Estima-se que, hoje, no Brasil, cerca de 6,4 milhões de pessoas sejam atingidas pela asma, doença inflamatória crônica que afeta as vias respiratórias e o pulmão. O número é da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Ministério da Saúde e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que é o primeiro estudo que monitora a enfermidade no país e revela, ainda, que as mulheres são as mais acometidas pela doença que é responsável por mais de 100 mil internações no SUS. Ampliando o olhar para o globo, Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas no mundo, incluindo crianças, sofrem com a asma.
O que é a asma?
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia, a asma atinge as vias aéreas, causando inflamação. Nisto, muitas células e elementos celulares têm participação. “A inflamação crônica está associada a?EUR hiper-responsividade das vias aéreas, que leva a episódios recorrentes de sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, particularmente a?EUR noite ou no início da manhã”, explica a médica pneumologista, coordenadora médica da UTI Adulto do Hospital da Cidade Janaína Pilau. Segundo ela, esses episódios são uma consequência da obstrução ao fluxo aéreo intrapulmonar generalizada e variável, reversível espontaneamente ou com tratamento. Quanto aos sintomas, a médica é enfática: “Os mais frequentes são falta de ar, chiado no peito, opressão torácica e / ou tosse seca”, enumera.
Entenda:
É válido lembrar que o pulmão de uma pessoa que sofre com a asma é diferente de um pulmão saudável: com a doença, os brônquios se tornam mais sensíveis e inflamados - reagindo ao menor sinal de irritação. Pensando de forma prática: uma pessoa sem a doença, sofre com a falta de ar quando estiver exposta a grandes irritações, como fumaça de um incêndio, por exemplo. Aí, então, o organismo identifica os agentes irritantes e faz com que a musculatura que existe em volta do brônquio se contraia, fechando o órgão e impedindo que o ar contaminado entre nos pulmões. O mesmo processo acontece com um paciente que tem asma, só que os gatilhos para causar uma irritação nos brônquios são bem menos intensos, como a poeira.
De olho nas crises
A doença, que atinge grande parte da população, não escolhe faixa etária e é capaz de afetar tanto crianças quanto adultos. Porém, geralmente se manifesta na infância, mas não obrigatoriamente. “Com exceção das pessoas com asma ocupacional (relacionada ao trabalho), os pacientes asmáticos têm uma predisposição genética para a doença, na maioria dos casos com história familiar bem definida. Não existem fatores de risco para a asma, pois essa é uma doença alérgica com determinação genética. Existem fatores de risco para desencadear as crises de asma e esses sim podem, e devem ser evitados”, orienta a médica. Que explica que, hoje, não é possível dividir a doença por gravidade, mas de acordo com essas crises. “A doença hoje se divide em controlada, parcialmente controlada e não controlada. Essa divisão é baseada na frequência das crises. A gravidade das crises pode ser dividida em leve, moderada, grave e muito grave, e é baseada na intensidade dos sintomas”, destaca.
Prevenção e tratamento
Janaína comenta, ainda, que não existe uma forma de prevenir a doença. O que existe, sim, é uma forma de prevenir que uma crise aconteça e, para isso, é necessário conhecer a asma e, também, o próprio organismo. “As crises são prevenidas com um bom entendimento da doença pelo paciente, onde é fundamental a interação com seu médico. O uso adequado das medicações de manutenção e de resgate, controle dos fatores ambientais como poeira, fumaça, controle tabagismo, animais de estimação, animais de pelúcia, ácaros, mofos, determinados alimentos, etc”, coloca.
Ela acrescenta, também, que o tratamento depende de orientação médica. “A base do tratamento é feita com medicações inalatórias, um corticoide é um broncodilatador. Eles podem ser usados em associação e/ou separadamente”, explica. E, neste caso, um erro muito comum entre os pacientes, especialmente entre as mulheres é pensar que o corticoide inalatório engorda. “Isso não é verdade. A dose é muito menor do que as administradas via oral ou endovenosa ou intramuscular, além de praticamente não ser absorvido. Ou seja, age basicamente na mucosa onde foi administrada a medicação”, desmistifica. “Outro ponto em relação ao tratamento, é que existem duas funções das medicações. Existem medicações de manutenção, cuja função é evitar as crises, mantendo os pacientes sem sintomas. E existem as medicações de resgate, usadas para tirar o paciente da crise, aliviando os sintomas agudos”, orienta.
Qual a importância do diagnóstico?
“A partir de um diagnóstico pode-se tratar a doença adequadamente melhorando a qualidade de vida do paciente e diminuindo risco futuro. Isto é, pacientes não tratados adequadamente podem desenvolver uma perda de função pulmonar mais acelerada em relação aos pacientes não asmáticos. Com o passar do tempo, todos perdemos um pouco de função pulmonar com o avanço da idade, pacientes asmáticos não controlados podem ter essa perda mais acentuada. Em casos extremos, alguns pacientes tornam-se muito limitados e dependentes de oxigênio. Até o momento não temos como prever quais pacientes terão essa evolução, e depois do quadro instalado não conseguimos mudá-lo. Portanto, o diagnóstico e manejo adequado pelo especialista pode mudar a evolução e a qualidade de vida dos pacientes asmáticos”.
Saiba como evitar uma crise:
- Mantenha os componentes alérgicos – tapetes, cortinas e colchas de cama – sempre higienizados;
- Evite o uso de roupas de lã;
- Fique atento ao mofo;
- Evite cheiros fortes;
- Cuide bem do seu pet;
- Cigarro: nem pensar!
- Colaborou Janaína Pilau, médica pneumologista, coordenadora médica da UTI Adulto do Hospital da Cidade e professora do curso de Medicina/IMED.