O cenário apontado pelas pesquisas demográficas no Brasil indicam que na medida em que a população acima dos 60 anos de idade – considerados idosos – cresce, a população mais jovem – até os 19 anos 0 tem seu crescimento interrompido. Por aqui, os números indicam que, em 1999, o número de idosos era de 14,8 milhões; dez anos depois, esse número passou para 21, 7 milhões, ou seja, quase 11% do total da população. A estimativa é de que nos próximos 20 anos esse número mais que triplique.Apesar de ser este o cenário do país, apontado pelo Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os dados refletem o contexto de todo o mundo. A tendência, segundo pesquisas, é que tal contexto se torne cada vez mais frequente e que os idosos se tornem a maioria da população.
Em busca de envelhecimento saudável
Tendo em vista esse cenário, os cuidados direcionados para a terceira idade tem ganhado destaque não apenas nas universidades – que abrangem pesquisas teóricas e práticas, possibilitando compreender melhor esta etapa da vida -, mas, também, nos hospitais que cada vez mais tem dedicado espaços específicos para o tratamento do idoso. E, de fato, essas são questões importantes já que, como destaca a equipe da Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso do Hospital São Vicente de Paulo, os principais cuidados para um envelhecimento saudável estão relacionados não apenas ao corpo, mas à mente. “Cuidados relacionados ao bem estar físico e emocional são importantes. E, também, é preciso tratar não só da pessoa idosa, mas também dos familiares/cuidadores. Também são necessários cuidados relacionados à alimentação e nutrição, fortalecimento muscular e estímulo à atividade física, monitoramento medicamentoso, cuidados psicológicos e cuidados específicos de acordo com as necessidades individuais”, comenta.
Conhecimento, prevenção e bem estar
Quando a idade chega, é preciso considerar o declínio nas capacidades cognitivas e físicas que é considerado normal. Por isso, os idosos têm maior facilidade para desenvolver doenças respiratórias, como pneumonia, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), gripes e asma; doenças neurológicas, como Alzheimer, Parkinson, Acidente Vascular Cerebral (AVC); doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como por exemplo, Diabetes Melittus, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, trombose); doenças osteomusculares, como osteoartrose (desgaste no joelho), lombocitalgia (dor na coluna), quedas e fraturas, e; também doenças psicológicas como, por exemplo, a depressão.
Considerando isso, é necessário conhecer tais doenças, seus sintomas e causas para poder auxiliar no seu cuidado e prevenção. “É preciso adotar hábitos preventivos, como lavar as mãos com frequência, ter atenção à hidratação (8 a 10 copos de água/dia), manter o ambiente arejado, com ventilação adequada, evitar ambientes de risco, lugares com muitos degraus e tapetes, abandonar os hábitos não saudáveis como sedentarismo, má alimentação, tabagismo e etilismo, diminuir consumo de sal e açúcar e aumentar consumo de fibras, praticar atividade física com regularidade de acordo com condição física/funcional e realizar atividades que lhe deem prazer, como convívio social e familiar (esportes, passeios e grupos)”, explica a equipe que acrescenta, ainda, que ter hábitos de vida saudáveis é a melhor forma de prevenir doenças. “Citamos alguns hábitos que consideramos indispensáveis, como por exemplo: alimentação saudável, aumento no consumo de frutas e alimentos in natura e diminuição no consumo de produtos industrializados, abandono do tabagismo e etilismo (fumo e álcool), atividade física regular, acompanhamento com profissionais da saúde, exames de rotina, assim como bem estar psicológico estimulando convívio familiar e atividades de lazer”, complementam.
Como manter a saúde em dia na terceira idade
Seja ativo!
Isso significa subir um ou dois andares de escada, ir à padaria a pé, carregar as compras do supermercado por dois ou três quarteirões, ou seja, não ficar largado no sofá. Além de ser bom para a saúde do indivíduo, é essencial para a saúde dos filhos, uma vez filhos de mães ativas são duas vezes mais ativos e filhos de casais ativos são seis vezes mais ativos;
Movimente-se!
Exercícios físicos são importantes desde a infância. Tudo o que se constrói até os 18/20 anos de positivo, vai ajudar o indivíduo na terceira idade. Isso tem um impacto relevante na redução da osteoporose e na manutenção do aparelho locomotor, pois promove um estoque ósseo adequado para uma boa qualidade de vida;
Cuide a alimentação!
Cada um deve adequar os alimentos e sua quantidade ao seu biótipo. Uma pessoa de 70 quilos cujo metabolismo basal (básico) é de 2 mil kcal por dia, por exemplo, não pode ingerir mais do que isso, para evitar obesidade, colesterol elevado, doenças coronarianas, entre outras enfermidades;
Fique atento à água!
A quantidade depende do biótipo de cada um, mas mantém os rins funcionando e os demais órgãos do aparelho excretor, além de ter influência positiva direta em todo o organismo;
Evite o estresse!
Isso implica uma melhor qualidade de vida e menos desgaste do organismo como um todo;
Mantenha sua mente ativa!
Para manter a memória de situações recentes ativa na terceira idade, é fundamental que cada um se imponha constantemente novos desafios como, por exemplo, trabalhar com computadores, utilizar novas mídias, ler, aprender novas línguas, participar de grupos de discussão de filmes e livros. Tudo isso ativa a memória e a cognição;
Vá ao médico!
É importante checar a saúde a cada ano (ou a cada seis meses em caso de doença crônica), para que haja um acompanhamento e diagnósticos rápidos quando algo estiver desajustado na saúde para que seja prontamente tratado. Exemplo: uma pequena perda de audição pode ser apenas acúmulo de cera no ouvido, mas pode levar à retração do indivíduo e perda da fluência verbal;
Cuidado específico
Além dos números citados no texto, é preciso considerar, ainda, que ao longo dos anos a expectativa de vida da população brasileira está aumentando. Em 2005, por exemplo, o IBGE apontou que a expectativa de vida do brasileiro era de 71,9 anos; em 2014, quase dez anos depois, esse número aumento 3,3 anos. Esse aumento se deve, em grande parte, pela valorização da qualidade de vida, pela preocupação individual com a saúde e, especialmente, pelo avanço da ciência. No Brasil, a preocupação com essa faixa etária motivou que o Ministério da Saúde juntamente com o Ministério da Educação e Cultura desenvolvessem o Programa de Residência Multiprofissional Integrada que, em Passo Fundo, é promovido pela Universidade de Passo Fundo, Secretaria Municipal de Saúde de Passo Fundo e Hospital São Vicente de Paulo. Compreendendo enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas e farmacêuticos, o programa possibilita que, juntos, os profissionais atuem em ações de prevenção, promoção, educação e recuperação da saúde do idoso.
• Colaborou a equipe da Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso do Hospital São Vicente de Paulo – profissionais da área de enfermagem, fisioterapia, nutrição e farmácia.
