito importante para ajudar a manter a pessoa viva, evitando as situações que podem ser consideradas perigosas. Os transtornos de ansiedade ocorrem quando a ansiedade está descontrolada, seja ocorrendo em momentos onde não deveria ocorrer, seja por estar numa intensidade muito elevada. Dentre os transtornos de ansiedade estão a fobia social, que é quando a pessoa tem ansiedade elevada quando está vivenciando alguma situação social como falar em público ou nas fobias específicas, como por exemplo medo de altura ou medo de lugares fechados como elevadores, e a agorafobia, que é o medo de passar mal e não ser atendida por ninguém. Estas situações são diferenciadas e deve ser buscado atendimento especializado para o tratamento, que é realizado por psicólogos. Se necessário, pode ser utilizada medicação para reduzir os sintomas.

Medicina&Saúde: Existem grupos que tenham maior predisposição a desenvolver ansiedade?
VF: Não. Todos temos ansiedade. Não há na literatura a identificação de algum grupo de risco para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade, mas podemos dizer que se uma pessoa está vivendo em ambientes estressantes e possui baixo apoio social de pessoas importantes, como familiares, há mais risco de desenvolvimento de transtornos mentais.

Medicina&Saúde: Quais os mecanismos utilizados para prevenir, tratar ou melhorar os quadros de ansiedade?
VF:As pessoas podem lidar com a ansiedade evitando as situações que a geram, que são chamadas de situações ansiogênicas. Essa acaba sendo a principal estratégia de enfrentamento, mas que às vezes acabam trazendo mais prejuízos como benefícios. Por exemplo, para evitar a ansiedade de elevadores, é possível utilizar as escadas, mas isso não funcionará bem em todas as vezes. Algumas vezes as pessoas conseguem reduzir de forma eficaz a ansiedade, mas quando isso não acontece, é necessário tratamento com psicoterapia. O tratamento dos transtornos de ansiedade deve ser realizado por psicólogos, visto que será necessário compreender os fatores associados ao surgimento do quadro, e o uso de medicação pode também ser necessário, e isso deve ser avaliado por um psiquiatra.

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