Pesquisa comprova: zumbido no ouvido cresce entre os adolescentes

Problema é causado pelo uso constante de fones de ouvido e contato com ambientes muito barulhentos, podendo gerar surdez precocemente

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Quem pensa que problemas auditivos são comuns apenas em pessoas da terceira idade está enganado. Aumenta cada vez mais o índice de zumbido nos adolescentes, um dos sintomas da perda auditiva. Foi o que constatou a pesquisa “Prevalência e causas de zumbido em adolescentes de classe média/alta”, realizada por pesquisadores da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido (APIDIZ), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com apoio da FAPESP. O estudo foi publicado na revista Scientific Reports.
O zumbido vem atingindo os adolescentes principalmente em razão do hábito de usar diariamente fones de ouvido para escutar música; ao que se soma o fato de esses jovens frequentarem muitos ambientes extremamente barulhentos, como boates, danceterias e shows. A fonoaudióloga Isabela Carvalho, da Telex soluções Auditivas, ressalta que os males à audição causados pelo uso frequente dos fones podem variar, mas é preciso estar atento para evitá-los. “A grande preocupação é que a 'Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados' (PAINPSE) tem efeito cumulativo, isto é, vai se agravando ao longo do tempo. Dependendo da frequência, do tempo de exposição ao som elevado e da predisposição genética, o indivíduo pode sofrer danos auditivos cada vez mais severos, de forma contínua e elevada ao longo da vida”, explica Isabela, que é especialista em audiologia.
Durante a pesquisa, foram feitos testes auditivos em 170 adolescentes na faixa etária de 11 a 17 anos. Eles também responderam em um questionário se sentiam zumbido nos ouvidos e qual a intensidade, duração e frequência. Mais da metade dos jovens (54,7%) respondeu que, nos últimos 12 meses, perceberam tal ruído. Destes, 51% disseram que sentiram zumbido logo após usar fone de ouvido por muito tempo ou ao saírem de um ambiente muito barulhento. Já os testes auditivos revelaram que 28,8% dos adolescentes sentiram zumbido em níveis comparados aos de adultos. O mais alarmante é que esses jovens disseram não se incomodar com o ruído e, por conta disso, não relataram o problema a seus pais, nem procuraram ajuda médica.“Quanto mais cedo for detectada a perda auditiva, melhor. Recomendo às pessoas que usam fones de ouvido com frequência que façam uma avaliação chamada audiometria. É o exame que revela se o paciente já tem perda auditiva e como deve proceder, a partir daí, para evitar o agravamento do problema”, aconselha a fonoaudióloga.
Já existem hoje no mercado fones mais confortáveis, que se ajustam melhor ao canal auricular, os earphones; ou os que promovem maior isolamento dos sons externos por meio de almofadas extras confortáveis, caso dos headphones. Investir nessa tecnologia é fundamental, uma vez que esses fones permitem um maior isolamento do barulho ambiente, possibilitando que se escute a música em volume mais baixo, o que reduz os riscos de perda auditiva. “O problema relacionado ao uso de fones de ouvidos está ligado ao volume e ao tempo diário em contato com o ruído. A exposição ao som intenso e frequente acima de 85 decibéis pode provocar danos irreversíveis à audição com o passar do tempo”, enfatiza Isabela Carvalho.

A verdade é que se os adolescentes continuarem se expondo a níveis muito elevados de ruído, acima dos 85 decibéis, poderão começar a apresentar perda de audição muito cedo, entre 30 e 40 anos. Intensidades de 80 a 90 decibéis já aumentam o risco de uma lesão na cóclea – órgão dentro do ouvido responsável pela audição.

 

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