Ao primeiro sinal de um sintoma de qualquer doença – seja aquela dor de cabeça que demora a passar, aquele resfriado que aprece se transformar em gripe ou aquela dor que insiste em incomodar -, o primeiro passo é correr para a caixa de remédios guardada em uma das prateleiras da casa. A atitude, muitas vezes impensada ou até mesmo inocente, é, na verdade, um perigo para a saúde: o uso indiscriminado de medicamentos e a automedicação são, hoje, os principais responsáveis pelos altos índices de intoxicação por remédios. A informação comprova a necessidade de procurar um médico quando qualquer sintoma insiste em permanecer, afinal, o seu trabalho é, justamente, diagnosticar doenças, identificar sintomas e, a partir disto, indicar qual o melhor medicamento e a dosagem correta para que o paciente fique bem.
Automedicação é um risco
Além de riscos à saúde, a automedicação envolve a ingestão de substâncias de forma inadequada e, dependendo do organismo e da substância, a ação pode causar reações como dependência, intoxicação ou, até mesmo a morte. É válido ressaltar que a receita médica é a garantia de que houve uma avaliação profissional para que determinado paciente utilize um medicamento, o que garante o uso correto do remédio e, ainda, a melhora dos sintomas apresentados. Mateus Tatsch de Mello, Farmacêutico Bioquímico Clínico e Coordenador do Serviço de Farmácia do Hospital da Cidade de Passo Fundo, enfatiza que o uso de um medicamento sem a correta indicação e orientação pode gerar danos importantes à saúde. “Nem sempre um medicamento que um familiar ou vizinho usou será o indicado para outra pessoa. Por isso, é preciso procurar atendimento médico nas unidades de saúde do município e na ausência deste, buscar a orientação de um farmacêutico, profissional que, por lei, deve estar presente em todas as farmácias de qualquer natureza (públicas ou privadas) durante todo o tempo de funcionamento do estabelecimento”, orienta.
Orientar para prevenir
O uso racional de medicamentos, conceito que, segundo Mateus, é direcionado para quando o paciente utiliza o medicamento correto para sua patologia e usa esse medicamento de forma correta, conforme orientação do profissional prescritor e do farmacêutico, está cada vez mais presentes nos hospitais, farmácias e unidades de saúde. Para Mateus, a orientação ao paciente é o que garante a aplicação do conceito na prática. “É preciso orientar, na medida do possível, as pessoas a sempre procurarem orientação para o uso correto. O paciente precisa seguir as orientações do médico e, ao adquirir o medicamento, solicitar auxílio do farmacêutico. Também é necessário evitar o uso desnecessário de medicamentos e uso de medicamentos não indicados para a própria pessoa”, aconselha.
Ainda, o farmacêutico acrescenta que uma receita direcionada para uma pessoa não tem validade indefinida e, por isso, o fato de um medicamento ter sido indicado em determinado momento, não significa que ele servirá para sempre. Ou, ainda, que um medicamento similar ao indicado terá o mesmo efeito. “Com o aumento expressivo no número de marcas, o maior risco é usar a mesma substância ativa sob diferentes nomes comerciais e com isso alcançar a dose máxima e, portanto tóxica do produto. A orientação é sempre procurar auxílio médico e/ou farmacêutico”, reforça.
Conceito
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a automedicação é “a utilização de medicamentos por conta própria ou por indicação de pessoas não habilitadas, para tratamento de doenças cujos sintomas são percebidos pelo usuário, sem a avaliação prévia de um profissional de saúde.” A automedicação diz respeito, portanto, ao uso de medicamentos sem prescrição de um profissional habilitado.
Conserve seus remédios
Além da prevenção da automedicação, o uso racional de medicamentos envolve, ainda, a conservação dos remédios. Para manter a qualidade dos medicamentos a conservação correta é fundamental, locais úmidos, como banheiros, e a exposição destes medicamentos ao sol devem ser evitados. Alguns produtos devem ser guardados, após abertos, em geladeira, sendo que essa informação consta na embalagem do produto.
* A automedicação foi responsável por 60 mil internações nos últimos 5 anos
* 76,4% da população brasileira fazem uso de medicamentos a partir da indicação de familiares, amigos, colegas e vizinhos
* Destes, 32% aumenta a dose dos medicamentos por conta própria, buscando potencializar os efeitos terapêuticos de forma mais rápida
*Colaborou Mateus Tatsch de Mello, Farmacêutico Bioquímico Clínico - CRF-RS:10489; Mestre em Genética e Toxicologia Aplicada; Coordenador do Serviço de Farmácia do Hospital da Cidade de Passo F