Um dos males da vida moderna, a diabetes faz parte da vida de pelo menos 12 milhões de brasileiros. As estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que a quantidade de pessoas que sofrem da doença quadriplicou nas últimas três décadas. E a expectativa é que esse aumento seja ainda mais considerável nos próximos anos devido ao envelhecimento da população mundial. Apesar de crônica, a diabetes não é uma doença impeditiva: é totalmente possível levar uma vida normal e conviver com ela. A conscientização a respeito do impacto da alimentação, da prática de exercícios físicos e da adoção de um novo estilo de vida são aspectos fundamentais para derrubar mitos e fazer com que a convivência com a diabetes seja mais tranquila para pacientes e familiares.
Entendendo a doença
Para conviver sem problemas com a diabetes é preciso entender a doença que se divide em tipos 1 e 2. Oprimeiro ocorre quando o sistema imunológico ataca as células produtoras de insulina, fazendo com que sua produção não aconteça ou seja insuficiente. Geralmente aparece na infância ou na adolescência, mas pode ser identificado em adultos também. Já o tipo 2, responsável por 90% dos casos da doença, ocorre quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina ou não a produz em quantidade suficiente para controlar a glicemia, ocasionando, por vezes, o excesso de açúcar no organismo, aumentando, assim, os riscos do surgimento de doenças renais, problemas circulatórios, complicações da visão e até mesmo cegueira. Ainda, a diabetes não controlada triplica as chances de infarto. Por isso, especialistas apostam na adoção de uma dieta com baixa ingestão de açúcares, no controle constante da glicemia e na prática de exercícios físicos como fatores indispensáveis para manutenção da saúde do diabético.
A importância do controle glicêmico
A maioria das pessoas desconhece o índice glicêmico (IG) dos alimentos, mas ele é fundamental para escolha dos alimentos da dieta do diabético. “O paciente com diabetes precisa ter conhecimento de que cada alimento possui uma concentração de açúcar, que pode ser liberada de forma rápida ou lenta no organismo – é o que chamamos de índice glicêmico. Diabéticos devem dar preferência a alimentos com baixo índice glicêmico, pois além de possuírem menos açúcar, o liberam de forma mais lenta no organismo, evitando picos de glicose no sangue.” – explica a nutricionista. Isso significa que determinados alimentos têm potencial maior de causar episódios de hiperglicemia, e logo, devem ser consumidos de maneira moderada.
Esse índice é uma das principais ferramentas dos nutricionistas na hora de elaborar uma dieta para controle glicêmico, pois classifica os alimentos com potencial glicêmico baixo, moderado ou alto, numa escala que vai até 100. Esse recurso também é muito útil para os diabéticos: “Conhecer este índice facilita as variações de cardápio no dia a dia. Isso possibilita que o paciente escolha os alimentos que mais o agradam dentro do seu controle glicêmico, tornando a dieta mais prazerosa.” Porém, isso não implica na restrição de alimentos com IG elevado, eles podem ser úteis em episódios de hipoglicemia, auxiliando a equilibrar o nível de açúcar no sangue, quando a glicemia está abaixo do normal.
Exercício físico é um grande aliado
Na maioria dos casos, o tratamento da doença inclui a prática de exercícios afim de controlar o colesterol, reduzir o peso e diminuir a probabilidade de complicações da doença. Além disso, o exercício físico faz com que o aproveitamento da glicose no organismo seja aprimorado. O esforço realizado pelos músculos exige mais energia do organismo e diminui naturalmente os níveis de glicose no sangue. Outro benefício é que a prática de atividades físicas pode reduzir a dependência de medicamentos, pois estimula a produção de insulina no organismo e aumenta a sensibilidade ao hormônio. É válido lembrar que o acompanhamento profissional é fundamental, assim como a alimentação, o tempo de treino, intensidade e tipo de exercício podem variar bastante de acordo com as condições físicas e de saúde do diabético. No geral, exercícios aeróbicos de baixo impacto são os mais recomendados: caminhar, pedalar, e atividades como natação e hidroginástica são ótimas para dar condicionamento e ajudar na perda de peso. Além de prevenir contra as temidas complicações que podem surgir da diabetes não controlada.
Dica importantes
Com o tempo, é comum que o paciente com diabetes apresente episódios de hipoglicemia. Quando o nível do açúcar está muito baixo no sangue, sintomas como mal estar, tremores, palpitações, fraqueza e confusão mental são comuns. Ela pode ocorrer quando o indivíduo fica muito tempo sem se alimentar, devido a superdose de insulina ou a prática de exercícios físicos em excesso. Por isso tenha sempre à mão alimentos que podem elevar rapidamente a glicemia: balas, pequenos sachês de mel ou um simples copo de água com açúcar pode acabar com o problema.
Vilão: açúcar
Aquela vontade quase irresistível de comer um docinho que surge vez ou outra tem explicação: estudos já comprovaram que o açúcar estimula áreas do cérebro responsáveis pela sensação de prazer. “Por ser uma fonte de energia rápida, é comum sentirmos desejo quando passamos muitas horas sem comer. O grande problema é que o abuso de alimentos carregados de açúcar pode acarretar no surgimento da diabetes, e levar a complicações mais graves nos pacientes que já convivem com a doença”, explica a nutricionista Jéssica Freitas da Nova Nutrii, de São Paulo.
Entenda como a alimentação ajuda o diabético
Fibras ajudam a regular o intestino e facilitam a digestão e, ainda, controlam a liberação de açúcar no organismo.Uma boa opção são os grãos integrais.
Carboidratos estão entre os alimentos que mais fazem a glicemia subir, mas engana-se quem acredita que o diabético deve evita-lo: “Como são essenciais para prover energia ao organismo, o ideal é que se opte por carboidratos complexos como a aveia, pães, massas e arroz integrais. Em comparação com os carboidratos simples, que liberam energia quase imediata, a ingestão dos carboidratos complexos provê uma energia mais duradoura”, explica a nutricionista.
Frutas estão na categoria de carboidratos simples e por possuírem frutose podem elevar a glicemia bruscamente e, por isso, exigem cuidado. A indicação é moderação.
Proteínas também são essenciais para prover vitaminas do complexo B, ferro e outros micronutrientes. Quanto às proteínas animais, o mais recomendável é optar por carnes brancas, porém a carne vermelha magra também é permitida. Já os peixes ricos em gordura são ótimas fontes de proteína.
Leguminosas e vegetais, em geral,possuem índice glicêmico baixo e ajudam a variar o cardápio da dieta.
Alimentos dietéticos são uma opção prática, especialmente nos lanches entre as refeições ou em ocasiões especiais. Ficar muito tempo sem comer faz com que a glicemia suba rapidamente, por isso é imprescindível alimentar-se de 3 em 3 horas. Apesar de existir uma variedade de alimentos dietéticos, dê sempre preferência pela alimentação natural. Alimentos industrializados normalmente compensam a falta de algum ingrediente com outro que pode também ser prejudicial em excesso.