Os vírus e as bactérias transmitidas por alimentos são preocupantes e podem ocasionar infecções sistêmicas e até doença endêmicas. A Salmonella é um desses microrganismos patogênicos que pode causar infecções e que tem gerado preocupações. Pensando em prevenir surtos de doenças alimentares, uma pesquisa desenvolvida pela mestranda Emanuele Serro Pottker, do Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação da Universidade de Passo Fundo (PPGBioexp/UPF), descobriu um novo bacteriófago que combate a Salmonella.
De acordo com a pesquisadora, a descoberta desse vírus abre portas para novos estudos e desenvolvimento de métodos de biocontrole para esse patógeno. “A Salmonella tem grande repercussão nacional – na venda de carne de frango no mercado interno – e internacional – nas exportações de carne de frango, considerando que o Brasil é o maior exportador do mundo em valor econômico e o segundo em volume de carne”, explica Emanuele.
A pesquisa
O estudo iniciou em 2014, com o ingresso de Emanuele no mestrado da UPF, e foi orientado pela professora Dra. Laura Beatriz Rodrigues. O isolamento dos bacteriófagos foi feito em Passo Fundo, a partir de amostras coletadas na cidade. Os bacteriófagos isolados foram levados para a Universidade do Minho, em Braga, Portugal, por meio de um acordo de cooperação entre as universidades, o qual possibilitou a realização do estudo no qual foram fenotipicamente caracterizados. Após o retorno da Emanuele para o Brasil, para continuidade do experimento, foi realizado o sequenciamento genético dos fagos no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, ligado à Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).
Após o isolamento, a caracterização e o sequenciamento do genoma dos bacteriófagos, o estudo verificou que se trata de uma nova espécie de bacteriófago, ainda não descrita, a qual foi denominada Salmonella Phage UPF_BP1. “Esse novo bacteriófago, isolado em Passo Fundo, apresentou ação lítica (lise, morte) de diferentes sorovares de Salmonella in vitro. Dessa forma, existe possibilidade de uso desse fago no biocontrole de Salmonella, como uma alternativa ao uso de antimicrobianos, para prevenção de surtos de doenças transmitidas por alimentos”, explica a professora Laura, orientadora da pesquisa.
O resultado
O microorganismo foi cadastrado no GenBank – uma base de dados que reúne sequências genéticas –, com o nome de Salmonella Phage UPF_BP1. O estudo teve como coorientadora, na Universidade de Minho, a professora Dra. Sanna M. Sillankorva. Ainda, o responsável pelo sequenciamento foi Samuel Paulo Cibulski, pós-doutorando na UFRGS, e a montagem do genoma se deu com o auxílio do professor Ricardo Zanella, da UPF.