Passo Fundo será a primeira cidade do interior do Rio Grande do Sul a receber um novo aparelho que realiza a avaliação da gravidade de doenças hepáticas, de maneira não invasiva. Ou seja, doenças que tenham a indicação médica de realização de biópsia poderão ser avaliadas através da elastografia hepática. “Este é um novo método diagnóstico não invasivo, utilizado para estadiar (ou estabelecer a gravidade) de diversas doenças, podendo substituir a biópsia hepática. Hepatite virais, esteatose e doença hepática alcoólica são algumas das doenças que podem ser avaliados por este método”, esclarece e médica hepatologista e coordenadora do curso de Medicina da IMED, Raquel Scherer de Fraga.
Conforme explica a especialista, qualquer dano (como vírus, hepatites e álcool) que cause inflamação continuada no fígado pode desencadear o surgimento de fibrose (“cicatriz”) hepática, e a fibrose deixa o órgão mais enrijecido. “A fibrose é graduada em estágios de 1 a 4, sendo o último estágio denominado de cirrose. Quanto mais fibrose um fígado possui, mais enrijecido ele fica. Nas doenças hepáticas, é essencial a determinação do grau de fibrose, pois tanto o prognóstico da doença, como a decisão de qual tratamento escolher depende da sua gravidade”, informa Raquel.
Classicamente, esta avaliação tem sido realizada através da realização de biópsia hepática. Em geral, apesar de ser um procedimento seguro, a biópsia está sujeita a problemas como complicações como dor no local da punção, hemorragia, perfuração de outros órgãos. Além disso, pode apresentar entre 10% a 20% de discrepâncias entre os observadores sobre a avaliação. Outro fator são os estadiamentos equivocados, caso a amostra não seja adequada, como no caso de biópsia pequena. “Essas dificuldades suscitaram o desenvolvimento de método não invasivos reprodutíveis e de elevada acurácia da gravidade da doença hepática”, destaca a médica.
Elastografia hepática
A elastografia hepática é um método diagnóstico da fibrose hepática, feito através da medida da velocidade de propagação de ondas ultrassonográficas que atravessam o fígado. Quanto mais enrijecido o fígado em função da fibrose, maior será a velocidade de propagação das ondas, havendo uma correlação com o grau de fibrose do fígado.
Alternativa à biópsia
O Fibroscan (elastografia transitória), fabricado pela empresa francesa Echosens, foi o primeiro dispositivo desenvolvido para medir a elasticidade hepática como alternativa à biópsia. A elastografia transitória mede a rigidez do fígado em um volume que se aproxima a um cilindro de 10 mm de largura, por 40 mm de comprimento, entre 25 e 65 mm abaixo da superfície da pele. “Este volume é pelo menos 100 vezes maior do que uma amostra de biópsia e é, portanto, muito mais representativo do fígado”, afirma Raquel. A tecnologia já está disponível em diversos centros do Brasil.