As cores de setembro

Mês de setembro é voltado à prevenção e diagnóstico precoce de diferentes tipos de câncer

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Diagnóstico precoce. Se fosse preciso elencar a melhor forma de prevenção de um câncer, essa seria a resposta de grande parte dos médicos. É por isso que o mês de setembro é marcado por campanhas de conscientização a respeito de diferentes tipos da doença: o câncer colorretal, o câncer infantojuvenil e os linfomas. Os três, se diagnosticados precocemente, têm grandes possibilidades de cura ou podem prolongar a vida dos pacientes.
E para ajudar nesse diagnóstico, conhecer os sintomas e os primeiros sinais é fundamental. Por isso, o caderno Medicina & Saúde preparou um guia com as principais informações sobre cada doença, desde sintomas, formas de prevenção, até o tratamento.

Setembro Verde – Conscientização sobre Câncer Colorretal

Realizada pela Associação Brasileira de Prevenção de Câncer de Intestino em parceria com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, a campanha Setembro Verde tem como objetivo conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer colorretal.
Uma estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) prevê, ainda para este ano, cerca de 34.280 novos casos de câncer de cólon e reto no Brasil, sendo 16.660 homens e 17.620 mulheres. O tumor é o segundo mais frequente nas mulheres (após mama) e o terceiro nos homens (após próstata e pulmão).
De acordo com o oncologista do Hospital da Cidade, Luis Alberto Schlittler, a grande maioria dos casos de câncer colorretal não está relacionada com o histórico familiar ou genética da pessoa. “Na verdade, nos Estados Unidos cerca de 5% dos casos de câncer colorretal é devido a um fator genético, um gene cancerígeno. Mais de 20% dos casos ocorrem em pessoas com histórico familiar da doença, mas para quem não tem nenhum gene específico anormal foi identificado como um risco para a doença”, comenta.
Dessa forma, aproximadamente 75% das pessoas são diagnosticadas com câncer colorretal sem nenhum fator de risco aparente. “Estes são considerados casos esporádicos. Três em cada quatro casos de câncer colorretal ocorrem em pessoas sem histórico familiar ou genético conhecido, o que faz sentido ser o rastreamento uma prioridade”, explica o médico.
É por isso que o rastreamento do câncer colorretal é extremamente importante na prevenção da doença. “A partir do momento que as primeiras células anormais começam a formar pólipos, até se tornar um câncer colorretal propriamente dito, normalmente leva cerca de 10-15 anos. O rastreamento regular pode, em muitos casos, prevenir completamente o câncer colorretal, porque a maioria dos pólipos encontrados é removida antes que tenham a chance de se transformar em câncer”, destaca Schlittler ressaltando que o rastreamento também pode diagnosticar o câncer colorretal em estágio inicial, quando é altamente curável.

Sintomas
De acordo com o médico, qualquer pessoa com um dos sintomas abaixo deve procurar um médico para realizar um exame clínico. “Existem várias outras doenças que se confundem com o tumor de intestino, como a doença hemorroidária. Para termos certeza do diagnóstico somente com uma avaliação medica criteriosa”, alerta.
- Mudança do hábito intestinal, isto é, constipação ou diarreia.
- Anemia, fraqueza, cólica abdominal, emagrecimento.
- Sangramento nas fezes
- Sensação de evacuação incompleta.

Tratamento
O tratamento de câncer colorretal depende da localização do tumor, da extensão do tumor para outros órgãos e do quadro de saúde do paciente. Os pacientes são tratados por uma equipe multidisciplinar composta por cirurgião oncológico, oncologista clínico, radioterapeuta, nutricionista, enfermeiros estomaterapeutas e psicólogos.

Prevenção
A indicação do médico é que todas as pessoas com 50 anos ou mais se submetam ao exame chamado colonoscopia. Este exame detecta a presença precoce de pólipos e pode ser realizado a retirada durante o exame destes pólipos, evitando o desenvolvimento do câncer.
Além disso, o médico lembra da importância de manter sempre hábitos saudáveis, com alimentação rica em frutas, verduras, cereais integrais e exercícios físicos. “Os alimentos ricos em fibras protegem o intestino porque facilitam a evacuação, aceleram o trânsito intestinal e diminuem o tempo de contato das substâncias carcinógenas (que levam a formação de câncer) com a parede do intestino. A reflexão sobre o seu estilo de vida é sempre uma forma de prevenir qualquer tipo de câncer, pois ao buscar equilíbrio, você certamente atingirá uma vida saudável”, lembra

>> Algumas dicas para a prevenção do câncer colorretal:
- Praticar exercícios físicos regulares
- Não fumar
- Não ingerir bebidas alcoólicas
- Não ingerir alimentos defumados, enlatados ou embutidos
- Não ingerir alimentos com corantes e/ou conservantes
- Remover pólipos do intestino se diagnosticados pela colonoscopia
- Ingerir alimentos ricos em vitamina C e E
- Dieta rica em fibras e com pouca gordura de origem animal

>>>Fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal:
- Falta de exercícios físicos.
- Fumo e álcool: o consumo de ambos está relacionado com vários tipos de tumores, incluindo o câncer do cólon e reto.
- Idade: quanto maior a idade, maior o risco. A idade é um fator de risco importante, o câncer colorretal é mais comum após os 50 anos, contudo a doença pode ocorrer em pessoas mais jovens.
- Pólipos: São tumores benignos, parecidos com verrugas que se desenvolvem na parede interna do cólon e reto. Cerca de 60% dos pólipos do intestino são adenomas e podem apresentar potencial para a malignidade. É importante o diagnóstico e tratamento precoce, principalmente após os 50 anos e se houver história de câncer colorretal na família.
- História familiar de câncer intestinal: quanto mais pessoas de uma mesma família tiverem diagnóstico de câncer colorretal, maior o risco de se desenvolver a doença. Se o indivíduo tiver parentes próximos (pai, mãe, irmão, tios ou avós) que tiveram câncer de intestino, o risco de contrair a doença aumenta muito, especialmente se a doença acometeu um parente com menos de 40 anos de idade.
- Antecedentes pessoais de outros tipos de câncer: Mulheres que tiveram câncer de ovário, endométrio (útero) ou da mama têm maior risco de desenvolver câncer colorretal.
- Doença inflamatória intestinal: A retocolite ulcerativa (doença inflamatória intestinal que ocorre na mucosa do cólon) e a Doença de Crohn (inflamação crônica que pode atingir toda a extensão do aparelho digestivo – desde o esôfago até o ânus) são doenças inflamatórias do intestino, benignas, mas causadoras de inflamação da mucosa do aparelho digestivo. Estas doenças geram um maior risco de câncer colorretal, principalmente, após 8 anos de evolução.

Setembro Dourado – Conscientização sobre o Câncer Infantojuvenil

O câncer infantil é, atualmente, a segunda causa de morte na faixa etária entre 1 e 19 anos. Apesar disso, o índice de cura pode chegar a 70% dos casos quando há diagnóstico precoce, segundo dados da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope), entidade que promove a campanha Setembro Dourado, com intuito de ampliar a conscientização em prol da causa.
Ainda de acordo com a Sobope, a taxa de cura do câncer infantil gira em torno de 50% dos casos no Brasil. O índice é distante de países como os Estados Unidos, onde a taxa é de 80%. Por isso, a campanha destaca que o tratamento, nesses casos especificamente, vai muito além do papel exercido por hospitais e defende o empenho de diversos setores na luta contra a doença.

Sintomas
Os primeiros de alarme, segundo o médico oncologista pediátrico no Hospital da Cidade, Marcelo Cunha Lorenzoni, são febre, dores no corpo, sobretudo quando acordam a criança à noite, prostração, perda de peso, sangramentos de gengivas e nariz, manchas roxas no corpo, bem como dor de cabeça persistente e acompanhada de vômitos. “Além disso, o surgimento e crescimento progressivo de linfadenopatias ou "ínguas", bem como massas palpáveis, sobretudo no abdome também devem levantar a suspeita”, alerta.
Em primeiro lugar entre os tipos de câncer mais comuns na infância estão, segundo o médico, as leucemias agudas, seguidas pelos tumores de sistema nervoso central e depois pelos sarcomas, tumores renais e neuroblastomas.
De maneira geral, o médico alerta que todo sinal ou sintoma que tem surgimento repentino e sem melhora, com caráter progressivo, deve ser encarado pela família com cuidado, levando a pronta avaliação médica, para que se possa tomar as medidas diagnósticas e terapêuticas iniciais, com rápido encaminhamento para centro de referência na suspeita de neoplasia. “Em oncologia pediátrica, é fundamental o diagnóstico precoce, pois permite o reconhecimento do câncer em estágio inicial e, portanto, possibilita tratamento menos agressivo e com mais chance de cura, com menor impacto da doença no comprometimento de funções orgânicas. No câncer infantil, as taxas de cura são substancialmente altas quando feito diagnóstico e manejo adequado”, ressalta Lorenzoni.

>>>Os principais sinais de investigação em relação ao câncer infantil são:
- vômitos associados a dores de cabeça (sem náusea);
- desequilíbrio ao andar;
- dificuldade na visão;
- dores ósseas ou nas articulações;
- movimentos limitados;
- palidez insistente;
- febre persistente;
- emagrecimento;
- fraqueza;
- irritabilidade;
- sudorese excessiva;
- manchas roxas no corpo ou em pálpebras;
- sangramento em geral;
- diarreias crônicas;
- dores frequentes nos dentes, não associadas a cáries;
- dores abdominais prolongadas;
- ínguas, gânglios ou nódulos indolores, com rápido crescimento, principalmente no pescoço, axila ou virilhas;
- nódulos ou pintas na pele, que crescem ou mudam de cor;
- secreção crônica drenada pelo ouvido;
- desenvolvimento precoce de caracteres sexuais;
- na região dos olhos, pupila branca ou totalmente dilatada, protrusão do globo ocular.

Setembro roxo - Conscientização sobre Linfomas

Setembro também é o mês mundial de conscientização sobre os linfomas. Dados do INCA de 2016 estimam em torno de 10.240 novos casos de Linfomas no Brasil, sendo 5.210 casos novos para homens 5.030 em mulheres. O Rio Grande do Sul é o Estado com maior incidência: 9,83 a cada 100 mil homens e 8,35 a cada 100 mil mulheres são afetados pela doença. Apesar dos dados assustarem, conhecer os sintomas é importante já que o tratamento precoce aumenta em 85% as chances de cura.
O sistema linfático é, segundo a hematologista do Hospital da Cidade, Moema Nenê Santos, composto por órgãos, vasos e tecidos linfáticos e pelos linfonodos (popularmente conhecidos como ínguas), que se distribuem em posições estratégicas do corpo para ajudar a defendê-lo de infecções. “Esse sistema produz e transporta os glóbulos brancos, células que combatem as infecções e participam do sistema de defesa do organismo”, explica.
O linfoma ocorre quando uma célula normal do sistema linfático transforma-se, cresce sem parar e se dissemina de forma anormal pelo organismo, sendo um tipo de câncer que se desenvolve nos linfonodos (ou gânglios). Desta forma quando uma célula normal do sistema imune encarregado de defender o organismo de infecções, chamada linfócito, cresce desordenadamente, sem parar, e espalha-se pelos linfonodos, em especial, pelos da região do pescoço, axilas e virilha, mas também pela medula óssea, baço, fígado e trato gastrintestinal e prejudica que as células normais destes tecidos exerçam sua função.
Moema explica ainda que os linfomas podem ser classificados basicamente em dois grandes grupos: linfomas Hodgkin (LH) e não Hodgkin (LNH). Nos dois casos, eles têm comportamento e grau de agressividade diversos.
Existem mais de 20 tipos diferentes do linfoma não Hodgkin, classificados de acordo com o tipo de célula linfóide e o comportamento biológico: os indolentes, com evolução lenta, e os agressivos, de crescimento rápido e mais invasivos. Cada tipo de Linfoma tem uma característica diferenciada na dependência do tipo de célula e marcadores de doença envolvidos.
Ainda de acordo com Moema, são necessários vários tipo de exames para determinar o tipo exato de Linfoma. O diagnóstico do linfoma geralmente é feito pela biópsia do tecido de um linfonodo ou de um órgão ou tecido acometido com sinais da doença. É importante estabelecer o diagnóstico diferencial com as demais doenças e diferenciação com todos os demais tipos de linfomas.
Uma vez instituído o diagnóstico, exames com estudos celulares, análise de cromossomas, exames de imagem, como RX de tórax, tomografia, ressonância magnética, exames de medula óssea, do sistema nervoso central como análise do líquor e PET-CT são úteis para determinar o estadiamento da doença, isto é, a sua extensão e a localização das áreas do organismo atingidas. O prognóstico será tanto melhor, quanto mais inicial for o estágio da doença.

Sintomas
Os principais sintomas do linfoma são o aparecimento de linfonodos (ínguas) aumentados na região do pescoço, axilas e virilha, febre, perda de peso, sudorese abundante à noite, prurido (coceira), inapetência e cansaço.
A disseminação do tumor pode provocar sintomas correlacionados com os órgãos atingidos: tosse, dor no peito, e falta de ar (caso tenha comprometimento dos pulmões); icterícia ou dor abdominal (em comprometimento do abdômen ou fígado), dificuldade para urinar (no comprometimento dos rins), distensão abdominal, entre outros diversos sintomas na dependência da extensão e local da doença.

Fatores de risco
Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do linfoma, a médica destaca que ainda não se conhece as causas dos linfomas, mas já foram estabelecidas algumas associações com alguns fatores de risco, como por exemplo, infecção por alguns tipos de vírus como pelos vírus HIV, Epstein-Barr e HTLV1, e pela bactéria Helicobacter pylori; etc; associação com doenças auto imunes; exposição a agentes químicos, entre eles, os herbicidas, fertilizantes, inseticidas, pesticidas e solventes; e exposição a altas doses de radiação e substâncias tóxicas, como contaminação de nitrato na água.

Tratamento
Linfomas não Hodgkin costumam responder bem ao tratamento com quimioterapia, associada ou à imunoterapia com os anticorpos monoclonais, radioterapia em alguns casos e demais tratamentos atuais e de pesquisa clínica de novos agentes, casos específicos possam vir a necessitar de transplante de medula óssea. “A melhor forma de prevenção dos Linfomas como para outras doenças ainda são hábitos de vida saudáveis e visitas regulares a médicos com realização de exames de rotina e investigação adequada em casos de sintomas associados”, destaca.

Colaboraram:
Luis Alberto Schlittler - oncologista do Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica (CITO) e Hospital da Cidade de Passo Fundo, responsável pelo tratamento dos Tumores Gastrointestinais
Marcelo Cunha Lorenzoni – médico oncologista pediátrico no Hospital da Cidade de Passo Fundo. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Pediatria e Cancerologia Pediátrica.
Moema Nenê Santos - hematologista do Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica (CITO) e Hospital da Cidade de Passo Fundo.

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